Clínica, cuidado e subjetividade: afinal, de que cuidado estamos falando?

Abstract

RESUMO Este ensaio procura discutir o processo de decisão clínica e o cuidado em saúde, a partir do reconhecimento de que o organismo humano é habitado por um corpo afetivo e por um corpo anátomo-clínico. O processo terapêutico requer que essas duas dimensões sejam contempladas para o cuidado em saúde. O cuidado não se faz apenas sobre a disfunção ou lesão dos órgãos, ele deve contemplar toda a existência de uma pessoa, porque ela é um ser complexo, que, além do seu problema de saúde mais objetivamente identificado, traz sua história de vida, recheada de expectativas, desejos, relações de afeto, familiares e sociais, produzidas em determinado meio. Os autores lançaram mão da cartografia, ou seja, um olhar com base nos processos e diversos fatores que produziram as questões que estão no foco de análise. O pressuposto é que o usuário deve ser o protagonista do seu projeto terapêutico. São estas questões que estão sendo debatidas no texto que conclui pela necessidade de considerá-las em um movimento de renovação dos saberes e práticas clínicas para uma abordagem mais integral do corpo e do cuidado em saúde.

Experiências de mulheres negras ao adoecer por câncer de mama: A imanência do sofrimento e cuidado

“…Perante aos modos existências fragilizados por estas mulheres em toda a sua história, há de se pensar em práticas de cuidado que tenham na sua práxis ferramentas que considerem importantes a relação intersubjetiva entre a usuário e o trabalhador de saúde com ações pautadas nas tecnologias leves, pois é necessária uma comunicação não violenta e específica para a realidade destas mulheres, diante de existências com vulnerabilidades, sofrimentos, crenças e relações (Franco & Hubner, 2019, Merhy, Baduy, Seixas, Almeida, & Júnior, 2016.…”

Processo de trabalho de Agentes Comunitários e saúde mental: percepções de trabalhadores da saúde de um município do interior do Ceará

“…É importante a reflexão sobre o significado da palavra cuidado, pensada não apenas como um conjunto de medidas terapêuticas e procedimentos destinados a tratar e/ou curar um corpo biológico, mas numa dimensão ampliada em que deve ser considerada a existência da pessoa no mundo, o ambiente em que ela vive, os estressores do cotidiano que está exposta e as relações intrapessoais e interpessoais. Cuidado é arte de produzir potência no outro, independentemente das circunstâncias (Franco & Hubner, 2019).…”

Percepções de usuários adultos sobre sua não adesão aos cuidados primários de saúde bucal

“…Assim, a identificação de contextos desta natureza na vida da pessoa com necessidade de atenção à saúde pode revelar questões importantes para o plano de cuidados que costumam ser invisíveis por uma prática assistencial de modelo mais prescritivo. 18 E aí, o aspecto estético pode se revelar motivador:…”