RESUMO:Este artigo é parte de uma pesquisa que procura investigar os efeitos que um programa de formação de professores pode ter tido na construção da identidade de professores universitários atuando em cursos de Letras, e que dele participaram como orientadores. Trata-se do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná (Seed-PR), para professores de escolas estaduais. Como referencial teórico, utilizamos o conceito de comunidades de prática ligando-o aos conceitos de comunidades imaginadas, identidade e investimento. Examinamos as trajetórias de dois professores universitários e como suas identidades são impactadas pelo processo de orientação no programa PDE, por meio de entrevistas semiestruturadas e um questionário. Os resultados mostram posições divergentes, que se relacionam com formas de alinhamento, imaginação e engajamento. PALAVRAS-CHAVE: identidade profissional; comunidades de prática; comunidades imaginadas; investimento.
Este diálogo reflexivo que apresentamos a seguir começou como uma entrevista piloto com o professor Francisco Fogaça para a pesquisa desenvolvida por Regina Halu durante seu estágio de pós-doutorado. A pesquisa buscava investigar os impactos do fenômeno da expansão da língua inglesa no mundo nas atitudes e práticas pedagógicas de professoras e professores de língua inglesa atuando em cursos de Letras. Nós vínhamos pesquisando juntos sobre formação de professores de línguas em nosso grupo de pesquisa, e já vínhamos refletindo sobre as mudanças na formação de professores e no ensino de inglês a partir do questionamento do status da língua inglesa. A entrevista foi se alongando no tempo e tomando corpo como um diálogo que veio a refletir não apenas sobre nossas atitudes e práticas como professores de Letras em tempos de inglês em expansão, mas também em temas como crenças de aprender e ensinar línguas, formação inicial e continuada de professores de inglês, soluções locais em um mundo globalizado, multilinguismo, linguicismo e inglês como meio de instrução.
O objetivo desta pesquisa qualitativa é investigar as atitudes pedagógicas que docentes pesquisadores universitários atuando na formação de professores de inglês estão desenvolvendo em face aos debates em torno do status da língua inglesa hoje. Para tanto, considero os relatos dos professores participantes, obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, como parte de suas trajetórias identitárias profissionais, inseridas em diferentes comunidades (WENGER, 1988). Como base teórica principal, adoto de Wenger (1988) o conceito de identidade como nexo de trajetórias de aprendizagem pela prática social, de linguagem como discurso (FOUCAULT, 2000) e de atitude tal como utilizado por Duboc (2012). A interpretação dos dados, ao examinar o entrelaçamento entre trajetórias profissionais e construção de atitudes pedagógicas frente às mudanças envolvendo a língua inglesa hoje, enfoca duas tendências: uma em que se desenvolvem atitudes diferentes na pesquisa e no ensino, continuando trajetórias como pesquisadores dentro da tradição que toma, explicita ou implicitamente, o falante nativo como pressuposto teórico, ao mesmo tempo em que na docência problematizam as noções de língua padrão e do nativo como baliza natural para o aprendizado; e outra em que há uma aproximação das atitudes nos dois campos, com esforços para encaminhar tanto a pesquisa quanto a docência considerando as mudanças de status do inglês e as críticas a conceitos como o de falante nativo.
Língua, cultura e letramentos: reflexões sob o olhar de um tigre Língua, cultura e letramentos: reflexões sob o olhar de um tigre Língua, cultura e letramentos: reflexões sob o olhar de um tigre Língua, cultura e letramentos: reflexões sob o olhar de um tigre KOO A Malásia, que surgiu como estado nação apenas em 1963, ao se tornar independente da Grã-Bretanha, é mais conhecida entre nós brasileiros por se sobressair na economia global como parte dos Tigres Asiáticos. Menos conhecida é sua constituição multiétnica, com a presença de populações descendentes de países próximos, como a China e a Índia, e multilíngue, acomodando a língua oficialBahasa Melayu (literalmente, língua malaia), as variedades do inglês malaio, línguas chinesas (como o mandarim, o cantonês e o hokkien) e indianas (como o tâmil), além de outras línguas regionais. Para olhar para a diversidade e as diferenças nessa sociedade complexa, Koo adota uma perspectiva pós-moderna e procura acompanhar sujeitos fluidos em suas negociações de valores entre contextos individuais, comunitários, nacionais e globais, ou seja, sujeitos linguajantes fazedores de sentido que são e estão não em um mundo apenas, mas em vários.No primeiro capítulo, Koo apresenta as questões em torno das quais desenvolve seu argumento a favor de um pluriletramento na sociedade e na educação, em particular, em cuja experiência seja possível construir sentidos que sustentem comunidades capazes de valorizar suas heranças e recursos locais enquanto "interrogam o global e o contemporâneo" (p. 8). Balizando seu texto estão as questões de como lidar com os desafios e contradições que leitores-aprendizes-cidadãos encontram ao procurar posições em uma pluralidade de discursos em contextos multiculturais e transnacionais; quais novas maneiras de ser e conhecer podem ser úteis para essa lida; como se dá a apropriação linguística, sociopolítica e cultural de discursos na construção de novos conhecimentos; quais as consequências da hegemonia de línguas-padrão, especialmente do inglês em seu uso global, para a ecologia da variedade de línguas vivas que garantem sustento e são sustentadas pelas vozes de sujeitos construindo sentidos e seus mundos.O segundo capítulo usa parte de um estudo de caso focando as práticas de letramento de dois mestrandos malaios, professores de inglês experientes, e as posições que assumem (ou não) como leitores de textos acadêmicos em língua inglesa. Ao procurar entender a submissão e retraimento desses dois estudantes proficientes linguisticamente e academicamente qualificados, Koo discute sobre um sistema educacional baseado na transmissão de conhecimento e orientado por uma política avaliativa objetivista, a qual acaba por determinar os conteúdos, invertendo os objetivos educacionais ao justificar a crença de que na Malásia "escolas e universidades treinam os alunos para se saírem bem em exames" (p. 13). Esse sistema compartilha as especificidades da sociedade malaia, tal como sua estrutura fortemente hierárquica e sua característica coletivista, em que se procura m...
RESUMONeste artigo tomamos nossas leituras de Freire como estímulo para abordar questões como a função da escola, os papéis de professores e alunos e os objetivos do ensino de línguas estrangeiras nas escolas regulares, centrais para quem está envolvido com a formação inicial e continuada de professores. Refletimos sobre uma concepção de educação bancária, na qual como professores desejamos depositar e sacar metodologias e recursos didáticos que estanquem a curto prazo as reclamações sobre o ensino de LE na escola regular, mantendo os mesmos objetivos comunicativos, de caráter instrumental, apoiados em uma concepção de língua como sistema de estruturas. Consideramos, então, a alternativa de, compreendendo língua como discurso, tomar o ensino de LE como parte de um processo de educação que considera a legitimidade de diferentes tipos de conhecimento e saberes, o que pode permitir que o educando, pela experimentação com diferentes procedimentos interpretativos na sala de aula de LE, venha a compreender e se posicionar quanto aos diversos valores que irão balizar suas vidas. Por fim, questionamos o papel que a universidade desempenha neste processo e sua capacidade de desenvolvimento de espaços em que novos saberes sejam resultado de um esforço colaborativo com as escolas. (FREIRE, 2000, p. 133-134) Algumas das questões que temos discutido em nosso grupo de pesquisa 1 são a função da escola, os papéis de professores e alunos e os objetivos do ensino de línguas estrangeiras, especialmente da língua inglesa. Essas questões são centrais para nós porque somos professoras de língua estrangeira e trabalhamos com formação inicial e continuada de professores. Faz parte de nosso cotidiano ouvir a reclamação de que não se consegue ensinar e aprender língua inglesa na escola pública. Por exemplo, em PALAVRAS-CHAVE
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