escrita da História Antiga escolar nos anos de 1820-1830

Abstract

A História enquanto disciplina escolar tornou-se cada vez mais presente ao longo do processo de escolarização desencadeado pelos debates iluministas e a Revolução Francesa, ainda que com contornos muito distintos daquilo que nos é familiar atualmente e formata nossos livros didáticos. A coleção de Précis de l’Histoire se apresenta como um artefato especial para a análise desse processo: composta por cinco volumes e cuja publicação aparece completa em 1830, sendo prescrita desde então para os collèges parisienses como um curso de história, na acepção moderna do termo. O artigo objetiva analisar a construção narrativa, feita por Auguste Poirson, acerca dos gregos e sua origem presente nas segunda e terceira edições (1828; 1831) do Précis de l’Histoire Ancienne para demonstrar: a datada indefinição de fronteiras para a escrita de um compêndio destinado ao uso escolar; e também, nos termos da nascente historiografia profissionalizada, o debate entre inteligibilidades antigas e modernas. Ao mesmo tempo, propõe reflexões acerca da escrita da história Antiga escolar tendo como horizonte o escopo temporal entre o início e o fim do século XIX e o início do século XX.

A escrita da Pré-História em compêndios escolares de História no Brasil: o caso João Ribeiro (1892)

“…Por certo, estamos diante de uma transformação no que diz respeito ao lugar ocupado pelos gregos na metanarrativa da História. No transcorrer do século XIX, eles foram ocidentalizados, desconectados do Oriente, e passaram a compor o outro lado da fronteira da civilização ao lado de macedônios e romanos, 9 criando um ordenamento cronológico para o progresso humano (BERNAL, 1993;VLASSOPOULOS, 2007;BARNABÉ, 2021). Essa nova função dos gregos integra a lógica da consolidação do processo civilizatório, nos termos de Norbert Elias: ao longo do século XIX se propaga como razão universal a suposição de ser civilizado, autossugerida pelo Ocidente.…”