RESUMO: A globalização de determinado modelo de infância e criança foi estabelecida no século XX por meio de documentos legais de matriz eurocêntrica e hegemonia ideológica e cultural, já identificadas na literatura dos estudos da infância, assinalando a exclusão de crianças que escapam ao enquadramento em que se fundam essas bases: a condição da infância das classes média e superior das sociedades industrializadas. O debate sobre a normatividade da infância é crucial para impedir que, nos planos teórico e social, crianças sejam excluídas da condição da infância, assim como para compreender como a desconsideração da diversidade de infâncias limita o escopo e a capacidade analítica dos estudos da infância e para compreender mudanças em curso na relação entre adultos e crianças nas dimensões política, educativa, cultural e internacional. Palavras-chave:Normatividade. Infância. Direitos da criança. Sociologia da infância. Childhood, normativity and children's rights: contemporary transitionsABSTRACT: The globalization of a certain model of child and childhood was established in the 20 th century through legal documents with a Eurocentric matrix and ideological and cultural hegemony, which had already been identified in the literature of childhood studies. They pointed out the exclusion of children that do not fit in the framework in which these bases are established: the condition of childhood in the middle and upper classes of industrialized societies. The debate about the normativity of childhood is crucial to prevent children from being excluded from the condition of childhood, both theoretically and socially. Furthermore, to understand how the act of disregard to the diversity of childhood limits the *Este artigo resulta de estágio pós-doutoral realizado no Grupo de Sociologia da Infância do Centro de Investigação em Estudos da Criança, dirigido pelo prof. Dr. Manuel Sarmento, no Instituto da Educação da Universidade do Minho (CIEC/IE-UMINHO), Braga, Portugal. O estágio pós-doutoral teve financiamento da CAPES e da Universidade Regional de Blumenau (FURB, SC, Brasil).
O "ofício de aluno" e o "ofício de criança": articulações entre a sociologia da educação e a sociologia da infância Rita de Cássia MarchiUniversidade Regional de Blumenau (FURB), Brasil Resumo Este artigo estabelece relações entre o que ficou conhecido como a "crise dos paradigmas" na Sociologia da Educação (SED) nos anos 90 e o surgimento da Sociologia da Infância (SI) que propõe um novo paradigma para os estudos sociais da infância. Entre os elementos centrais deste novo paradigma estão o princípio da construção social da infância, o da criança-ator e a reivindicação da autonomia conceitual da infância (ou a "cidadania epistemológica da criança"). O afastamento inicial entre a SED e a SI deu-se em função da SED ter estado sempre voltada, tanto em sua vertente estrutural-funcionalista quanto no âmbito das teorias da reprodução, para as macro relações entre escola e sociedade. O "ofício de criança" e o "ofício de aluno" têm neste contexto uma complexa existência cujo desvendamento auxilia na compreensão das construções teórico-metodológicas no seio destas disciplinas e nas suas tensas articulações.Palavras-chave Sociologia da educação; Sociologia da infância; Oficio de aluno; Oficio de criança Este artigo tem por objetivo estabelecer relações entre o que ficou conhecido como a "crise dos paradigmas" ocorrida na Sociologia da Educação nos anos 90 e o surgimento de um novo campo disciplinar denominado Sociologia da Infância que vem se consolidando na arena científica internacional desde os anos 80. O desenvolvimento e elucidação teórica dos conceitos de "oficio de criança" e "oficio de aluno" podem ser entendidos como ilustrativos dos movimentos de "deslocamento do olhar
A criança como ator social-críticas, réplicas e desafios teóricos e empíricos * The child as a social actor-critiques, counter-arguments and theoretical and empirical challenges El niño como actor social-críticas, réplicas y desafíos teóricos y empíricos Rita de C. Marchi ** Resumo: Este artigo discute desafios teóricos e empíricos da ideia da criança como ator social, presente nos estudos sociais da infância, por meio de análise das críticas feitas ao conceito por autores pertencentes ao campo e autores externos a ele. São também discutidas réplicas em sua defesa. As críticas e as réplicas estendem-se em um espaço de 10 anos (2005 a 2015). O conceito de ator social é situado, neste artigo, no viés da teoria weberiana e no quadro da "dupla hermenêutica" como "modelo de reflexividade" nas Ciências Sociais, de A. Giddens: teorizar sobre o fenômeno implica envolver-se no seu processo contemporâneo de desconstrução/reconstrução. Assim, os riscos ou as consequências do que a ciência afirma sobre as crianças recairão sobre elas próprias e sobre as formas sociais de sua compreensão. Nesse sentido é que se compreende que devem ser analisados os alertas feitos ao discurso especialista (tanto o discurso crítico quanto o de defesa crítica do conceito). Palavras-chave: Criança. Ator social. Estudos sociais da infância.
Este artigo relaciona as posições periféricas da mulher e da criança no campo científico e as atuais dificuldades epistemológicas colocadas à emancipação da infância como categoria sociológica conceitualmente autônoma. Essas dificuldades são similares às resistências com que se depararam, tempos atrás, os "estudos feministas" para estabelecer o gênero como uma nova categoria de análise. A infância é uma construção social atravessada pelas relações assimétricas de poder e ação entre as gerações na sociedade e, no campo científico, pela perspectiva adultocêntrica e predominantemente masculina (androcêntrica) do conhecimento.
Resumo: Este artigo discute o uso da etnografia em pesquisas na área da Educação, de modo a refletir sobre as características de ‘pesquisas com crianças’ (com orientação te órica no campo da Sociologia da Infância) em espaços educativos formais (creches e pré-escola), focalizando a questão de participação e voz das crianças e, relacionado a isso, o uso de estratégias de ordem prática ou operacional que implicam em questões de ordem ética no campo da investigação.
Este artigo discute dados de pesquisa que visava apreender representações sociais sobre "escola", "trabalho infantil" e os significados de "criança" e "infância" junto a crianças e adolescentes do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), junto a seus pais e professores. O estudo aponta para a inadequação da dicotomia entre "razões econômicas" e "culturais" na compreensão do trabalho infantil. Para as crianças e pais, o trabalho infantil é uma necessidade inerente ao sistema de ajuda e troca intrafamiliar e da educação para a vida adulta. Entre as mudanças trazidas pela inserção no PETI estão: melhor aproveitamento escolar, novas experiências e aprendizados (esportes, cursos), mais tempo para brincar e alteração na percepção da responsabilidade com o sustento familiar por parte das crianças. Ressalta-se que o fenômeno necessita de maiores investigações, pois encobre realidades distintas sob uma aparente homogeneidade socialmente construída.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.