Nas duas últimas décadas, constata-se um incremento significativo da utilização de grupos focais como instrumento de coleta de dados em pesquisas no campo da Saúde Coletiva no Brasil. Seja ocupando a função de técnica principal, ou como estratégia complementar de tipo qualitativa, sua adoção atende invariavelmente ao objetivo de apreender percepções, opiniões e sentimentos frente a um tema determinado num ambiente de interação. A regularidade quanto à finalidade no emprego do grupo focal contrasta com a variação observada no tocante aos requisitos e procedimentos práticos referidos. Este artigo apresenta conceitos, finalidades e procedimentos relativos à técnica de grupos focais e problematiza sua operacionalização prática na pesquisa, particularmente no campo da saúde. Com base neste objetivo, o trabalho integra uma revisão da literatura sobre grupo focal com uma reflexão derivada de experiências de utilização da técnica em estudos de avaliação em saúde, conduzidos ou orientados pela autora.
This article analyzes the identity-building process for community-based health workers in the context of their role in the Health Family Program team and their interaction with the residents of communities where they work. Based on this analysis we specifically emphasize conflicts of interpretation, power relationships between both sides of identity-building for community-based health workers from three perspectives: that included in the official training of these workers, that produced by workers concerning themselves, and that transmitted by the community. The fact that community-based health workers live the reality of health practices in the neighborhoods where they live and work and are trained with biomedical references makes them actors that convey both the contradictions and the possibility for a deep dialogue between these two forms of knowledge and practice.
The IntroduçãoDe acordo com Chen 1 , a literatura sobre avaliação, durante muito tempo, desprezou a importância da teoria no processo avaliativo, constituindo-se em modelos de avaliação do tipo "caixa preta", nos quais os resultados são produzidos sem a explicitação de referenciais teóricos ou metodológicos consistentes. Deslandes 2 reflete que, embora a avaliação de serviços atualmente lance mão de teorias e metodologias, geralmente oriundas das ciências sociais, em sua prática institucional a dimensão técnico-operacional da avaliação é reificada de tal modo, que a discussão teórico-metodológica se torna obscurecida.O sentido fundamental ao se teorizar no campo da avaliação dos serviços de saúde é, sobretudo, o de buscar converter os conceitos em estratégias, critérios e padrões de medição, a fim de contribuir para a produção de medidas úteis que auxiliem na tomada de decisão e subsidiem aperfeiçoamentos no âmbito dos serviços. A utilização dos conceitos se torna importante na medida em que permitem representar aspectos da realidade, através de construções lógicas estabelecidas de acordo com um quadro teórico de referência.De acordo com Mendonça 3 , todo conceito possui uma conotação ou compreensão e, pelo menos uma denotação, extensão ou domínio de aplicação. A compreensão de um conceito é
O presente estudo consiste em uma avaliação qualitativa de satisfação de usuários em áreas cobertas pelo Programa de Saúde da Família/PSF, situadas em cinco municípios da Bahia. Foram consideradas nesta avaliação as seguintes dimensões: cognitiva, relacional, organizacional e profissional; vistas também sob o ponto de vista das equipes de saúde da família. Tendo em vista as críticas apontadas pela literatura quanto às limitações metodológicas em estudos que avaliam a satisfação de usuários, notadamente vieses ligados à desejabilidade social ou à redução do processo subjetivo de avaliação a respostas do tipo sim/não em questionários fechados, privilegiamos neste caso estratégias metodológicas de cunho etnográfico. A partir da técnica de grupos focais, os usuários expressaram sua percepção sobre o programa e os serviços oferecidos pelas equipes, ao tempo que revelavam suas necessidades e expectativas de satisfação das mesmas.
Este estudo é uma revisão de literatura com síntese qualitativa dos estudos voltados para a análise metodológica das avaliações de satisfação de usuários com serviços de saúde. Foram analisados 54 artigos publicados principalmente em revistas indexadas pelo Medline e Web of Science no período de 1970 a 2005. São discutidos os métodos de abordagem das pesquisas, as técnicas e instrumentos e a operacionalização do conceito de satisfação. São apresentados, ainda, os diferentes tipos de vieses das pesquisas e alternativas para sua superação. Observa-se que os métodos e técnicas variam em um largo escopo, havendo pouco consenso entre os pesquisadores. O método mais utilizado é de natureza quantitativa, com predomínio de questionários e escalas. Os métodos qualitativos são valorizados como aqueles capazes de trabalhar os dados subjetivos da satisfação. Critica-se bastante a falta de padronização dos instrumentos, o que compromete a comparação dos achados. Reflete-se sobre a pertinência do desenvolvimento de um referencial próprio de pesquisa de satisfação para o Brasil.
O trabalho em equipe multiprofissional é considerado um importante pressuposto para a reorganização do processo de trabalho no âmbito do Programa de Saúde da Família - PSF, visando uma abordagem mais integral e resolutiva. Isto pressupõe mudanças na organização do trabalho e nos padrões de atuação individual e coletiva, favorecendo uma maior integração entre os profissionais e as ações que desenvolvem. Este estudo analisou a experiência de uma equipe de PSF em um município baiano, buscando identificar evidências de articulação entre ações e interação entre os profissionais da equipe de saúde da família, com vistas à construção de um projeto assistencial comum. Os dados foram obtidos por meio de grupos focais, observação participante e entrevistas semi-estruturadas. Identificou-se a ocorrência de articulação entre as ações desenvolvidas pelos diferentes profissionais, embora com algumas limitações. Do ponto de vista da interação, com vistas à construção de um projeto comum, foi identificado como aspecto favorável a partilha de algumas decisões referentes à dinâmica da unidade. Por outro lado, foi observado que o planejamento das ações concentra-se nos profissionais de nível superior, de forma individualizada.
O presente estudo aborda o tema da Assistência Domiciliar (AD), identificando-a com uma modalidade de atenção que vem sendo adotada no âmbito dos sistemas de saúde, aliando motivações racionalizadoras e humanitárias. Por meio de uma breve contextualização histórico-conceitual, reconhece-se o predomínio desta abordagem no contexto hospitalar, problematizando, entretanto, a necessidade de seu fortalecimento no contexto da atenção básica. Neste sentido, desenvolve-se uma análise comparada entre uma proposta de assistência domiciliar no âmbito da Atenção Básica no Brasil, formulada pelo Ministério da Saúde, com o modelo adotado pelo Canadá. A despeito das diferenças socioeconômicas e sanitárias entre os dois países, a análise empreendida forneceu elementos que podem subsidiar a proposta brasileira, seja nos aspectos normativos e operacionais, seja no tocante à sua viabilidade político-institucional.
Este estudo analisa a humanização no trabalho no contexto do Programa Saúde da Família, indagando: que papel desempenha a infraestrutura para a construção de um trabalho humanizado no PSF? O processo de trabalho das equipes revela coerência com os princípios da humanização em saúde? Para buscar respostas para estas perguntas foi explorada a percepção de profissionais do PSF sobre o cotidiano do seu trabalho, considerando as condições concretas em que ele se realiza e as relações, práticas e produtos gerados neste processo. Trata-se de um estudo de casos múltiplos de tipo quali-quanti, com primazia do enfoque qualitativo, realizado através de questionários e grupos focais com equipes do PSF em áreas selecionadas. Os resultados indicam que as fragilidades de infraestrutura e o investimento tímido em formação das equipes são fatores que contribuem para a persistência de condições e práticas de trabalho que se distanciam dos princípios da humanização em saúde. Apesar das dificuldades apontadas, as equipes estudadas revelaram, de modo geral, um alto grau de comprometimento com o trabalho que desenvolvem e alta sensibilidade diante das necessidades e problemas da população.
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