Este artigo visa discutir as implicações ético-políticas e teórico-práticas do ensino de História Antiga em universidades brasileiras atualmente. A discussão está dividida de acordo com cinco variáveis que afetam a elaboração da disciplina: seu lugar nas estruturas de cursos de graduação, seus objetivos, seus objetos, seus métodos e os repertórios de professores e alunos. Argumenta-se que a História Antiga é um lugar estratégico para a reflexão sobre os fundamentos científicos da História, bem como para a crítica de velhas e a proposição de novas narrativas históricas.
RESUMO O artigo busca mapear os modos pelos quais a História Antiga e a História Global convergem na historiografia atual. Tomando como categorias centrais o eurocentrismo morfológico e o internalismo metodológico, o artigo discute a emergência de alternativas, no âmbito da História Antiga, à crise geral das macronarrativas históricas eurocêntricas no final do século XX, em particular as abordagens comparativa e mediterranista, cuja construção foi paralela à formação do campo da História Global. O artigo discute cinco vias de convergência entre os dois campos: as macrocomparações, as histórias conectadas, as teorias sistêmicas, as abordagens das globalizações antigas e o enquadramento da Afro-Eurásia ocidental.
Resumo: O objetivo deste artigo é realizar um balanço dos estudos historiográficos e arqueológicos sobre as transformações do espaço urbano de Atenas durante o principado de Augusto (31 a.C. / 14 d.C.), escritos ao longo dos últimos 90 anos. Duas revoluções marcaram a trajetória do campo: a primeira, de ordem documental, foi gerada pelas escavações na ágora ateniense pela Escola Americana (a partir da década de 1930); a segunda, conceitual e metodológica, esteve vinculada à revisão crítica dos paradigmas eurocêntricos (a partir da década de 1990). O artigo termina com a proposição de possíveis novos enquadramentos para o debate da "romanização de Atenas". Palavras-chave: Atenas augustana -Espaço urbano -Império Romano -Historiografia.Abstract: This paper aims to realize an assessment of the historical and archaeological studies on the urban interventions at Athens during the principate of Augustus (31 B.C. / 14 A.D.), written over the last ninety years. Two revolutions shaped these studies: first, a revolution generated by the excavations on the Athenian Agora by the American School (from the 1930's); second, a methodological revolution, linked to the critical revision of Eurocentric paradigms (from the 1990's). The paper ends with the suggestion of new framings to the 'romanization of Athens' debate.
O primeiro número da Mare Nostrum reúne artigos, resenhas e ensaios produzidos no segundo semestre de 2009, cujos temas, objetos e problemas de pesquisa estão associados a experiências de pesquisas voltadas, em maior ou menor medida, para as questões relativas aos processos de integração no Mediterrâneo Antigo. Este primeiro número tem como principal objetivo iniciar um debate de longo prazo com estudiosos sobre a questão do papel do Mediterrâneo Antigo nos estudos sobre a Antiguidade. A maior parte dos textos aqui publicados, criados em meio ao trabalho de pesquisa e às discussões no Laboratório de Estudos do Império Romano, não têm como objeto principal o problema da integração do Mediterrâneo, mesmo assim, de uma forma ou de outra, este problema está presente neles tangencial, implícita ou até mesmo explicitamente. Este é o espírito com o qual a Revista Mare Nostrum buscará abordar sua questão central: como espaço de publicação de estudos de diversas naturezas e formas sobre a Antiguidade, que possam contribuir direta ou indiretamente para a realização de debates e para a compreensão dos processos de integração das sociedades do Mediterrâneo Antigo. Os sete artigos podem ser divididos em dois grupos: estudos historiográficos e análises de fonte textual. No primeiro grupo encontramos o artigo de Joana Campos Clímaco, que analisa alguns debates da historiografia contemporânea sobre a cidade de Alexandria, particularmente no que diz respeito à natureza grega, egípcia, sincrética ou “original” de sua inserção no mundo egípcio e no Mediterrâneo como um todo; também sobre historiografia versa o artigo de Bruno dos Santos Silva, que procura sumariar os estudos mais recentes acerca da obra de Estrabão e apontar alguns caminhos de pesquisa, especialmente sobre os modos de classificação dos povos da Pensínsula Ibérica; o artigo de Fábio Augusto Morales analisa o modo pelo qual a historiografia contemporânea interpretou a natureza e a inserção social dos metecos na pólis de Atenas durante o período clássico, criticando as visões economicistas e propondo uma abordagem propriamente política; por fim, o artigo de Deivid Valério Gaia busca realizar uma reflexão a respeito da investigação da Economia Antiga, revendo o debate entre primitivistas e modernistas e a necessidade de uma espacialização dos conceitos de história econômica. No segundo grupo de artigos está o de Rafael Costa Campos, sobre a caracterização do imperador Tibério nos Anais de Tácito, discutindo as formatações narrativas da fonte à luz das polêmicas historiográficas contemporâneas; o texto de Gustavo Junqueira Duarte Oliveira, por sua vez, estuda as relações entre o herói e a multidão na Ilíada à luz das categorias de “identidade” e de “efeito-plateia”, refletindo assim sobre o caráter ativo dos guerreiros “que não são os melhores” (a plateia dos feitos heroicos) na identificação e julgamento dos heróis; o artigo de Victor Sá Ramalho Antonio, por sua vez, propõe uma discussão das termas e banhos públicos romanos em termos de processos de construções identitárias, realizando um estudo comparativo de três casos pompeianos e a validade do uso do conceito de romanização. Em seguida, na seção "Laboratório", dedicada a textos experimentais, temos um ensaio de Norberto Guarinello. Neste é desenvolvido de forma ensaística um ângulo de visão do Império Romano que tenta associar a compreensão na longa duração com a necessidade de compreender a realidade social romana como processo em construção e reconstrução, mas que também está baseado em relações de dominação e exploração. Para isso, resgata as principais interpretações que os historiadores modernos apresentaram a respeito do Império Romano (assim como suas conjunturas modernas de desenvolvimento), para em seguida propor o uso das noções de ordem, fronteiras e integração como resposta à recente interpretação baseada nos conceitos de conectividade e fluxos tão sintonizada com a modalidade de Globalização vivenciada a partir dos anos 1990. A Revista fecha com três resenhas: a de Fábio Augusto Morales analisa a obra de Kostas Vassopoulos, Unthinking the Greek Polis; a resenha de Victor Sá Ramalho Antonio analisa Pompeii, the life of a Roman town de Mary Beard; a resenha de Uiran Gebara da Silva analisa a obra de Peter Heather, The Fall of the Roman Empire. Esperamos, portanto, que esse modesto número inicial seja seguido por outros com contribuições mais variadas e pautados por efetivos debates e experimentos intelectuais sobre o problema dos processos de integração social do Mediterrâneo Antigo.
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