O artigo discute a formação docente no contexto da reforma do Estado no Brasil, articulada às recomendações dos organismos internacionais para a Educação no início do século XXI. Para tanto, utiliza-se do conceito de Agenda Globalmente Estruturada para a Educação (AGEE), proposto por Roger Dale. Esse conceito permite pensar sobre tais reformas, apreendendo-as na dinâmica estabelecida entre países centrais e países periféricos no interior da divisão internacional do trabalho. A análise incide sobre três grandes projetos para a Educação na América Latina e Caribe: o Proyecto Regional de Educación para América Latina y el Caribe - PREALC -, patrocinado pela UNESCO; o Plan de Cooperación, resultante das Cumbre Iberoamericana de Educación, patrocinadas pela OEI; e os Proyectos hemisféricos en educación, patrocinados pela OEA. Privilegia-se, neste artigo, o modo pelo qual essas organizações procuram construir o professor como protagonista e, ao mesmo tempo, como obstáculo à reforma educacional, desqualificando-o teórica e politicamente. Procura-se evidenciar que, no corpus documental dos organismos indicados, dois conceitos são fundamentais para a compreensão da reforma da formação: profissionalização e gerencialismo. A centralidade atribuída a ambos tem em vista ampliar o controle sobre a categoria do magistério e sua potencial capacidade de opor-se às reformas e ao Estado. Corrobora-se a tese de que a reforma educacional tem pouco a ver com questões propriamente educativas e muito mais com a busca de uma nova governabilidade da Educação pública.
O presente artigo analisa como os setores dominantes interferem nas políticas educacionais públicas por meio de uma coalizão de grupos econômicos organizados no Compromisso Todos pela Educação (TPE). O estudo parte da discussão do chamado episódio Costin no MEC, ocorrido em novembro de 2012, e examina as principais nervuras da política educacional pretendida pelo TPE que motivaram milhares de educadores a se manifestar contra a sua nomeação. Defende, nos termos de Fernandes (1989), a necessidade de um novo ponto de partida para as lutas em defesa da educação pública.
Resumo: Neste artigo, procuramos explorar os dados sobre os professores temporários no Censo Escolar da Educação Básica (2011Básica ( -2015. A contratação dos professores revela uma das faces da precarização do trabalho docente no Brasil, cuja perversidade atinge a vida de quase um milhão dos professores temporários que atuam na Educação Básica. É o retrato de uma tragédia cotidiana, 41% dos professores trabalham sem ter a certeza da continuidade de suas atividades, privados da possibilidade de planejar em longo prazo suas relações didático-pedagógicas, alheados da escolha de recursos e materiais ou, mesmo, de planejamento. São professores que precisam descobrir, a cada fim de contrato, como irão continuar ganhando a vida, enquanto são eles os responsáveis -e responsabilizados -pela educação de 48,8 milhões de estudantes. A tragédia não é nova ou passageira, mas característica da estrutura educacional brasileira. Palavras-chave: Professores temporários. Educação Básica. Trabalho docente. Abstract:In this paper, we try to explore data on temporary teachers in the Basic Education School Census (2011)(2012)(2013)(2014)(2015). The hiring of teachers reveals one of the faces of the precariousness of teaching work in Brazil, whose perversity affects the lives of almost one million temporary teachers who work in Basic Education. It is the portrait of a daily tragedy, 41% of teachers work without being sure of the continuity of their activities, deprived of the possibility of planning in the long term their didacticpedagogical relations, oblivious of the choice of resources and materials or even planning . They are teachers who need to discover, at each end of the contract, how they will continue to make a living, while
ResumoNeste artigo discuti-se a avaliação e responsabilização pelos resultados educacionais nas políticas para professores entendendo-as como eixos que pretendem instituir novos modos de governar a educação. Por meio da consulta a documentos nacionais e internacionais, e com base na literatura sobre o tema, verifi ca-se que as políticas dirigidas aos docentes têm em vista incutir a lógica de gestão por resultados nas instituições escolares. A avaliação de docentes é recomendada pelos reformadores como uma das ações mais efi cazes para melhorar o desempenho dos alunos nas avaliações. A implantação da gestão por resultados no sistema educacional tem menos a ver com questões propriamente educativas e mais com a busca de uma nova governabilidade para a educação pública ungida pela ideologia gerencialista. Publicar resultados de avaliações sem considerar as condições em que foram produzidos conduz a análises equivocadas sobre os fatores que interferem na relação ensino-aprendizagem. Concluí-se que, ao focar nos aspectos intraescolares procura-se responsabilizar os docentes pelo desempenho insatisfatório dos alunos. Nas estratégias de Organizações Multilaterais para a educação, o resultado não é fi m, é meio para quebrar a isonomia salarial e instituir novas formas de gestão de professores. Palavras-chave: Política educacional. Profi ssionalização. Avaliação. Professor.
RESUMONo presente artigo objetivou-se discutir a relação entre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, aprovadas em 2006, e as orientações de Organizações Multilaterais. Analisou-se a documentação relativa à formação de professores procedente de Organizações Multilaterais, a literatura sobre reconversão docente e cotejaram-se os dados com os recolhidos nas DCNP. Foi possível verificar, por meio de análise qualitativa, que o professor assume um lugar privilegiado, constituindo-se como protagonista da reforma deflagrada, após os anos de 1990, na América Latina e Caribe. Implicitamente esse sujeito configura-se como um superprofessor -multifuncional, polivalente, flexível, protagonista, tolerante. A proposta de transformação de suas funções configura-se como estratégia de reconversão e confirma-se na documentação examinada. Inúmeros elementos das DCNP convergem com os propostos por OM. Tal articulação corrobora com o processo de alargamento do conceito de docência e gestão e a restrição da formação teórica e do tempo de formação que, por consequência, pode levar à desintelectualização do professor e à configuração do Curso de Pedagogia, segundo as DCNP, como espaço de reconversão do professor em superprofessor.
JocemaraTriches 3 RESUMO Este artigo resulta de pesquisas em andamento que tratam das atuais políticas de formação docente para a Educação Básica no país. Procuramos demonstrar, mediante análise de documentos do Estado e de Organizações Multilaterais ou de seus intelectuais, o ideário disseminado e como tem sido construído o consenso em torno da responsabilização do professor pelo futuro do Brasil, traduzido como desenvolvimento econômico e social no horizonte capitalista. Tal intento compõe um conjunto de políticas educacionais consolidadas a partir da década de 1990, articuladas à reestruturação produtiva tendo em vista capturar a subjetividade e o exercício profissional do professor. O slogan -Seja um professor!‖, construído pelo Estado, integra um discurso emblemático e ideológico. Duas de suas faces são examinadas: de um lado, enaltece o docente e o responsabiliza pela ascensão social dos alunos e, de outro, articula seu desprestígio via discursos denegridores e sua desqualificação por meio de programas formativos aligeirados e pragmáticos. Concluímos que a demanda oficial é irrealizável, posto que os problemas nacionais não se originam na esfera de atuação do professor, muito menos sua solução. Palavras-chave: Política educacional -1990-2014; Formação docente; Organizações Multilaterais. TEACHERS: CAN THEY CHANGE A COUNTRY?ABSTRACT This article stems from an ongoing research inquiry into the current teacher training policies for basic education in Brazil. By assessing documents from the Brazilian government and multilateral agencies, as well as widely disseminate ideas on the topic, we show how a broad consensus has been built up on holding teachers accountable for the future of Brazil, as a guide to foster economic and social development. Such attempt comprises a set of education policies consolidated as of the 1990s that is intimately linked to the productive restructuring in order to affect the teacher's professional subjectivity and practice. -Be a teacher!‖ became therefore the state motto as part of a symbolic and ideological discourse. Two aspects of this process are hereby examined: first, the motto praises the teachers and holds them responsible for the student's social mobility; second, it articulates the teachers' prestige via disparaging speeches and disqualification through streamlined and pragmatic training programs. We conclude that the official demand is unrealistic, given that no national problem-much less what should be done about itemerges from the teacher's areas of activity.
For mar o mes tre na uni ver si da de: a ex pe riên cia pa u lis ta nos anos de 1930 Olin da Evan ge lis ta Uni ver si da de Fe de ral de San ta Ca ta ri na Re su moEste ar ti go apre sen ta re sul ta dos de pes qui sa so bre a for ma ção uni ver si tá ria do cen te na dé ca da de 1930, no Bra sil. A in ves ti gação re a li zou-se co li gin do fon tes pro du zi das no pe río do, tan to as ori gi ná ri as da ins ti tu i ção em es tu do quan to as ad vin das de pe rió di cos, le gis la ção, jor na is e obras edu ca ci o na is, en tre outras. A par tir do cor pus do cu men tal ar ro la do, po de-se ve ri fi car que em 1933, no es ta do de São Pa u lo, ina u gu rou-se a pri me i ra es co la de ní vel su pe ri or para o pre pa ro do pro fes sor, o Insti tu to de Edu ca ção, ori gi ná rio da re for ma edu ca ci o nal de Fer nan do de Aze ve do. Em 1934 foi in cor po ra do à Uni ver si da de de São Pa u lo e, em con jun to com a Fa cul da de de Fi lo so fia, Ciên ci as e Le tras, res pon sa bi li zou-se pelo pre pa ro do cen te em ní vel univer si tá rio. No IEUSP ins ti tu ci o na li zou-se a pri me i ra ge ra ção de pro fes so res uni ver si tá ri os vol ta dos à for ma ção de pro fes so res pri má ri os e se cun dá ri os, pro je to en ra i za do no de ba te in te lec tu al ocor ri do es pe ci al men te nos anos de 1920. Embo ra uma das respostas à de man da pela pro fis si o na li za ção do cen te e mo de lo para ou tras ini ci a ti vas, o Insti tu to foi en cer ra do em 1938. Forças po lí ti cas li ga das ao es ta do in ter ven ci o nis ta de Ade mar de Bar ros e à Igre ja Ca tó li ca fi na li zam, em 1938, a pri me i ra ex periên cia bra si le i ra de for ma ção de pro fes so res em ní vel uni ver sitá rio. Pa la vras-ChaveHis tó ria da Edu ca ção -For ma ção do Pro fes sor -Insti tu to de Edu ca ção .
O exame por nós empreendido de documentos do empresariado industrial, organizado na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Serviço Social da Indústria (SESI), Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), entre 2003 e 2010, teve em vista contribuir para a compreensão do sentido do projeto de reforma universitária defendido pelos industriais no período correspondente aos dois mandatos do Governo Lula (2003-2010).
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