Velhice, instituição e subjetividade

Abstract

Este ensaio refere-se a um percurso de trabalho e a algumas ferramentas teórico-práticas produzidas para uma clínica com velhos. O compartilhamento de alguns conceitos que permeiam os limites entre velhice e sofrimento torna-se um articulador de fundamental importância para essa clínica, exigindo outras intervenções frente às tradicionalmente realizadas, especialmente em situação de institucionalização. A proposta de uma clínica com velhos parte do interesse em relação a essa etapa da vida, mais especificamente, em relação à presença de um discurso moralizante e de modos de subjetivação hegemônicos que a qualificam como a banda podre da vida.

<br /><br />TRAJETÓRIA DA CONSERVAÇÃO DO EU EM LARES DE IDOSOS<br /> SELF CONSERVATION TRAJECTORY IN NURSING HOMES

“…Os tempos e ritmos no Lar tendem a ser repetitivos, uniformes. No quotidiano institucional existe outra lógica do tempo, uma desaceleração, um ritmo específico nos passos lentos dos residentes (21) . A vida diária distingue-se pela lentidão (22) .…”

Insatisfação Com a Imagem Corporal Entre Pessoas De Meia - Idade E Idosas Praticantes De Atividade Física

“…Dessa maneira, demonstraram que, principalmente no caso das mulheres, há a associação do envelhecimento do corpo à falta de beleza. Desse modo, a velhice passa a ser entendida como um estilo de vida que conecta valores mercadológicos e de juventude com as técnicas de cuidado corporal para mascarar a passagem do tempo (MAIA et al, 2008).…”

"O Fim da Linha"? Etnografia da alimentação de idosos institucionalizados - reflexões a partir das contribuições metodológicas de Malinowski

“…13 Nas entrevistas, notamos como a alimentação é indissociável da vida deles, evidenciado por outras questões que vieram à tona nas conversas, como por exemplo, o abandono por parte dos filhos e as perdas familiares. Falar de comida nos remete a outros constructos simbólicos.…”

“…27 A rigidez da rotina institucional é um fator marcante na admissão, através da delimitação de atividades, impondo-lhes códigos internos, padronizando e fixando horários, numa outra lógica de tempo. 13 Se numa comunidade como a que Malinowski 3 estudou, de caráter livre, a uniformidade de comportamento já é amplamente observada, em se tratando de uma instituição fechada, pode-se mais fortemente observar estas características, em razão da padronização de condutas, predispondo uma organização social extremamente rígida e esvaziadora do eu.…”