Infância, raça e "paparicação"

Abstract

1Fabiana de Oliveira* Anete Abramowicz** RESUMO: Atualmente, o campo das discussões que se referem às relações étnico-raciais vem se ampliando em um espaço político-educacional considerável e que contribui para desmontar um forte campo discursivo que se hegemonizou como verdade e que afirmava a existência de uma democracia racial. Este artigo é o resultado de uma pesquisa desenvolvida numa instituição de educação infantil durante um semestre letivo, com visitas diárias. A coleta de dados foi realizada utilizando os seguintes recursos: observação, realização de um diário de campo e entrevistas com as profissionais da creche. O objetivo foi analisar as práticas educativas que ocorrem na creche, verificando as maneiras como essas práticas produzem e revelam a questão racial. A presente pesquisa constitui mais um subsídio para o questionamento das relações raciais no Brasil, desde a educação infantil, visando ao enfrentamento de práticas pedagógicas de homogeneidade e racismo. Palavras-chave: Infância; Creche; Relações Raciais. CHILDHOOD, RACE AND SPOILING KIDS ABSTRACT:Currently the field of discussions on ethnic-racial relationship is expanding into a political-educational space that contributes to dismantle a strong discursive field that became hegemonic as truth and stated the existence of a racial democracy. This article is the result of a qualitative research developed at an infant school during a school term with daily visits. The data collection was performed using the following resources: observation, preparation of a field diary and interviews with professionals of the nursery school. The objective was to analyze the educational practices that occur in the nursery schools, verifying the ways in which these practices produce and reveal a racial issue. This research is subsidy for the questioning of racial relationship in Brazil since the early stages of child education aimed at coping with teaching practices of homogeneity and racism.

“It Is Repulsive: There Is Swearing Because of the Color of the Skin and Hair”: Experiences, Psychosocial Effects, and Confronting Racism by Children and Adolescents in a Capital in Northeastern Brazil

“…This episode may be related to how teachers and daycare caregivers deal with children: in this case, a black boy. The narrated situation corroborates the findings of the research by Oliveira and Abramowicz (2010) on children pampering. The second, more recent episode addresses the observations of Ngozi's mother in a shopping mall when the boy tries to get close to other children to play and other mothers push him away from the children.…”

“…In the interactions proposed by the researchers, regardless of their ethnicity/skin color, the girls valued the white and blonde doll, to the detriment of the black doll with curly hair, and pointed to the ideal of a pretty boy as being "white" with clear eyes and hair. Oliveira and Abramowicz (2010) work on the practice of professionals in a daycare center showed significant differences in the care provided to white and black children by educators. The racial component was a factor in excluding black children from "pampering" actions, acts of affection, or praise related to beauty and good behavior.…”

Efeitos do racismo da trajetória escolar de crianças: uma revisão sistemática

“…No que se refere à postura da escola, o estudo de Lins Rodrigues (2013) observou que o racismo tem agido, a partir de um processo de invisibilização da negritude e da cultura afro. Assim, seus efeitos influenciam de forma que as crianças e jovens negros tenham seus traços, história e cultura desvalorizados, Estudos também observaram que a postura dos professores tem contribuído na manifestação do racismo contra as crianças negras (a saber, ALVES, 2014;CAVALLEIRO, 1999;FEITOSA, 2012;FRANÇA, 2017;ABRAMOWICZ, 2010;SILVA, 2002). Silva (2002) Na situação acima, as autoras também descrevem que as meninas preferidas pelas professoras eram caracterizadas como "princesas" ou como "filhas", sendo estas as crianças brancas, já as negras sempre passavam despercebidas pelas professoras, como se não merecessem atenção, elogio e carinho, tal como as crianças brancas.…”

“…Apesar das práticas de diferenciação e preferência pelos professores e escola, foi observado, em quatro estudos, um discurso de suposta igualdade, quando a escola e os professores diziam trabalhar como se não houvesse diferença (a saber, AGUIAR, 2008;ABRAMOWICZ, 2010;SANTOS, 2008;SILVA, 2015). Ou seja "somos todos iguais" e "nessa escola não existe racismo".…”

“Brazil cannot stop”: Meritocratic ideology in an unequal country

“…The management of the educational process has excluded Black people from Brazilian society centrality throughout history (P. B. G. Silva & Gonçalves, 2005). Therefore, the school system has become a breeding ground for discriminatory and racist practices (de Oliveira & Abramowicz, 2010), in addition to contributing to the construction of Black subjectivity as inferior and directly affecting the self‐esteem of Black youngsters. In that context, discussions about race and racism in textbooks were rendered silent (Cavalleiro, 2014).…”