IntroduçãoEste artigo analisa como uma elite cristã brasileira acabou por constituir um projeto pastoral que ganhou projeção e visibilidade internacional por seu impacto proselitista ampliado. A abordagem que estamos desenvolvendo é similar a de outros estudos atentos a referências duplas de tradição de conhecimento, da teologia e da antropologia, supondo que assim compreendamos melhor as culturas cristãs em suas particularidades, cruzamentos e choques (Robbins, 2008, p. 286).Nesta linha de trabalho, um estudo muito bem-sucedido é The book of Jerry Falwell, de Susan Harding (2000). Ao analisar a trajetória de um único líder evangélico em suas várias dimensões, este livro apresenta uma visão a um só tempo etnográfica e panorâmica sobre a formação da cultura fundamentalista norte-americana. Inicialmente, a autora descreve como Jerry Falwell desenvolveu um modo específico de leitura da linguagem bíblica -speech mimeses. No interior de uma rede de pastores, Falwell ajudou a transformar uma tradição piedosa que se autoimpunha um exílio no interior de uma sociedade abrangente marcadamente secular e trouxe esta tradição religiosa ao centro da vida pú-blica sob o designo da "nova nação evangélica". Ao longo da leitura, observamos como o projeto pastoral de Jerry Falwell confirma o excepcionalismo norte-americano precisamente quando o projeto imperialista da nação entra em crise.Com um aporte menos biográfico e mais socioantropológico, Simon Coleman acompanha com interesse a trajetória, a produção e a performance de Ulf Eckman, pastor sueco, fundador da World of Life Church (Coleman, 2000(Coleman, e 2006. Em sua análise, Simon destaca a importância dos pastores das igrejas carismáticas e midiáticas com
In sub-Saharan Africa, young women engaged in relationships with multiple partners in order to gain material benefits play a key role in local HIV dynamics. This paper is based upon field observations and interviews with 38 young women who live along the Angolan-Namibian border. In the last 10 years, rapid urbanisation has attracted migrants in search of opportunities to do business in the region. Our findings show that sexual-affective economic networks reflect these socioeconomic changes. Women, particularly those from particular ethnic groups and/or from Namibia, with low levels of formal education and social support are often excluded from the labour market and turn to emotional-sexual male-centred networks for material and financial benefits. Men in these networks tend to be older, have higher socioeconomic status and greater geographic mobility. This 'capitalisation' of intimate relationships is material and symbolic; it enables women to acquire goods and access to services identified with an urban and globalised lifestyle. It is also emotional because relationships include affection and pleasure. Engaging in these relationships involves some social risks (bad reputation, family rejection, discrimination and violence), but maintaining ties often takes priority over safer sex and social sanctions.
Resumo As políticas públicas direcionadas às comunidades quilombolas tiveram como marco o lançamento do Programa Brasil Quilombola (PBQ) e sua institucionalização com a Agenda Social Quilombola. O objetivo deste artigo é analisar a alocação orçamentária do PBQ e seu nexo com a execução de políticas públicas no Brasil e no Maranhão. A metodologia utilizada baseia-se em análise de dados das Leis Orçamentárias Anuais entre 2004 e 2014 e em análise documental. Os dados orçamentários foram obtidos no Portal Siga Brasil, do Senado Federal, que compila dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal. Foram realizadas análises documentais no Plano Estadual de Ações Integradas do Plano Brasil Quilombola do Maranhão e no Relatório de Execução do Plano Brasil Quilombola, também do Maranhão. A análise temática de conteúdo orientou o trabalho com os dados. Os dados reunidos conduziram à conclusão de que o PBQ operou como um dispositivo de governo que incluiu simbolicamente as comunidades quilombolas, aparentemente atendendo demandas de movimentos sociais. Contudo, excluiu-as efetivamente, via regulação orçamentária. Além disso, constatou-se o ocaso, ao menos orçamentário, de políticas públicas com recorte racial no país no âmbito do governo federal.
Resumo: Em Angola, religiões devem ser legitimadas pelo Estado para atuar e manter templos. O reconhecimento jurídico não assegura condição permanente para seu exercício, condicionado a uma arena de disputas entre diferentes poderes e atores. Objetivo debater como a Igreja Universal do Reino de Deus e seus frequentadores se coadunam às propostas da reconstrução nacional no pós-guerra a partir da análise da proibição do Islã e de episódios que suspenderam temporariamente a Universal. Os dados do estudo provêm de trabalho de campo (2010-2011); de acompanhamento dos meios de comunicação digital da Igreja e da agência de notícias oficial de Angola (2008-2014); de atualização de notícias sobre a Universal em Angola e o debate acerca da legislação que regulamenta religiões no país (2018-2019).
Neste artigo serão analisadas formas de sociabilidade juvenil entre frequentadores de uma Igreja Assembleia de Deus em um contexto urbano de uma favela da cidade do Rio de Janeiro. Centralizei uma etapa dapesquisa de campoem entrevistas em profundidade cujos temas centrais eram“amor”, “namoro” e “sexualidade”. A partir desse recorte, tracei, junto de meus interlocutores, o padrão de um relacionamento ideal, do que seria um“namoro de Deus” de acordo com os jovens adeptos dessa instituição religiosa. A escolha de parceiros afetivo-sexuais, por vezes mediadas por lideranças da Igreja, permitiu vislumbrar como as relações de gênero eram estabelecidas,reformuladas e reinterpretadas subjetivamente, levando ao afastamento ou à reafirmação do pertencimento religioso.
Neste artigo enfatizo a presença da guerra como evento crítico na trajetória de alguns habitantes da província do Cunene, ao sul de Angola. Percorro aspectos históricos gerais da região, mapeando o contexto de episódios de violência que marcaram o território. Apresento como o próprio Estado elege um heterodoxo monumento como símbolo da destruição gerada pela guerra, forjando para si uma imagem de Estado em prol da paz. São analisadas trajetórias e percepções de pessoas que vivenciaram a guerra em diferentes intensidades e reelaboram cotidianamente formas de estar no mundo. Ter visto "uma guerra só"; estar "à espera do marido"; receber a ajuda financeira e afetiva de uma "amizade interessada"; trabalhar de forma itinerante e nem sempre remunerada: todas essas são formas que ultrapassam o lugar do trauma e que se adaptam diariamente às possibilidades diante daquele contexto. palavras-chaveAngola, guerra, pós-guerra, evento crítico, cotidiano DOI http://dx
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