A flora e a vegetação dos afloramentos rochosos em três municípios na região Norte do Ceará, Brasil: caracterização fitossociológica

Abstract

Resumo O presente estudo teve como objetivo identificar a flora e a vegetação dos afloramentos rochosos isolados e de baixa altitude (lajedos), na vegetação de Caatinga Arbustiva Aberta, que se encontram nos municípios de Sobral, Groaíras e Santa Quitéria, no estado do Ceará, Brasil e propor uma classificação fitossociológica para estas comunidades xerófilas. Foram definidas cinco áreas de coleta de dados com elevada proporção de rochas expostas (> 80%) onde as excursões de campo decorreram em março de 2014 e 2015 (3º56’S e 40º23’W, 4º01’S e 40º05’W, 4º07’S e 40º08’W, 4º09’S e 40º09’W e 4º03’S e 40º00’W). No estudo da vegetação aplicou-se os métodos TWINSPAN (two-way indicator species analysis) e o clássico sigmatista de Braun-Blanquet. As áreas mínimas dos inventários fitossociológicos variaram de 8 a 16 m2. Foram coletadas as espécies vegetais que crescem em fissuras, fendas e ilhas de vegetação que se encontram em afloramentos rochosos. Foram registradas 88 espécies, distribuídas em 59 gêneros e 30 famílias botânicas. Fabaceae foi a família que se destacou em riqueza específica (20 spp.), seguida por Poaceae (dez spp.), Euphorbiaceae (sete spp.) e Convolvulaceae (seis spp.). Quanto ao endemismo foram registradas, em vegetação rupestre, 19 espécies endêmicas para o Brasil. Na análise fitossociológica da vegetação propôs-se estudar a comunidade de Pilosocereus gounellei (FA.C.Weber) Byles & Rowley e Encholirium spectabile Mart. ex Schult. & Schult.f. e a de Crateva tapia L. e Combretum leprosum Mart.

Flora and physiognomy of Caatinga vegetation over crystalline bedrock in the northern Caatinga domain, Brazil

“…The family Fabaceae had the greatest species richness, appearing as the principal family composing the flora of the RPA, a position that family frequently holds in studies of the Caatinga flora. What is interesting, however, is that Convolvulaceae ranks as the second most important family in terms of species diversity (usually occupying approximately a fifth level ranking), although its genus Ipomoea is usually among the richest in Caatinga areas (a pattern that was repeated in the present study) (Costa et al 2007;Araújo et al 2008;Queiroz 2009;Gomes et al 2011;Duarte et al 2013;Ferreira et al 2013;Moro et al 2014;Queiroz et al 2015;Pereira et al 2018).…”

“…Considering the wide extension of crystalline caatinga and the diverse mesoregions of Ceará state with probable floristic variations, previous surveys have not filled in the gaps in our current knowledge concerning floristic variations within that vegetation type (Costa et al 2007;Araújo et al 2011;Costa & Araújo 2012;Duarte et al 2013;Pereira et al 2018). Additionally, SDTFW generally have locally abundant but geographically restricted species, with low similarities between areas and high beta diversity -even over relatively short distances (Apgaua et al 2014).…”

Diversidade Florística dos Afloramentos Rochosos da Reserva Biológica de Pedra Talhada, Quebrangulo, Alagoas

“…Especificamente no nordeste brasileiro, nos últimos anos observou-se um crescente número de estudos direcionados ao conhecimento da flora dos afloramentos rochosos (Silva, 2016), entre os quais se destacam os desenvolvidos na Bahia (França et al, 1997(França et al, , 2005(França et al, , 2006Moraes et al, 2009); no Ceará (Araújo et al, 2008;Paulino et al, 2018;Pereira et al, 2018); na Paraíba (Almeida et al, 2008;Porto et al, 2008;Tölke et al, 2011;Sales-Rodrigues et al, 2014;Silva et al, 2015;Lopes-Silva et al, 2019); em Pernambuco (Gomes e Alves, 2010;Pessoa e Alves, 2014). Porém, Silva (2016) ressaltou que o conhecimento sobre a flora dos afloramentos rochosos é ainda insuficiente, especialmente, em relação à conservação.…”

Floristic composition, structure and species-area relationships on a neotropical inselberg in southeastern Brazil

“…Precambrian rocky outcrops are hotspots of plant diversity around the world supporting plant communities that are distinctive, both structurally and floristically, from the surrounding vegetation (Safford & Martinelli 2000;Porembski 2007;Hopper 2009;Sarthou et al 2017;de Paula et al 2017). In Brazil, rupicolous vegetation grows on a range of underlying substrates, including quartzite-sandstone (Conceição & Pirani 2005;Alves et al 2014;), ironstone (Jacobi et al 2007;Lima et al 2019), carbonate or karstic outcrops (Bystriakova et al 2019) and granite and/or gneiss outcrops (Porembski et al 1998;Meirelles et al 1999;Couto et al 2016Couto et al , 2017de Paula et al 2017;Pereira et al 2018). In the Atlantic Forest Domain in southeastern Brazil, rocky outcrops of granite and/ or gneiss predominate, with different degrees of insulation, sizes, and elevations, ecologically known as inselbergs (Safford & Martinelli 2000;de Paula et al 2020).…”

“…In Brazil, the number of studies on inselberg vegetation has been increasing, especially in the last decades (Araújo et al 2008;Gomes & Alves 2009, 2010Couto et al 2017;de Paula et al 2017;Pena & Alves-Araújo 2017;Francisco et al 2018;Paulino et al 2018;Pereira et al 2018). However, ecological and phytosociological studies of plants communities are still scarce (Porembski et al 1998;Safford & Martinelli 2000;Meirelles et al 1999;Medina et al 2006;Caiafa & Silva 2007).…”