A relação entre condições de trabalho e saúde constitui o objeto deste artigo. O crescente grau de intensidade imposto ao trabalho contemporâneo provoca sérios danos à saúde dos trabalhadores. O artigo acresce ao estudo a ótica da imaterialidade, que fornece base para a hipótese de que a transição para atividades imateriais intensificadas está criando um perfil próprio de problemas de saúde para os trabalhadores. A análise empírica é realizada com o auxílio de dados provenientes de levantamento efetuado junto a 825 trabalhadores assalariados do Distrito Federal, Brasil. A análise das informações conduz à conclusão de que existem dois perfis diferenciados de problemas de saúde: o primeiro exemplificado pelas respostas dos trabalhadores da construção civil, protótipo do trabalho material; o segundo pelas respostas dos trabalhadores de telefonia, um ramo de atividades imateriais recentemente privatizado no Brasil e submetido ao rigor da competição internacional. Se a intensificação do trabalho material atinge primordialmente o físico do trabalhador, como nos casos dos inúmeros acidentes de trabalho, a intensificação nas atividades imateriais também conduz a problemas de saúde, mas com um perfil diferenciado, centrado mais em aspectos cognitivos, emotivos, relacionais e sociais da pessoa do trabalhador e do grupo a que pertence.
Resumo: Propõe-se, neste artigo, analisar a contribuição da produção social de quatro intelectuais que trabalharam nos primórdios da Universidade de Brasília com relação à teoria marxista da dependência. São utilizados textos e memoriais produzidos à época e duas entrevistas realizadas recentemente, além da bibliografia sobre o assunto. Encontrou-se evidência de que a Universidade de Brasília foi lugar de embate teórico travado entre funcionalismo e marxismo, da necessidade de fundamentar a produção analítica dos intelectuais com o aporte metodológico e teórico do marxismo, da realização da crítica sobre a concepção da relação entre países que fazem parte do sistema mundial como desenvolvidos e subdesenvolvidos, sem com isso envolver uma relação de exploração, embora se tenha encontrado nos textos referências e raízes de elementos da teoria da dependência, tal como o mecanismo da exploração redobrada pela burguesia nacional e pelo capital internacional. O artigo destaca a formação militante de pelo menos três dos quatro intelectuais nas fileiras da Organização Revolucionária Marxista -Política Operária (Polop) e sua influência sobre a atuação política e a necessidade da revolução socialista.Palavras-chave: teoria marxista da dependência, desenvolvimento, subdesenvolvimento, império, Universidade de Brasília.
Resumo: O objeto deste artigo é a discussão de elementos conceituais e metodológicos envolvidos com o fenômeno da intensidade do trabalho. Pesquisas realizadas em diversos países mostram que a intensificação é um componente estruturante do trabalho na contemporaneidade e essa tendência tem a capacidade de se prolongar por tempo indefinido sob o paradigma da hegemonia neoliberal que continua a reger as relações econômicas mundiais. O mesmo consenso não prevalece em relação a definições conceituais do fenômeno, seus correspondentes pressupostos teóricos e suas implicações metodológicas. A análise desta falta de consenso constitui o objetivo principal deste artigo. Para atender a este objetivo, será realizada uma revisão da literatura sobre a formulação da teoria do valor trabalho e de pesquisas recentes sobre o tema. A discussão conceitual e metodológica ancora-se na prática de levantamento de informações por meio de surveys da European Working Conditions Survey (EWCS), cujos questionários e relatórios serão analisados no tocante à objetividade e subjetividade, à relação das práticas empíricas com pressupostos conceituais, entre outros. Este ensaio de crítica conceitual e metodológica tem em vista estabelecer parâmetros para pesquisas necessárias ao contexto brasileiro, dadas, especialmente, as implicações da intensificação laboral sobre as condições de saúde de quem trabalha.Palavras-chave: teoria do valor trabalho; intensidade laboral; conceitos; metodologia. IntroduçãoO cerne da discussão deste artigo está focado no alcance da conceituação e organização das práticas do estudo empírico do fenômeno da intensidade laboral. Pesquisas levadas a termo em diversos países são praticamente unânimes em fornecer evidências sobre a existência de um processo de crescente intensificação do trabalho contemporâneo. Surveys realizados nos países da União Europeia nos úl-timos vinte anos pela Fundação Europeia para o Desenvolvimento das Condições de Vida e de Trabalho posicionam-se de maneira categórica a respeito da tendência do fenômeno do grau da intensidade no contexto do trabalho contemporâneo.A intensidade, tal como percebida pelos empregados, aumentou entre 1995 e 2000. Esta tendência não pode ser totalmente explicada pela disseminação de constrangimentos objetivos das cadências impostas pela organização do trabalho (Boisard et alii, 2003: 67).No relatório de outro survey, conclui-se que "não há elementos para a hipótese de que a intensificação do trabalho tenha cessado ou que esteja diminuindo" (Burchell
Interpretações da teoria do valor trabalho encontram dificuldades em definir o papel e o lugar das atividades de serviço com relação à produção ou não de valor. Esse problema ganha magnitude na medida em que a perspectiva histórica mostra que os serviços são grandes empregadores de mão de obra na atualidade. Tradicionalmente, os serviços são entendidos como atividades não produtivas, devido ao fato, dentre outros argumentos, de que não resultam em materialização na forma de mercadorias, ou que não produzem novos valores e mais-valia. O objetivo deste artigo é examinar essa questão e sugerir a proposição de que certos serviços, que preenchem determinadas condições, podem ser interpretados como produtivos de valor e de mais-valia. O artigo examina as categorias materialidade e imaterialidade, assim como as de trabalho produtivo e não produtivo de valor, introduzindo, a seguir, critérios para distinguir trabalhos produtivos e não produtivos de valor no setor de serviços. Com isso, pretende contribuir para clarificar o entendimento da teoria do valor trabalho num terreno entrecruzado de polêmicas e de posições teóricas diferenciadas.
RESUMOO Brasil chama a atenção pelo número de entidades sindicais de trabalhadores. Uma pesquisa feita pelo IBGE em 2001 resultou em 13.203 sindicatos, dos quais 9.186 tinham registro no Ministério do Trabalho e Emprego. Onze anos mais tarde, em 2012, este mesmo Ministério registra 9.954 instituições com certificado ativo, aproximadamente 8% a mais de sindicatos em onze anos. Qual o significado da ampliação do número de sindicatos? Está-se diante de processos de saudáveis organizações de novas bases sindicais ou se trata de fragmentação de forças? O artigo discute esta questão e também mostra a heterogeneidade da estrutura sindical, que apresenta um grande número de organizações dadas as práticas constitutivas requeridas por lei. Opera-se com a hipótese de que boa parte da divisão organizativa, processo que se observa no interior dos sindicatos de trabalhadores, corresponde a uma fragmentação em decorrência de lutas por espaços políticos, por verbas do imposto sindical, por divisão territorial e por puro corporativismo, o que não implica em elevar a capacidade de luta da estrutura como um todo. A primeira parte do artigo analisa o princípio da liberdade sindical e sua implementação pela Constituição de 1988. A segunda procede a um estudo mais circunstanciado ao sindicalismo no setor da educação, especialmente a educação superior. O vertiginoso surgimento de centrais sindicais após o ano 2000 fornece força cabal ao argumento da fragmentação.Palavras-chave: sindicato em educação; unicidade sindical; liberdade sindical; heterogeneidade; fragmentação. ABSTRACTBrazil has a large number of labor unions. A union survey made by IBGE in 2001 resulted in 13.203 unions, of which 9.186 were certified by the Labor 1 O autor agradece o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para a pesquisa que deu base a este artigo.
In this article, we analyze the Universidade Aberta do Brasil (UAB [Open University of Brazil]) program, the aim of which is to democratize the Brazilian educational system, through the distance education modality and its institutionalization in the University of Brasília (UnB). We question the democratizing intent of the program, based on contemporary theses that deal about the renewal of education reproduction dynamics and on the specialized literature already accumulated on the program in question. Precisely, we question whether the educational modality at issue becomes stratified, in a type of intra-institutional duality. For this, interviews were conducted with coordinators of undergraduate distance programs, seeking to analyze the several dimensions of the supposed intra-institutional duality generated by the program. A documental analysis was also conducted, aimed at complementing the understanding of the subject and reaching the goal of the research. A complex institutional scenario was found, with significant changes over the years of application of the program. However, it became clear that institutional and teaching operations, and community relations in distance programs, in several aspects, are marginal to face-to-face programs. After an analysis of the research results, it was concluded that the distance modality is confined to merely partial institutionalization and inclusion, reinforcing the thesis of the theory of reproduction in its most current version.
O presente livro é o resultado de uma análise geral acerca do chamado “trabalho em condição análoga à de escravo no Brasil contemporâneo”; e, de modo específico, de uma pesquisa realizada a partir de dados obtidos junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, em 2012 e 2013, tidos como os anos de maior ocorrência de autuações dos grupos de fiscalização móveis em fazendas da região Norte do país, em particular no estado do Pará, quanto às práticas de trabalho, da chamada “escravidão contemporânea”, em especial, a “escravidão por dívida”. A pesquisa contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e teve como objetivo geral analisar o perfil sóciodemográfico e a origem social dos trabalhadores brasileiros contemporâneos em condições análogas às de escravo. Dois objetivos específicos foram considerados, a saber: analisar a estrutura familiar, educacional, ocupacional, por idade, sexo e demais informações contidas nos formulários dos trabalhadores resgatados; e traçar a origem social destes, por intermédio de informações contidas nas guias do seguro-desemprego e nos relatórios de fiscalização de operações e autuações. Os resultados encontrados pela pesquisa reforçam o entendimento sobre como e por que razões se reproduz a escravidão na sociedade contemporânea. As modernas sociedades empregam trabalho escravo, por ser barato e abundante. Reagem os escravizados: NÃO SOMOS ESCRAVOS!
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.