INTRODUÇÃO: Os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde (PRMS) configuram-se como estratégia para a formação de força de trabalho para o Sistema Único de Saúde (SUS). OBJETIVO: Investigar a proporção de egressos de PRMS voltados à Atenção Primária à Saúde (APS) inseridos no SUS e fatores associados. MÉTODOS: Trata-se de um estudo seccional desenvolvido com egressos de PRMS voltados à APS de todo o Brasil, referente ao período de 2015 a 2019. Os participantes responderam a um questionário on-line com informações pessoais gerais, inserção na pós-graduação stricto sensu, no mercado de trabalho e especificamente no SUS. Foram aplicados o teste qui-quadrado de Pearson, para análises bivariadas, e Regressão de Poisson, para a análise múltipla. RESULTADOS: Participaram do estudo 365 egressos de Programas de todas as regiões brasileiras. Destes, 80,2% relataram inserção no mercado de trabalho e 47,9% informaram estar trabalhando no SUS. A inserção no SUS esteve associada às profissões que compõem a Equipe de Referência para a APS (RP = 1,87; IC95% 1,54–2,28) e à não inserção em programas de pós-graduação stricto sensu (RP = 0,77; IC95% 0,61–0,97). Quanto às características de inserção, prevaleceram o cenário da APS (47,4%) e o trabalho voltado à atenção à saúde (84,9%). Quase 40% dos egressos inseridos no SUS estão trabalhando por intermédio de vínculos instáveis, além de frequente não valorização do título da residência no recrutamento (56,9%). Entre os inseridos no SUS, 8,7% relataram terem sido selecionados para o enfrentamento da pandemia de covid-19. CONCLUSÕES: Os resultados deste estudo reforçaram a necessidade de política de incentivo à manutenção, criação e valorização dos PRMS e alertaram para possível aumento da dificuldade de inserção das categorias profissionais, frente ao cenário de desfinanciamento da saúde.