“…A partir dos pressupostos da Sociologia da Infância, que reconhece as crianças como actores sociais (James, Jenks, & Prout, 2002;Corsaro, 2010), procurei compreender os processos educativos intrageracionais em que as crianças participam, tanto como educandas assim como educadoras. Como sugerido pela abordagem dos estudos sociais da infância, encarei o processo de socialização "como um processo contínuo, múltiplo em sua direcção e fins, tanto os mais imediatamente visíveis quanto os menos perceptíveis, porque comummente não reconhecidos pela visão tradicional de socialização que, além da forma, também limita os agentes do processo de socialização e os territórios em que este tem lugar" (Marchi, 2011). Compreender o lugar que as crianças ocupam na educação, significa também entender a ordem geracional (Mayall, 2005) O material empírico aqui apresentado foi construído a partir de uma "etnografia visual e participativa" (Colonna, 2012) num bairro periférico entre os municípios de Maputo e Matola, uma zona onde convivem traços urbanos e rurais, fábricas e machambas 1 , habitações em materiais precários, em material durável e até mesmo "casas de luxo".…”