402Izabel Cristina Rios&Caroline Braga Sirino http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v39n3e00092015
INTRODUÇÃOA "humanização", atualmente, é um tema recorrente nos serviços de saúde. Muito utilizado e de caráter polissêmico, o termo "humanização" se refere a movimentos, conceitos, ações de diferentes origens históricas e linhas de pensamento, dando margem a várias interpretações 1,2 . Nas palavras de Benevides e Passos 3 : "A luta pela humanização das práticas de saúde já estava colocada em pauta no movimento feminista na década de 1960, ganhando expressão no debate em torno da saúde da mulher" (p. 390). Mas é marcadamente a partir do final da década de 1980 que a humanização se propaga como um movimento técnico-político na área da saúde 4,5,6 , ganhando cada vez mais espaço nas discussões em torno da qualidade dos serviços de saúde. Nos anos 2000, a humanização passa a compor políticas públicas do SUS, destacando-se a Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (PNH).Na PNH, destaca-se como um dos pontos capitais da humanização a oposição à violência gerada por "maus-tratos" físicos, psicológicos e simbólicos 7 . Outro ponto foca a melhoria na qualidade dos serviços prestados, articulando os avanços tecnológicos com o bom relacionamento, traduzindo a humanização como proposta de oferecer atendimento de qualidade técnica, ética e relacional. Nesse sentido, a relação médico--paciente é elemento-chave na atenção à saúde, incluindo aspectos referentes à subjetivação da assistência e o direito à informação 8 .A humanização também é vista como ampliação do processo comunicacional, apoiada no diálogo. Para Ayres 9 , é no O terceiro momento se refere à relevância do conceito de qualidade no centro desta discussão. Nesse momento, iniciam-se mudanças na formação de médicos, dando especial atenção ao sentido social da produção do conhecimento e à diversidade de paradigmas no campo da saúde. O possível caminho metodológico para uma educação médica seria voltar seu olhar para o homem na sua globalidade, rompendo com estruturas conservadoras, autoritárias e mercadológicas da formação médica, abrindo espaço para uma formação baseada na integração entre ciências e humanidades.Nessa O artigo 6º, parágrafo IV, também assegura na formação médica a "compreensão e domínio da propedêutica médica -capacidade de realizar história clínica, exame físico, conhecimento fisiopatológico dos sinais e sintomas; capacidade reflexiva e compreensão ética, psicológica, humanística da relação médico-paciente." 12 (p. 3). Assim como o art. 12, parágrafo III, integra "aspectos humanísticos e éticos para o desenvolvimento de atitudes e valores do aluno" 12 (p.5).Apesar do movimento para a inserção de temas da humanização na formação de profissionais na área da saúde, sua realização ainda apresenta grandes obstáculos no ensino médico.Há algum tempo, disciplinas de humanidades estão sendo incluídas nos currículos médicos de faculdades de diversos países 10 . Entretanto, sua integração às demais disciplinas curriculares ainda é problemática....