O objetivo da pesquisa é analisar as representações sociais da mudança de práticas sócio-educativas entre funcionários da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor de São Paulo (FEBEM-SP). Fundamenta-se na teoria moscoviciana das representações sociais. A "mudança" foi contextualizada com base na Psicologia das Minorias Ativas. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 15 funcionários de uma unidade que se propunha a erradicar qualquer tipo de violência física contra o adolescente ator de ato infracional. A Análise de Conteúdo Temática identificou três temas-chave: "A proposta", "FEBEM-SP" e "Mudança". O núcleo figurativo da representação social da mudança situa-se em torno da violência física. Se compactuarem com esse tipo de violência, os profissionais contribuem para a consolidação dos métodos tradicionais da instituição. Negá-la significa romper e buscar práticas sócio-educativas mais humanistas, nem sempre vistas como possíveis. Representações sociais arcaicas veiculadas na instituição, fundadas na punição e na violência, dificultam a mudança de suas práticas sócio-educativas.
O objetivo deste artigo é examinar a visão da realidade (ou do espaço) social no pensamento de Pierre Bourdieu e na teoria das representações sociais (TRS) de Serge Moscovici, tomando por desencadeador uma discussão sobre a noção de campo, proposta por Bourdieu, particularmente quando expõe a sociologia do gosto, e a noção de grupo na TRS. Na sociologia de Bourdieu, o campo é organizado por princípios como capital econômico e capital cultural, supondo lutas no espaço social, conforme posições sociais, habitus e práticas culturais dos agentes. Na teoria das representações sociais (TRS), os grupos, em suas comunicações, voltam-se para o campo de um objeto que os mobiliza, supondo igualdade na relação de seus membros ao construírem um conhecimento do senso comum, consensual, a respeito desse objeto. Em uma sociologia do gosto dos artistas, por exemplo, o sociólogo de inspiração bourdiesiana pode fazer também um quadro das práticas sociais desse grupo, não somente as referentes a um único objeto (arte). Porém, Bourdieu parece não se ater ao estudo de grupos. Paralelamente, pode-se reprovar os estudiosos de representação social por nem sempre darem importância suficiente à base dos objetos materiais. Os dois autores têm em comum o fato de privilegiarem a dimensão simbólica na construção da realidade social. Têm também como desafio comum superar a dicotomia subjetividade x objetividade na relação indivíduo-sociedade. Por meio dessa aproximação conceitual, o texto busca constituir um olhar psicossocial para a educação, particularmente a escola, sem adotar de antemão uma teoria (TRS) em detrimento da outra (Bourdieu), mas problematizando-as reciprocamente.
O objetivo do trabalho é investigar as representações sociais de alunas de Pedagogia construídas sobre o trabalho docente durante o segundo ano do curso. A pesquisa busca relacionar teoricamente representações sociais, saberes docentes e experiência. Foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior privada do estado de São Paulo, com 20 alunas. Solicitou-se uma redação com o título: “Relate como o segundo ano do curso contribuiu para sua formação como futura professora”. Os dados foram submetidos à análise de enunciação, procedimento que se apóia na análise do processo discursivo, procurando captar o momento em que os sujeitos estão organizando suas idéias para expressá-las. Nesta etapa da formação, as representações sociais sobre o trabalho do professor refletem inúmeras dificuldades, afetivas e sociais, mas também a necessidade de criticar a realidade profissional visando mudanças. NestE contexto, o estágio aparece como possibilidade de relacionar teoria e prática, colocando em questão a teoria.
O objetivo do trabalho é investigar representações sociais de alunos de Pedagogia sobre saberes da prática. Fundamenta-se na teoria moscoviciana das representações sociais e em estudos no campo da formação de professores. A pesquisa foi realizada com 34 alunos do último ano de Pedagogia, 10 de uma universidade privada e 24 de uma universidade pública do estado do Rio de Janeiro. Foram realizados quatro grupos focais, dois em cada universidade. Para provocar discussões nos grupos utilizou-se como recurso inicial um texto com estilo de reportagem que descrevia uma experiência de formação em serviço. A análise do material apoiou-se na análise de conteúdo temática. Os resultados revelam três temas articulados: relação teoria e prática, saberes da prática, e expectativas sobre o curso de Pedagogia. Os resultados mostram um núcleo figurativo das representações sociais dos alunos sobre saberes da prática que destaca a dissociação entre teoria e prática na formação. Esse sentido pode ser condensado por uma metonímia observada na análise do material: “um palco onde se encena uma peça em que o professor é o ator”. No “palco” em que seria portador da teoria necessária para “encenar” o professor faz uma “adaptação” às diferentes realidades escolares e aos diversos públicos de alunos. Assim o professor-ator encena sua prática e a cada dia o “espetáculo” pode ser diferente, dependendo do “cenário” e do “público”. Ao “adaptar” e “encenar’ o professor vai construindo os “saberes da prática” em seu cotidiano de trabalho”, que tende a se afastar do conhecimento científico adquirido na formação.
This article proposes approximations between Pierre Bourdieu's sociology and Serge Moscovici's social representation theory. Both authors are interested in the relationship between agents/groups, social context, and culture, and both value the symbolic dimension in the construction of social reality. Bourdieu highlights the social world of struggles between the socialized agent and culture, while Moscovici privileges interactions involving the collective subject which, whether in conflict or consensus, produces a theory of social knowledge that is revealing of culture. In this broader context, the article highlights relations between ''social positions'' and ''groups'' which are present in both Bourdieu and Willem Doise, an important collaborator of Moscovici in the area of social representation theory. Such relations are founded on the principle of structural homology, a principle based on the correspondence between social structure and symbolic systems. This discussion leads to another: the need to understand ''consensus'' and ''conflict'' in groups, in both Moscovici and Doise, relating them to the action of forces in Bourdieu's social field of struggles. The notion of ''group,'' which is valued in our text, is little discussed by these authors. We emphasize the necessity to go deeper into group interactions in articulation with positions in the social field, and to value group representations and practices in meaning negotiation processes, as well to discuss the question of social change. We propose studying social representations-in groups with homogeneous practices-as a symbolic form of condensation and measurement of
RESUMO: Este estudo tem como objetivo discutir o “núcleo figurativo”, parte integrante da Teoria das Representações Sociais (TRS), fundamentada na Psicologia Social. O foco, aqui, é o campo educacional, na perspectiva de um olhar psicossocial para as relações educativas. O núcleo figurativo é abordado, neste texto, por meio de obras clássicas da TRS, principalmente pelo texto: A psicanálise, sua imagem e seu público, de Serge Moscovici. Avanços posteriores são também considerados, retomando-se os conceitos de “núcleo central” e de “imagem social”. A consequência das reflexões apresentadas para o estudo da objetivação da representação social é a necessária e incontornável complementariedade entre essas noções. A título de ilustração, são apresentadas duas pesquisas da área da Educação, nas quais o núcleo figurativo foi condensado em “metáforas”, as quais coordenaram os discursos dos grupos que participaram desses estudos. Este estudo propõe que o aprofundamento do núcleo figurativo é uma via fértil para as pesquisas no campo da Educação, principalmente porque permite as relações entre pensamento, práticas sociais e mudanças.
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