O artigo tem como objetivo refletir sobre alguns aspectos teóricos acerca da condição da docência e dos docentes universitários, seus saberes, seu trabalho e as relações construídas historicamente com esse fazer. Apresentamos um percurso da consolidação do ideário da universidade pública brasileira e os desdobramentos na costura da docência universitária como condição diferenciada para se realizar o trabalho, entendido por nós como sendo o ambiente de desenvolver-se profissionalmente, ao mesmo tempo em que é o lócus provocador de mudança da própria universidade, da própria condição docente e de sua relação com a sociedade. O projeto inacabado de universidade pública brasileira está sujeito, mais uma vez, ao enfrentamento da lógica do neoliberalismo, de aligeirar-se, despir-se de tempo para conhecimento, para produção, para qualidade do fazer pedagógico, na medida que sua pouca autonomia conquistada começa a ser retirada através do falso discurso da não ou da baixa produtividade a serviço do mercado e das demandas do capital não atendidas. O impacto dessas ameaças está diretamente ligado à conformação que a docência assume e submete-se para tentar sobreviver. Professores cansados, desanimados, produzindo, muitas vezes, trabalhos com qualidade duvidosa e submetendo-se às péssimas condições de trabalho, salários que não correspondem com a condição e exigência da profissão, ou, ainda, editais que nem sempre aportam recursos que validem um montante significativo de financiamento para pesquisa e ou para o aumento no número de pesquisadores, põem a mostra da realidade atual, que carece de mudanças conceituais sobre o que é a universidade e de suas condições para construir a docência universitária.
Este artigo visa discutir os impactos das exigências dos cursos de pós-graduação sobre a Qualidade de Vida (QV) de alunos, inferir possíveis impactos e sugestões de encaminhamentos. Trata-se de um excerto de uma investigação que teve como foco a formação de docentes para o ensino superior, sob diferentes ângulos, abordando resultados numa perspectiva qualiquantitativa. Teve como participantes uma amostra (27,12% do universo) de alunos ingressantes num programa de pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, referência na área. Os dados foram constituídos no final de 2019 a partir da aplicação de questionário WHOQOL-BREF, validado pela Organização Mundial da Saúde, e análise de notas de campo constituídas durante uma disciplina ofertada pelo programa. Verificou-se que a QV dos entrevistados pode ser considerada mediana: próxima a 60 pontos (1 a 100), sendo os indicadores dos homens menores que os das mulheres; a maioria dos entrevistados sentia dor e desconforto, fazendo uso de medicamentos; apresentava dificuldades na realização de atividades cotidianas; o produtivismo, o fator tempo, dentre outros, fazem parte dos elementos estressores. Defende-se que os programas/universidades devam propor movimentos articulados junto às agências reguladoras, visando melhoria dos instrumentos e critérios avaliativos, além de atividades de acolhimento, buscando acompanhar os alunos e minimizar os fatores estressores no ambiente acadêmico.
TRATA-SE DE REFLEXÕES A PARTIR DE RESULTADOS DE PESQUISAS SOBRE O INGRESSO DE PROFESSORES DE BIOLOGIA NA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA, TENDO COMO REFERÊNCIA AS NARRATIVAS DE TRÊS PROFISSIONAIS. COM BASE NOS ESTUDOS (AUTO)BIOGRÁFICOS, TEMOS OBJETIVO APRESENTAR A REALIDADE DE INÍCIO DA CARREIRA, OS DESAFIOS PROPOSTOS E O ENCONTRO COM FORMAS DE LIDAR COM O NOVO. AFINAL PARA A DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA NÃO HÁ UMA FORMAÇÃO ESPECÍFICA QUE GARANTA EXPERIÊNCIA A PRIORI COM O UNIVERSO ACADÊMICO. DOS RELATOS, DEPREENDEMOS QUE A RELAÇÃO COM O INÍCIO DA CARREIRA SERÁ SINGULAR, A FORMAÇÃO PARA ESSE DOCENTE SE DARÁ A PARTIR DAS EXPERIÊNCIAS, NÃO HOUVE UMA MOMENTO DE FORMAÇÃO OFERECIDA PELA INSTITUIÇÃO PARA TAL FINALIDADE NAQUELE MOMENTO DE PESQUISA, HÁ ENCONTROS FELIZES COM A FAZER-SE PROFESSOR, MAS TAMBÉM HÁ DESAFIOS PROPOSTOS NO PROCESSO FORMATIVO DE TAIS PROFISSIONAIS QUE MERECEM ATENÇÃO POR PARTE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS INSTITUCIONAIS.
Narrativas de professores de ciências sobre seu percurso formativo junto ao mestrado acadêmico: mudanças, enfrentamentos e perspectivas Resumo Trata-se de pesquisa realizada durante os anos de 2016 a 2018 que investigou as relações tecidas entre os professores que realizaram mestrado acadêmico e o retorno à escola e seus afazeres em sala de aula. Para esse momento, apresentamos uma parte do estudo na tentativa de trazer à tona algumas reflexões sobre: O que muda nessa relação? Como a escola percebe e se prepara para esse retorno? Como o professor entende esse percurso? Objetivo é apresentar o que encontramos nas narrativas dos professores ao mesmo tempo em que chamamos atenção para as tensões entre formação e espaço de trabalho, distanciamentos, mudanças e enfrentamentos que permeiam o fazer mestre no contexto de políticas públicas que nem sempre estão na mesma sintonia. Os estudos (auto)biográficos fizeram parte de nossa caminhada no exercício de uma compreensão interpretativa-narrativa de si e também por nos permitir uma formação refletida/reflexiva nessa tensão de exercitar a relação com a história formativa do outro. Daquilo que fora narrado, a esperança faz parte do dito, do materializado; as expectativas de reconhecimento nem sempre são acolhidas pelo colegas e gestores, os aprendizados são sempre valorosos, o retorno à universidade fora sinalizado como algo bom e necessário, porém o formato do trabalho, a falta de conexões mais profícuas entre a escola/ universidade, professorado/ licenciatura/ formação continuada, aparecem como desafios urgentes para a mudança de perspectiva de entendimento dessa formação ao longo da vida.
Construir um artigo dedicado à História Oral e a seis mãos não foi uma tarefa fácil, mas ao final de tecidas todas as teias, descobrimos que alcançamos nosso objetivo que é continuar dando visibilidade a uma metodologia de pesquisa que, apesar de seu recente reconhecimento no Brasil, ainda necessita de divulgação estimulando a propagação e reconhecimento da História Oral como uma boa alternativa metodológica de pesquisa. A história oral tem sido utilizada pelo nosso grupo de pesquisa como um procedimento metodológico capaz de nos auxiliar a conhecer e analisar histórias pessoais e de grupos de forma singular, recuperando registros do passado com auxílio da memória dos sujeitos de hoje. Nesse sentido acreditamos que as pesquisas necessitam definir o percurso teórico-metodológico para assim encontrar caminhamos e compor os possíveis achados das pesquisas.
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