2017
DOI: 10.1590/s0104-71832017000200012
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Corpos comensuráveis: produção de modelos animais nas ciências biomédicas

Abstract: Resumo: A utilização de modelo animal, em especial camundongos e ratos, é uma prática consolidada nas pesquisas biomédicas, que visam, usualmente, caracterizar processos biológicos ou testar tratamentos, medicamentos em animais não humanos antes de verificar se os resultados se aplicam aos humanos. Tal uso de animais se assenta na proximidade genética entre humanos e roedores, portanto, na suposição de que os processos biológicos de humanos e animais são similares. Os corpos dos animais são tratados como subst… Show more

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“…De certo modo, o crescimento e a expansão dos trabalhos antropológicos no campo da saúde mental correm paralelamente, de um lado, ao crescimento da especialização cada vez mais acentuada e da expansão dos diagnósticos e das doenças descritas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders -DSM) IV (publicado em 1994) e no DSM V (publicado em 2013), 19 além da própria dimensão epidêmica da depressão, apontada em estudos acadêmicos e propagada na mídia; e, de outro lado, à ampliação e à consolidação das políticas públicas desencadeadas pela reforma psiquiátrica brasileira, com a criação e a expansão das redes de atenção psicossocial, tanto na atenção primária quanto nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), assim como com o pro-cesso de encerramento gradativo dos leitos em hospitais psiquiátricos e a abertura de leitos em hospitais gerais. Assim, grande parte dos trabalhos na última década está focada na etnografia feita com pessoas que frequentam os serviços e são objeto dessas políticas públicas Monteiro, 2010;Brandi, 2014;Maluf, 2016;2017b;2017c;; nos estudos voltados às políticas públicas e às práticas do Estado nos serviços e nas instituições de saúde mental Maluf, 2014;Moreira, 2017;Andrade, 2017;Calegari, 2018;Cruz, 2018); e também na história dos saberes e das instituições psiquiátricas Venâncio, 2010;Bittencourt;Caponi;Maluf, 2013;Potengy, 2015), dando seguimento a uma linha importante desenvolvida em anos anteriores.…”
Section: Campos Psi Saúde Mental E Políticas De áLcool E Drogasunclassified
“…De certo modo, o crescimento e a expansão dos trabalhos antropológicos no campo da saúde mental correm paralelamente, de um lado, ao crescimento da especialização cada vez mais acentuada e da expansão dos diagnósticos e das doenças descritas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders -DSM) IV (publicado em 1994) e no DSM V (publicado em 2013), 19 além da própria dimensão epidêmica da depressão, apontada em estudos acadêmicos e propagada na mídia; e, de outro lado, à ampliação e à consolidação das políticas públicas desencadeadas pela reforma psiquiátrica brasileira, com a criação e a expansão das redes de atenção psicossocial, tanto na atenção primária quanto nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), assim como com o pro-cesso de encerramento gradativo dos leitos em hospitais psiquiátricos e a abertura de leitos em hospitais gerais. Assim, grande parte dos trabalhos na última década está focada na etnografia feita com pessoas que frequentam os serviços e são objeto dessas políticas públicas Monteiro, 2010;Brandi, 2014;Maluf, 2016;2017b;2017c;; nos estudos voltados às políticas públicas e às práticas do Estado nos serviços e nas instituições de saúde mental Maluf, 2014;Moreira, 2017;Andrade, 2017;Calegari, 2018;Cruz, 2018); e também na história dos saberes e das instituições psiquiátricas Venâncio, 2010;Bittencourt;Caponi;Maluf, 2013;Potengy, 2015), dando seguimento a uma linha importante desenvolvida em anos anteriores.…”
Section: Campos Psi Saúde Mental E Políticas De áLcool E Drogasunclassified
“…A insistente questão da agência dos não humanos, tão trabalhada e debatida na TAR, ganha contornos diversificados nos trabalhos atuais. Iara Souza (2017a;2017b), por exemplo, ajuda a renovar tanto as investigações sobre laboratórios quanto as pesquisas a respeito das relações com animais nos seus trabalhos a propósito de animais de laboratório. Ao perguntar-se no tocante aos afetos existentes entre cientistas humanos e camundongos usados em seus experimentos (Souza, 2017a), por exemplo, traz à tona seu papel de "trabalhadores da ciência", quando participam de forma útil aos humanos, bem como nos momentos em que seus comportamentos demonstram resistência às práticas de experimentação.…”
Section: Humanos E Não Humanosunclassified
“…Em outro trabalho, seu olhar etnográfico trata da produção da comensurabilidade entre corpos humanos e não humanos, movimento tão central para possibilitar as verdades ali produzidas (Souza, 2017b). Tal comensurabilidade, como mostra sua etnografia, depende das diversas relações estabelecidas entre humanos e não humanos ao longo dos processos laboratoriais, muitas vezes marcadas por tensões e resistências.…”
Section: Humanos E Não Humanosunclassified
“…É esta última área, inclusive, que realiza o maior debate sobre estudos animais no Brasil. Inúmeras pesquisas foram publicadas nos últimos anos, como as de Iara Souza (8,9) sobre os laboratórios e os biotérios, a de Caetano Sordi (10) sobre o consumo da carne bovina, os textos de Jean Segata (11,12) sobre as relações entre humanos e mosquitos, a etnografia de Natacha Leal (13) sobre o gado de elite, os estudos de Andrea Osório (14-16) sobre gatos de rua e protetores de animais, e os recentes trabalhos de Ciméa Bevilaqua (17) sobre agências não humanas e normas do Direito 2 . E, de fato, a antropologia já vem discutindo o tema dos animais (ou ainda da animalidade) há algumas décadas, sobretudo a partir dos trabalhos de Tim Ingold, envolvendo as ideias de pessoa não humana (19), e dos textos de Philippe Descola sobre a grande divisão moderna entre natureza e cultura -e, como consequência, entre animal e humano (20,21).…”
Section: Introductionunclassified