O artigo analisa a relação entre juventude e política no contemporâneo, tendo como foco de discussão o processo de subjetivação política, que implica a construção do pertencimento à coletividade e a responsabilização pela vida em comum. As possibilidades de ação engajada e seu sentido político são discutidos frente às aparentes inércia e apatia dos jovens de hoje em relação à política. Um estudo empírico qualitativo com cerca de 25 jovens é apresentado, baseado em entrevistas realizadas tanto com jovens militantes de organizações estudantis e partidos políticos como com aqueles que se engajam no trabalho social voluntário. Na análise, evidenciam-se convergências e divergências entre os dois grupos nos sentidos e objetivos da ação engajada e das formas convencionais de militância. Discutem-se as relações entre as trajetórias desses jovens e o abraçamento de determinadas "causas" que os mobilizam para a ação e a participação na sociedade. Os dois grupos relatam impasses e dificuldades inerentes às escolhas de seus modos de agir e participar: seja por força de buscarem uma eficácia da ação e evitar seus percalços ao submetê-la ao enquadramento da política institucionalizada; seja por força das concessões que se vêem fazendo aos princípios e ideais partidários, distanciando a ação de seu fundamento. Tais dificuldades remetem à distinção entre a política e o político, tendo em vista que a forma institucionalizada de fazer política hoje parece não dar mais conta das demandas da vida em comum; por outro lado, as novas formas de participação política podem insular-se nas ações pontuais. Conclui-se que, para os jovens entrevistados, as formas de participação e de engajamento social enveredam por caminhos diversos, sejam os da política institucional, sejam os da ação militante no trabalho social voluntário; embora o sentido político das ações nem sempre seja explicitamente admitido, as formas convencionais da ação política permanecem em tensão com outras escolhas de engajamento e de participação na sociedade.
In this article, decolonial scholarship inspires a discussion of globalization processes problematizing the concept of the ‘global child’. The antinomy global–local and the issue of the North–South divide are scrutinized, and child scholarship is evaluated from the point of view of a political economy of knowledge production. Finally, some key issues about what a Southern theory of childhood should look for based on a ‘politics of the local’ and its eventual interconnections with the global are discussed.
RESUMO -O presente trabalho examina criticamente a atualidade da noção de socialização política, tendo em vista as questões que hoje se colocam sobre o distanciamento dos jovens em relação à política. O conceito de socialização política é analisado sob dois aspectos principais: em primeiro lugar, são discutidos seus pressupostos relacionados a uma teoria identitária de subjetividade que essencializa posições subjetivas relacionadas à idade, e se apoia numa visão desenvolvimentista da trajetória de vida humana. Em segundo lugar, discute-se como os estudos de socialização política pressupõem uma divisão entre espaços público e privado, em que as relações de transmissão cultural entre jovens e adultos, restritas ao espaço privado, desconsideram a contribuição da juventude em relação às decisões da vida em comum.Palavras-chave: socialização política; juventude; relações intergeracionais; subjetividade. Youth and Political Socialization: Up-Dating the DebateABSTRACT -The present work analyses from a critical point of view the notion of political socialization and its current issues about the distancing of youth in relation to politics. The political socialization concept is analyzed according to two main aspects: first, it is discussed its assumptions in relation to an identity theory of subjectivity that essentializes subjective positions related to age, and it is based on a developmental perspective on human trajectory. Second, it is discussed how political socialization studies presuppose a division between public and private spaces, where the relations of intergenerational transmission are restricted to the private space, and thus, do not take into account youth contribution to the decisions of collective life.Keywords: political socialization; youth; intergenerational relationships; subjectivity.1 O presente trabalho é versão modificada da conferência "A socialização política de jovens: a preparação para a ação (política) se faz pela ação?", proferida no IV Simpósio Brasileiro de Psicologia Política, Belo Horizonte, setembro 2006. Agradeço ao CNPQ e FAPERJ pelo apoio na elaboração deste trabalho. Política e juventude apresentam-se como temas distantes em boa parte da literatura sobre jovens, ao passo que temá-ticas como, por exemplo, sexualidade, identidade, relações com pares e questões ligadas à vocação profissional, têm sido frequentes na produção de trabalhos sobre a juventude. O fato de que os jovens, até atingirem sua maioridade, estão alijados de direitos políticos plenos na maioria das sociedades modernas, contribui para que a reflexão sobre Política e juventude tenha sido significativa apenas no tocante a como os jovens se preparam para a atividade política na idade adulta. Não somente na Psicologia, como também em outras áreas do conhecimento, os jovens constituem foco de interesse enquanto passíveis de serem ensinados a adotarem atitudes e condutas que são consideradas importantes nas democracias modernas. A articulação entre juventude e Política tem sido entendida, principalmente, por meio do conceit...
Este trabalho discute a conjuntura de políticas científicas para a pós-graduação no contexto brasileiro, tendo em vista os modos de subjetivação que engendram para os pesquisadores/docentes nas universidades. Privatização, especialização e individualização parecem constituir três dimensões prevalentes dessas políticas, estabelecendo identificações e ações coletivas propensas a uma aceitação ao que está posto e a uma atitude de "reconciliação" com o sistema de desenvolvimento científico do país. A análise evoca a figura do intelectual, tal como visto por Russell Jacoby e Edward Said, como o contraponto necessário ao trabalho acadêmico atualmente engolfado pelas políticas de boa gestão. Dois aspectos são trazidos para a análise, ao final, como ilustração do argumento: a relação da pós-graduação com a graduação e a internacionalização da pós-graduação.
This study analyses the specificities of youth identity construction in Brazil in the context of global transformations and the particularities of the Brazilian model of development. Poor urban Brazilian youngsters’ demands to consume, as a ‘mode of inclusion’ in society, achieve short-term gains that narrow down prospective visions of the self. A ‘logic of survival’ hypothesis is proposed to account for the process of identity construction whereby encapsulated and rigid, rather than hybridized and creative, identities are constituted. The hypothesis is illustrated with a discussion of the cases of the drug dealer, the religious fanatic and the labourer. New cultural forms of consumer culture also convey claims for recognition and justice, shown by the musical expressions coming from the peripheries of big cities. It remains to be seen whether musical and artistic expressions, as possible factors that can enhance self-respect and group solidarity among poor youth, will not be consumed just as a new item of the culture industry.
Este artigo discute o cuidado na relação entre professoras, professores e estudantes, problematizando, a partir de autoras da teoria feminista, que a socialização de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres deva ser a finalidade principal da educação. Nas relações de cuidado se evidenciam a interdependência e a mutualidade -afetiva e cognitiva -, aspectos esses que perpassam as relações entre educadores e alunos na escola. As condições atuais de desvalorização da carreira docente e sua burocratização têm conduzido a uma objetificação das relações na escola, resultando em vínculos baseados na tutela e na disciplinarização, em detrimento do cuidado. Por fim, discutimos a potencialidade política do cuidado, ao permitir que professoras, professores e alunos se vejam como mutuamente dependentes. Entendemos que a ação política pode surgir da condição de dependência e do sentimento de responsabilização que se produzem a partir de experiências domésticas e familiares, e não em detrimento das mesmas.
This article discusses how the new paradigm of children's participation rights and competence has maintained unchallenged the subjectivity considered apt to be included as an opinion giver in the polity. 'Developmentalism' continues to feed as a theoretical input and a practical regulation of adult-children relationships. The article, based on an empirical investigation with Brazilian children, discusses how participation views of students and school staff, premised on the 'goodenough student', commit participation to an unchallenged school hierarchy and non-reciprocal adult-child relationships. This single standpoint from where one envisages the educational process leads to a de-politicization of school life. Consequently, the effective inclusion of children in society, constituting an important political challenge of our time, must be faced so that children's participation can become more real and less rhetorical.
RESUMO. O presente trabalho discute a construção da alteridade entendida como uma elaboração permanente da posição do sujeito ante as demandas de subjetivação contemporâneas. A noção de diferença é evocada para dar conta do movimento subjetivo, aberto e instável, no processo de construção do outro e de si. A cidade contemporânea é trazida aqui através das produções discursivas de jovens num projeto de pesquisa-intervenção em que cerca de 60 adolescentes e jovens da cidade do Rio de Janeiro, de 11 a 23 anos, foram convidados a conversar sobre seus relacionamentos com o outro na cidade, em cinco instituições diferentes. Nesse projeto, chamado de Oficinas da Cidade, os jovens debateram sobre suas dificuldades na convivência com o outro e sobre os conflitos e a estranheza imbricados nessa relação. Através da análise das narrativas dos grupos, pudemos estabelecer as figuras de alteridade mais significativas como "o sozinho", "os pobres" e a "patricinha", as quais, consideradas aqui como "escalas", determinam novas produções de sentido nas relações eu-outro na cidade. Discutimos como essas figuras de alteridade estão relacionadas a conflitos engendrados por demandas contemporâneas, tais como a individualização e a necessidade de inclusão na sociedade de consumo.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.