Abordamos neste trabalho as políticas atuais destinadas à educação das crianças pequenas na América Latina. Realçamos a emergência dos discursos sobre a "infantilização da pobreza", associada às estratégias de focalização de ações e de políticas sociais, dentre estas as de educação, nos chamados segmentos vulneráveis da população. Tais discursos atualizam antigas práticas de educação compensatória, criando novos dispositivos de controle sobre as crianças e suas famílias. A análise do contexto brasileiro evidencia os crescentes nexos entre as iniciativas governamentais locais e aquelas predominantes em outros países da região latino-americana, especialmente no que concerne à segmentação da educação infantil (priorização da pré-escola). O estudo desenvolvido demonstra a presença na região, em âmbitos governamentais e não governamentais, de discursos conservadores de caráter economicista e biologizante que pretendem ser orientadores desta etapa educativa.
RESUMO: Este texto procura sistematizar as questões ao redor das quais desenvolveram-se as análises sobre qualificação e reestruturação produtiva nas pesquisas educacionais. Para elaborar este balanço, recorremos aos principais estudos da área publicados na últi-ma década no Brasil. Foram consultadas, também, as contribuições do GT Trabalho e Educação da Anped, assim como os anais de encontros e seminários recentes sobre o tema. O artigo aborda os principais tópicos que, em diferentes momentos, marcaram este debate, em especial: politecnia e polivalência; inovação nos sistemas de produção e demanda por qualificações; centralidade da educação básica; qualificação e competências discutindo, por fim, suas implicações para a questão da empregabilidade.Palavras-chave: Qualificação, educação e trabalho, reestruturação pro dutiva, competências, empregabilidade. IntroduçãoDesde a década passada, novos conceitos de produção, que se apresentaram como alternativas ao modelo taylorista/fordista, foram disseminan-* Este artigo constitui uma versão resumida e ligeiramente modificada de uma parte do texto "Qualificação, reestruturação produtiva e formação profissional no Brasil: Contribuições da sociologia do trabalho e da educação", elaborado como consultoria ao projeto "Reestruturação produtiva e qualificação", do Programa de pesquisa em ciência, tecnologia, qualificação e produção, do Cedes, financiado pelo CNPq/CCDT e Finep/Proeduc.
a Educação das crianças pEquEnas como Estratégia para o "alívio" da pobrEza* Rosânia Campos** Roselane Fátima Campos*** RESUMO O objetivo desse artigo é discutir as indicações destinadas à educação infantil produzidas por organismos internacionais. De modo específico, analisamos dois projetos em ação na América Latina, sendo um coordenado pela Unesco e outro pela OEI. Neste trabalho, estudamos os principais documentos produzidos no âmbito desses projetos, observando as concepções e a lógica que os sustentam, suas divergências e similitudes. Segundo as indicações destes, a educação infantil é uma importante estratégia no combate à pobreza e um meio para promover a equidade, sendo seu foco as crianças e famílias que vivem em "situação de vulnerabilidade social". Em consequência, a educação infantil é caracterizada como um serviço, afastando-se da concepção de um bem público que deve ser garantido como direito às crianças e famílias.Palavras-chave: Educação infantil. Políticas públicas. Organismos internacionais. Educação e redução da pobreza.
Este artigo tem como objetivo analisar o Programa Família Brasileira Fortalecida, patrocinado pelo Unicef e adotado pelo governo brasileiro como estratégia para ampliar a oferta de atendimento para crianças de 0 - 3 anos. Esse programa encontra-se fortemente vinculado às orientações produzidas por organismos multilaterais, tais como Unesco e Unicef, ratificadas nos diversos fóruns que reúnem governantes da América Latina e Caribe (OEA, OEI). O programa brasileiro sustenta-se em um conjunto de concepções e recomendações destinadas diretamente às famílias que passam a ser mediadoras na educação das crianças. Constatamos que, por meio desse programa, procura-se imprimir novas normas de conduta, administrando e disciplinando as práticas e as estratégias socializadoras das famílias pobres, transformando o espaço familiar em um espaço pedagogicamente orientado. O Programa visa ainda à administração da pobreza, diminuindo as disparidades sociais e à promoção de um ambiente de educabilidade familiar, considerado como essencial para o posterior sucesso escolar da criança.
Nos anos 30, um expressivo movimento de educadores brasileiros discutiu e propôs novas idéias pedagógicas em oposição às práticas e conceitos predominantes nas escolas da época. Esse movimento foi chamado de Escola Nova. Este artigo visa rever alguns princípios da Escola Nova para indicar alguns aspectos de ruptura e continuidade daquele movimento que podem ser encontrados na reforma educacional dos anos 90 no Brasil. Ele foca quatro dimensões: a função socializadora da escola, centralidade do indivíduo e do processo de aprendizagem, escola como mecanismo equalizador das desigualdades sociais e a escola como o lugar de aprendizado da democracia. Palavras-chave: reforma educacional; política educacional; escola. Abstract In the thirties, an expressive movement of Brazilian educators discussed and proposed new pedagogic ideas in opposition of to traditional practices and concepts prevalent in schools in that period. This movement was called Escola Nova. This article aims to review some principles of Escola Nova in order to indicate some aspects of rupture and continuity of that movement that can be met in the educational reform of the nineties, in Brazil. It focuses upon four dimensions: the socialization function of the school, centrality of individual and the learning process, the school as a mechanism of equalisation of social inequalities and the school as the place of learning the democracy. Keywords: educational change; educational policy; school.
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