O objetivo desse ensaio é analisar a participação da empresa privada no 3o setor. Resultado de pesquisa realizada em quatro dentre as sete instituições gaúchas associadas ao GIFE, que é a entidade que reúne as iniciativas empresariais de maior destaque no campo social no Brasil, esse artigo revela a substituição, nessas instituições, da lógica da caridade pela do investimento social. O que faz com que o ato de doar assuma conotações estratégicas, priorizando ações e projetos que por suas características sejam interpretados como capazes de aportar uma contribuição mais efetiva ao enfrentamento da questão social. Paralelamente, evidencia-se, também, a preferência das instituições gaúchas, mantidas pelo capital privado e associadas ao GIFE, por ações de caráter preventivo, tais como aquelas que visam evitar a marginalização de crianças e adolescentes, em situação de risco social. Entre tais ações pode-se apontar as escolas de iniciação profissional.
This study analizes the participation of private business in the Third Sector. It is based on research carried out in four of the seven `gaucho' institutions, affiliated to GIFE, an institution that congregates outstanding business initiatives in the social field in Brazil. The article reveals the move from the `logic of charity' to that of social investment. Thus, the act of giving gains strategic connotations setting a priority on actions and projects that, due to their features, may be interpreted as being capable of contributing more effectively towards the solution of social problems. At the same time, the `gaucho' private business institutions associated to GIFE show a clear preference for preventive actions such as those that aim at keeping children and adolescents from becoming outcasts. Schools providing professional traineeship are among such initiatives
De natureza teórica, este artigo tem por objetivo analisar desafios que se colocam à consolidação de um sistema de governança ambiental global. Considerando que a questão ambiental diz respeito a um bem público global, sobrepondo-se, pois, aos limites estabelecidos pelas fronteiras físicas dos Estados-Nação, é dada especial ênfase à análise das questões da participação e da fragmentação da estrutura organizacional do sistema de governança transnacional em vigor atualmente. Para tal, questiona-se em que medida a estrutura criada sob a égide da ONU viabiliza a expressão democrática dos diferentes interesses envolvidos. Após consulta a importantes publicações sobre o tema, a conclusão a qual se chega, apoiada em Hermet (2005) e Kazancigil (2005), é a de que, para fugir da tendência à concentração do poder em grupos que defendem interesses particulares, seria necessário reafirmar a soberania e a legitimidade do campo político.
Este artigo tem como objetivo a proposição de um exercício de reflexão teórica sobre a governança da cooperação internacional para o desenvolvimento. Contrapõem-se neste artigo duas amplas abordagens sobre desenvolvimento (uma pautada pelo viés econômico, pela ideia de progresso e pela universalidade normativa; e outra traduzindo uma intenção normativa, embora contra-hegemônica, com relação ao discurso dominante sobre desenvolvimento, sendo pautada pela contextualidade local, histórica, cultural e territorial). Tende-se a acreditar que, mais do que resistirem ou pactuarem com as organizações não governamentais (ONGs) ou com as organizações intergovernamentais (OIGs) do norte, as organizações da sociedade civil (OSCs) e as ONGs do sul condescendam às estratégias das primeiras. Por essa razão é interessante identificar a maneira como essas organizações respondem ao processo de governança no seio da cooperação internacional para o desenvolvimento. Neste sentido, serão abordados concepções e propósitos da cooperação internacional para o desenvolvimento, seus antecedentes históricos e questões atuais, os variados papéis do Brasil nesse contexto, diferentes facetas do desenvolvimento, origens e atores envolvidos na governança da cooperação internacional para o desenvolvimento. Por fim, apresentam-se algumas considerações finais.
ResumoA difusão da ideologia neoliberal nas sociedades ocidentais se fez acompanhar da revisão das atribuições do Estado com a transferência de uma parcela significativa de funções que ele havia assumido no contexto do Welfare State, para organizações privadas de interesse público. Organizações essas ungidas, a partir de meados dos anos 1990, com os óleos da autonomia política e do comprometimento com as causas dos grupos em situação de vulnerabilidade e, portanto, as mais qualificadas para representá-los na esfera pública.O presente artigo, cuja fundamentação teórica reporta a Habermas (1992; e, em especial, às noções de mundo da vida e mundo do sistema, analisa a participação da ONG Cidade no espaço público construído na cidade de Porto Alegre em função das mudanças que vêm ocorrendo na paisagem urbana, dadas as exigências impostas pela FIFA para a inclusão de Porto Alegre como cidade sede de jogos da Copa de Futebol de 2014. A análise dos dados coletados pelo método de observação participante e da consulta a fontes secundárias revela que a referida ONG não está conseguindo defender os interesses populares diante do avanço da especulação imobiliária, bem como que o Estado, indiretamente, está sendo cúmplice desse processo.Palavras-chave: democracia; planejamento urbano; mundo da vida; mundo do sistema; organização não governamental. (1992, 2002, 2003) Bibiana Volkmer Martins
Construído a partir dos resultados da pesquisa que investigou inovações em empreendimentos de economia solidária, este artigo analisa, à luz da teoria dos campos (BOURDIEU, 1989), as razões do fracasso do projeto que visava implantar uma central coletiva para a comercialização de resíduos sólidos (Cicrs), na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPOA). Entre os fatores que teriam contribuído para o insucesso da referida proposta - que contava com uma extensa lista de apoiadores -, destaca-se a disputa entre lideranças das duas principais correntes políticas representativas dos trabalhadores do setor de reciclagem A principal contribuição do artigo reside em problematizar o conflito de interesses e as disputas de poder, dois temas "tabus" nos estudos sobre redes de economia solidária.
RESUMOA partir da perspectiva da cooperação Sul-Sul para o desenvolvimento, discursivamente apresentada como um processo de parceria entre países semiperiféricos e periféricos para fins de vantagens mútuas, o presente artigo, de natureza teórica, tem por objetivo provocar a reflexão acerca dos termos em que está se dando a cooperação entre o Brasil e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs). Para tal, apresenta os projetos e investimentos realizados pelo Brasil, nos últimos doze anos, no conjunto dos PALOPs, notadamente na área de educação, com destaque para os atores por eles responsáveis. Os dados coletados revelam que 77,45% dos projetos de cooperação brasileira na África estão sendo realizados nesses países e que a área da educação é que mais está recebendo recursos (15,53%), alocados, principalmente, em formação profissional, alfabetização e formulação de políticas públicas para a educação. A conclusão a que se chega é que o direcionamento das ações de cooperação está em consonância com objetivos e estratégias da Política Externa Brasileira (PEB), refletindo tanto os objetivos de natureza política e econômica almejados pelo país quanto as questões de natureza cultural referentes à proximidade linguística e à matriz colonial comum ao Brasil e aos referidos países lusófonos. Palavras-chave: Cooperação Sul-Sul; Educação; Brasil; PALOPs. ABSTRACT From the perspective of South-South cooperation for development, discursively presented as a partnership process between peripheral and semi-peripheral countries for mutual benefit, this paper, theoretical, aims to provoke reflection about the terms on which are giving cooperation between Brazil and African Countries of Portuguese Official Language (PALOP). For such, it presents the projects and investments in Brazil over the last twelve years, in all the
Existe um discurso difundido no imaginário social que aponta as empresas como os atores mais qualificados para resolver os problemas sociais, dada a competência que elas vêm demonstrando para enfrentar a concorrência em mercado globalizado e competitivo. No entanto, defende-se que, subjacente a essa visão, está uma visão reducionista da complexidade dos fatos sociais, ao considerar os problemas do campo social como passíveis de serem equacionados pela simples gestão eficiente e eficaz de recursos. O presente artigo foi embasado em pesquisa empírica realizada em sete empresas da região da Serra Gaúcha, agraciadas com o prêmio Responsabilidade Social oferecido pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. O método de trabalho utilizado foi o de estudos de casos múltiplos; como técnica de análise de dados, foi utilizada a análise de conteúdo. Dentre os resultados destacam-se: a fraca intensidade da relação entre empresa e beneficiados, o baixo grau de estruturação dos programas e uma sobreposição de programas atuando com o mesmo público. O artigo aponta os limites de programas sociais de empresas privadas, e propõe, a partir da teoria do capital social, uma proposta para qualificá-los, de modo a potenciar sua contribuição para a construção de uma sociedade mais equilibrada.
Créditos: Agradeço à FINEP e ao CNPq o apoio recebido para a realização dessa pesquisa RESUMO:O presente trabalho analisa o impacto do processo de reestruturação da indústria petroquímica brasileira, em particular, das empresas que compõem o Pólo Sul, sobre a qualificação dos operadores industriais. A pesquisa que deu sustentação empírica a esse estudo investigou a realidade de três dentre as seis empresas do pólo gaúcho. Elas foram escolhidas por diferirem entre si quanto à posição na cadeia petroquímica e à composição do capital controlador. A análise dos dados revelou, em todas as empresas pesquisadas, a ênfase na multifuncionalidade representativa, tanto da multiqualificação, como da multitarefa; a obsolescência social do saber-fazer; o destaque para as competências comportamentais tais, 2 como a "competência grupal" e o comprometimento (sinônimo de pró-atividade à mudança e capacidade de responder à desafios), como também a valorização de habilidades específicas, entre as quais se pode destacar: a iniciativa, a criatividade, a comunicabilidade, a competência avaliativa, a capacidade de planejar e de organizar o trabalho, a visão de conjunto e a capacidade para aprender no próprio local de trabalho. Constatou-se, entretanto, que embora o perfil de qualificação exigida dos operadores seja semelhante, varia significativamente de uma empresa para outra, a gestão do processo de aquisição de tais habilidades a ponto de ser possível identificar duas estratégias ou "modelos" específicos de empresa: o de competência incitada, e o modelo de comprometimento imposto. ABSTRACT Economic Reorganization, Work Relations and Qualification of the Workers in the Petrochemical Industry in Rio Grande do SulThis paper analyses the reorganization of Brazilian petrochemical industry concerning particularly the companies belonging to the South pole, in regard of the work relations, and the qualification of the industry workers. The research that served as basis on this study investigated three out of the six companies belonging to this pole. These companies were chosen because they are different one from another in what concerns their position in the petrochemical chain and their 3 composition of main shareholder. The analysis of the data has shown in all companies the emphasis in the multifunctional aspect (which is representative in the multiqualification as well as in the multitask aspect); the social outdating of the "know how to do"; the emphasis in the behavioral competencies, such as engagement (synonym of proactivity to the change and ability of facing challenges) and the "group competence", as well as the valorization of specific abilities, such as enterprise, creative power, communication, valuation, planning and organization, capacity of perception of the whole and of learning on the job. However it was verified that although the required qualification profile was similar in all companies, the managing process of acquiring such abilities varies significantly from one company to another. It was possible to identify two dif...
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