A História enquanto disciplina escolar tornou-se cada vez mais presente ao longo do processo de escolarização desencadeado pelos debates iluministas e a Revolução Francesa, ainda que com contornos muito distintos daquilo que nos é familiar atualmente e formata nossos livros didáticos. A coleção de Précis de l’Histoire se apresenta como um artefato especial para a análise desse processo: composta por cinco volumes e cuja publicação aparece completa em 1830, sendo prescrita desde então para os collèges parisienses como um curso de história, na acepção moderna do termo. O artigo objetiva analisar a construção narrativa, feita por Auguste Poirson, acerca dos gregos e sua origem presente nas segunda e terceira edições (1828; 1831) do Précis de l’Histoire Ancienne para demonstrar: a datada indefinição de fronteiras para a escrita de um compêndio destinado ao uso escolar; e também, nos termos da nascente historiografia profissionalizada, o debate entre inteligibilidades antigas e modernas. Ao mesmo tempo, propõe reflexões acerca da escrita da história Antiga escolar tendo como horizonte o escopo temporal entre o início e o fim do século XIX e o início do século XX.