A integração curricular, atualmente, é apontada como importante estratégia de ensino, processo que envolve várias etapas, trabalho e compromisso de grupo. Este artigo relata a experiência de integração das disciplinas de humanidades médicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Ao longo de dois anos, constituiu-se um grupo composto pelas disciplinas da área de humanidades médicas, pesquisadores do Centro de Desenvolvimento da Educação Médica Professor Eduardo Marcondes (Cedem), alunos e professores de outras disciplinas interessados na área. Desenvolveu-se a integração temática e prossegue-se na integração metodológica.
Diante de mudanças recentes no panorama nacional de programas de incentivos para provimento e formação médica em Atenção Primária à Saúde (APS), o Grupo de Trabalho de Ensinagem da SBMFC organizou um Encontro Nacional entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro de 2019, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. O evento reuniu professores, supervisores, preceptores e residentes de Medicina de Família e Comunidade de diferentes regiões do país, e teve como objetivos discutir o atual cenário, além de elencar recomendações para qualidade dos PRMFC e caminhos para o fortalecimento da formação de médicas e médicos de família e comunidade via Residência Médica. Essas recomendações buscaram considerar a diversidade dos PRMFC em um país tão vasto quanto o Brasil e, principalmente, a necessidade de se estabelecer parâmetros mínimos de organização para os programas das mais variadas configurações, como PRMFC vinculados a Instituições de Ensino Superior (IES), secretarias estaduais ou municipais de saúde. As recomendações foram então organizadas em três eixos: 1) recomendações para supervisores e coordenadores de PRMFC e modelos possíveis de preceptoria; 2) recomendações para formuladores e executores de políticas públicas; e 3) recomendações para lideranças da medicina de família e comunidade.
A produção acadêmica sobre sexualidade e diversidade apresenta lacunas importantes, e muitas das diretrizes de cuidados clínicos a populações específicas são baseadas em baixo grau de evidência científica, como ocorre com a população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais (LGBTI). Dessa forma, a fundação do Grupo de Trabalho (GT) de Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos, junto à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade surge com o importante objetivo de promover estudos e debates sobre gênero e sexualidade a fim de promover direitos, diversidade e equidade na Atenção Primária à Saúde (APS). Como uma das atividades desse GT foi idealizado e construído o I Seminário Sexualidade e Diversidade, com o tema “Atenção Primária à Saúde Quebrando Tabus”, que aconteceu em São Paulo, entre os dias 20 e 22 de abril de 2018. O presente texto tem como objetivo apresentar como se deu a construção do evento, descrevendo os espaços realizados e as impressões dos participantes sobre o seminário. A programação foi elaborada a partir da demanda dos fóruns do GT (grupos de e-mail, Facebook e WhatsApp), sendo proposto quatro eixos para as atividades: 1- Pesquisa/produção acadêmica, 2- Assistência/temas clínicos, 3- Educação médica e 4- Representatividade e políticas públicas. Ao todo, foram realizadas 6 mesas redondas, 6 oficinas, 3 performances artísticas e 1 exposição cultural, contando com a participação de 202 pessoas, de 11 estados. O GT atingiu seu objetivo com esse seminário de produzir conhecimento e discutir sobre sexualidade e gênero, com foco na Atenção Primária, com médicos de família e comunidade, profissionais e estudantes da saúde. Considerando que a procura pelo Seminário foi maior que a esperada e que a discussão dos temas não se encerram em um evento, a intenção é de que o Seminário se torne parte da agenda regular da SBMFC.
Resumo: Introdução: As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação em Medicina (DCN) de 2014 definem que o(a) graduando(a) deve ser formado(a) para abordar a diversidade biológica, étnico-racial, de gênero e orientação sexual. Entretanto, essa temática costuma ser invisibilizada, reiterando a LGBTI+fobia institucional que perpetua desigualdades e iniquidades no ensino e cuidado em saúde. Essa situação se tornou mais explícita durante a pandemia da Covid-19. Objetivo: Analisar as DCN sob a ótica das diversidades de gênero e sexual, de modo a problematizar “o que” e “como” pode ser aprimorado na educação médica em relação às questões LGBTI+. Desenvolvimento: Considerando que a aprendizagem de adultos ocorre a partir da problematização de vivências do cotidiano, serão apresentados três casos relativos ao atual momento da pandemia da Covid-19, com base nos quais se podem abordar temas sobre a saúde LGBTI+ no curso médico. Após, serão problematizadas algumas competências específicas sobre saúde LGBTI+ que podem ser aprimoradas durante a formação médica, inclusive no período da pandemia da Covid-19, a fim de visibilizar a temática LGBTI+ no currículo como uma estratégia de combater a LGBTI+fobia na escola médica e promover o cuidado integral em saúde. Conclusão: É possível abordar sobre a saúde LGBTI+ a partir de situações vivenciadas durante a pandemia da Covid-19. Entretanto, é necessário ter clareza de como as DCN se traduzem em competências específicas sobre saúde LGBTI+. Essa pode ser uma das estratégias a fim de tornar os currículos mais acolhedores e compromissados com as necessidades de saúde dessa população.
Resumo: Introdução: A atual pandemia da Sars-CoV-2 (Covid-19) deixou ainda mais evidentes a desigualdade social e o impacto dos determinantes sociais nos indicadores de saúde. Por conta disso, os profissionais de saúde, para cuidar das pessoas e populações, devem desenvolver ações que promovam a equidade, papel que também cabe às instituições de ensino e saúde. As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Medicina trazem em seu artigo 3º que a formação do(a) graduando(a) deverá ocorrer com “responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania”. Relato de Experiência: Este relato mostra como o debate da determinação social do processo de saúde e doença vem ocorrendo ao longo dos eventos nacionais de educação médica, especificamente nos Congressos Brasileiros de Educação Médica (Cobem), e como isso resultou na construção coletiva e colaborativa do grupo de trabalho Populações (In)Visibilizadas e Diversidades da Abem (GT-PIVD). Discussão: Os Cobems têm ampliado as oportunidades para debates sobre determinantes sociais por meio de atividades relacionadas às questões LGBTI+, racial, da mulher e indígena. O GT-PIVD, criado em 2019, reúne um coletivo de educandos(as) e educadores(as) com o objetivo de promover esse debate na formação médica e nos eventos da Abem, além de ser uma comunidade de trocas de experiências sobre as populações (in)visibilizadas e diversidades. Conclusão: Algumas iniciativas, como a “Carta de Porto Alegre”, sobre equidade de gênero e diversidade sexual, e a criação do GT-PIVD, são produtos dos Cobem. O GT-PIVD, por meio de sua comunidade de práticas virtuais, tem se tornando um espaço importante de trocas de experiências entre educandos(as) e educadores(as) sobre racismo, sexismo, LGBTIfobia e outras violências, inclusive durante a pandemia da Covid-19.
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