O texto situa-se no âmbito da construção do desenho curricular do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Magistério intercultural Indígena com professores do povo Huni Kuin, dos municípios de Tarauacá, Jordão, Feijó e Marechal Thaumaturgo, desenvolvido no Laboratório Intercultural - LABINTER da UFAC, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade. O artigo tem como objetivo analisar o percurso e tensões que envolveram a construção do desenho curricular intercultural com esse povo. No percurso investigativo foi privilegiado a produção do Grupo Modernidade-Colonialidade, principalmente pelo o que está circunscrito no pensamento de Walsh (2005). No primeiro momento são apresentado conceitos que orientaram a construção do desenho curricular onde imperou a vontade de não impor a cultura escolar, historicamente construída para os que não são indígenas. Na sequência, esboça-se breve histórico do que tem se constituído a educação dos povos indígenas e a decisão política do povo Huni Kuin voltar-se para uma educação que atenda seus interesses. Por fim, é narrado o percurso e tensões que envolveram a construção do desenho curricular intercultural com esse povo. Foram analisados toda a documentação produzida pelo grupo no Laboratório de interculturalidade – Labinter (Caderno Textuante, Relatório geral do I Seminário de pesquisas da escola indígena, realizado na Aldeia Morada Nova/Feijó) diário de campo produzido no ano de 2019 no ambiente das reuniões e durante o III Seminário Internacional de Linguagens e Culturas Indígenas – línguas ameríndias: diversidades, tradições e memórias) e dissertações de mestrado que tematizaram aspectos educacionais dos Huni Kuin.
Esse artigo tem por objetivo refletir sobre as relações entre currículo e as culturas subalternizadas, perpassando pelas discussões que contribuem com essa relação, como aquelas relacionadas com o debate em torno dos conceitos de interculturalidade, territorialidade e multiculturalidade a partir de autores que pensam a
O artigo alinhava contribuições ao conceito de currículo do devir, veiculado em um artigo anterior. A metodologia pautou-se no levantamento da literatura pertinente à temática e a produção de currículos diferenciados, esboçados nas duas últimas décadas, veiculados em dissertações e teses originárias de Programas de Pós-Graduação do norte do Brasil. Resgata-se discussões acerca dos desenhos curriculares e articula-se a duas metáforas da linguagem Huni Kuin, oferecendo outras possibilidades que superem o cerceamento das propostas nacionais. A compreensão do conceito de currículo em devir está articulada à perspectiva dos estudos de Deleuze (1988; 2003), no qual os sujeitos do processo educativo assumem eticamente o protagonismo das ações, embasados em estudos, diálogos e reflexões, sem a submissão a outros que não vivenciam a escola. Para Deleuze a arte seria o apogeu do processo de articulação da linguagem. O artista incumbe-se do processo de ressignificação dos signos, libertando-os das âncoras sociais que os aprisionam. O currículo do devir teria esse desenho, livre, polissêmico, aberto à criação de possibilidades. Duas metáforas da linguagem Huni Kuin são articuladas por conter um potencial explicativo capaz de esclarecer o conceito de currículo do devir: Yube (jibóia) e Kene ku (desenhos verdadeiros), revertendo a ordem predominante do desenho arbóreo que orienta os currículos.
O artigo é fruto das discussões realizadas no Laboratório de interculturalidade – Labinter/UFAC, a partir da narrativa de José Domingos Kaxinawá, originário dos povos Huni Kuin do Rio Envira - Acre. O objetivo foi analisar fatores emergidos na narrativa sobre a trajetória de formação. Problematizar os fatores de formação que proporcionaram a visibilidade ao indígena norteou a análise. A coleta da narrativa aconteceu por meio de atividades avaliativas de disciplinas universitárias, denominadas história de vida/vida escolar. Foi estabelecido diálogo com Bauman (2005), Santos (2010), Goody (2012), Veiga-Neto (2003) e Candau (2012), e com outros autores que tematizam questões indígenas; a supremacia da Língua Portuguesa e a territorialidade indígena. O indígena é o “outro” na escola da cidade, tendo que silenciar a sua cultura para se manter estudando e prosseguir nos segmentos da Educação Básica e superior.
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