Descritores ResumoObjetivo É escasso o conhecimento sobre a ocorrência de violência contra a mulher no contexto brasileiro. A questão raramente aparece nos diagnósticos e nas condutas realizados nos serviços de saúde, apesar da magnitude e das importantes repercussões dessa forma de violência nas condições de saúde da população. Buscou-se encontrar casos de violência contra a mulher, identificando a natureza do ato perpetrado, a qualidade/ gravidade da violência e a relação do(a) agressor(a) com a mulher. Métodos O estudo foi realizado no Município de São Paulo, entre usuárias de uma unidade básica de saúde, durante dois meses, em 1998. A busca ativa de casos de violência e sua freqüência foi realizada mediante entrevista padronizada, aplicada a todas as mulheres de 15 a 49 anos que foram atendidas no período da pesquisa. Foram entrevistadas 322 mulheres. Resultados Ao todo, 143 usuárias (44,4%; IC95%=38,9-49,8%) relataram pelo menos um episódio de violência física na vida adulta, sendo que, em 110 casos, o ato de violência partiu de companheiros ou familiares (34,1%; IC95%=28,9-39,3%). Relataram a ocorrência de pelo menos um episódio de violência sexual na vida adulta 37 mulheres (11,5%; IC95%=8,0-14,9%); em 23 casos, os autores da ação eram companheiros ou familiares (7,1%; IC95%=4,3-9,9%). Conclusões Assim como já demonstrado em outros países, a violência física e sexual teve alta magnitude entre as mulheres usuárias dos serviços básicos de saúde. Os companheiros e familiares são os principais perpetradores, e os casos são, em sua maioria, severos e repetitivos. Abstract ObjectivesThere is scarce information on violence against women in the Brazilian society. This fact is rarely reported in medical records as part of the diagnosis and case management, despite evidence showing the significant impact of violence on the population's health. The study aim was to estimate the occurrence of violence against
The AIDS epidemic in Brazil is disproportionately concentrated among MSM, as has been found in other countries. Renewed efforts to encourage testing, prevention and treatment are required.
Este artigo tem como objetivo identificar os contextos de vulnerabilidade para o HIV entre mulheres brasileiras. Entre novembro de 2003 a dezembro de 2004 foi realizado um estudo de corte transversal em 13 municípios distribuídos nas cinco regiões do país, incluindo, respectivamente, 1.777 mulheres com diagnóstico positivo para HIV e 2.045 mulheres usuárias de serviços públicos de atenção à saúde da mulher sem diagnóstico conhecido de soropositividade para o HIV. A comparação entre os dois grupos mostrou que as mulheres com diagnóstico de HIV/AIDS não apresentaram um número de parceiros significativamente diferente com relação às mulheres sem diagnóstico de HIV/AIDS. No entanto, as mulheres vivendo com HIV/AIDS apresentaram início da vida sexual mais precoce, menor aderência ao uso de preservativos, e uma maior proporção dessas mulheres relatou uso de drogas, ocorrência de DST e de violência sexual na vida. Tais resultados sugerem a importância de pensar em estratégias de prevenção voltadas para o fortalecimento das mulheres e não apenas focadas em seus comportamentos individuais.
É difícil o relato de violência sofrida por mulheres. Trata-se da invisibilidade da violência que afeta as relações usuárias - profissionais, criando impasses comunicacionais. Buscou-se caracterizar este silêncio, estudando usuárias de atenção primária na rede pública de São Paulo, quanto a prevalência de violência, a percepção de ter sofrido violência, a definição de violência em geral e a nomeação dada por quem a experimentou. Entrevistaram-se 322 usuárias de 15 a 49 anos, sobre agressões física, sexual e/ou psicológica, o agressor, e a percepção de ter sofrido violência, solicitando-se o relato de um episódio marcante, o nome que daria a este e a definição de violência em geral. Das entrevistadas, 69,6% referiram alguma agressão física, psicológica ou sexual e, destas, 63,4% não consideraram haver sofrido violência na vida; 64,3% relataram algum episódio marcante e 46,5% atribuíram um nome ao vivido. A definição de violência mais comum foi a de agressão física (78,8%), seguida pela psicológica (39,7%) e sexual (24,2%). Conclui-se que a maioria das mulheres que referiu alguma agressão não considerou haver sofrido violência na vida. Houve grande dificuldade em contar episódios e nomeá-los, e apesar de a maioria desses episódios serem do âmbito doméstico, na definição de violência esta referência não aparece.
Several studies have indicated that the prevailing high incidence and mortality rates of cervical cancer, mainly in developing countries, are due to the low quality and coverage of the cervical smear or Papanicolaou (Pap) test. This article intends to analise some aspects related to measures of control and prevention of cervical cancer, such as the effectiveness of the Pap test, the operational and scientific rationale of public health policies for the prevention of cervical cancer and coverage of the Papanicolaou test in many countries. It also intends to review the explanatory models that have been proposed to analyze access to this service. For this latter objective, we investigated the factors associated to the use of the Pap test described within the epidemiological literature and we proposed a new approach in the investigation of these factors, incorporating social, cultural and organizational aspects in the analysis of access to and use of this practice so that measures of prevention and control may be more coherent with the needs and the rights of women.
Home-based self-collection and self-testing was acceptable, feasible, and resulted in a slightly higher response rate. Home sampling and testing provide promising alternatives to clinic-based STI screening across diverse contexts.
Investigou-se a prevalência da realização do teste de Papanicolaou alguma vez na vida e nos últimos três anos entre mulheres de 15 a 49 anos, o recebimento do resultado do último teste realizado e os motivos relatados para a realização ou não do exame. Um inquérito domiciliar foi realizado no Município de São Paulo em 2000, com uma amostra representativa de 1.172 mulheres selecionadas aleatoriamente em seus domicílios. Das mulheres que já tinham iniciado a vida sexual (n = 1.050), 86,1% (932) realizaram o teste alguma vez na vida e 77,3 % (839) nos últimos três anos. Das que já realizaram o teste, 806 (87,0%) receberam o resultado do último exame. Os principais motivos para a realização do último teste foram: demanda espontânea (55,5%), recomendação médica (25%) e presença de queixas ginecológicas (18,2%). As principais razões para a não realização do exame foram: ausência de problemas ginecológicos, vergonha ou medo e dificuldades de acesso. A despeito do relativo aumento na cobertura do teste de Papanicolaou e de mais da metade das mulheres demandarem espontaneamente pelo exame, sua realização foi menor entre aquelas com as piores condições sócio-econômicas e, portanto, de maior risco para o câncer cervical.
We estimated the prevalence of sexual violence (SV) experience among men who have sex with men (MSM) in Brazil and identified its associated risk factors. We recruited 3859 MSM through respondent driven sampling. A multivariable hierarchical analysis was performed using an ecological model. The prevalence of having ever experienced SV was 15.9 % (95 % confidence interval [CI] 14.7-17.1). SV experience was independently associated with discrimination due to sexual orientation (odds ratio [OR] 3.05; 95 % CI 2.10-4.42), prior HIV testing (OR 1.81; 95 % CI 1.25-2.63), ≤14 years at first sex (OR 1.86; 95 % CI 1.28-2.71), first sex with a man (OR 1.89; 95 % CI 1.28-2.79), presenting STI symptoms (last year) (OR 1.66; 95 % CI 1.12-2.47), and having suicidal ideas (last 6 months) (OR 2.08; 95 % CI 1.30-3.35). The high levels of SV against MSM in Brazil place them at a markedly higher risk of SV than the general population. Homophobic prejudice is the strongest determinant of SV and urgently needs to be included at the forefront of the national response to SV.
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