Este artigo objetiva discutir, a partir das formas pelas quais se constituiu a categoria infância no Brasil, a atual configuração das políticas públicas voltadas para essa área, especialmente no que se refere às práticas da Psicologia. Entendemos a infância como uma construção social, isto é, como uma noção datada geográfica e historicamente. Apontamos como a Psicologia se faz presente em temáticas, tais como o estabelecimento de padrões de normalidade e anormalidade, circunscrevendo etapas evolutivas em relação à infância. Como exemplo, citamos o Juizado de Menores, o Serviço de Assistência do Menor (SAM) e as Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor (FEBEMs), bem como as atuais entidades de abrigos, já reordenadas a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para finalizar, problematizamos a inserção da Psicologia no debate sobre as políticas públicas, especificamente na área da infância denominada vulnerável.
, buscamos analisar como a integralidade passa a ser utilizada como referente no campo da saúde da mulher a partir do proposto na atualidade pela Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM). Objetivamos problematizar o que tomamos como integralidade na efetividade dos cuidados em relação à saúde da mulher. Para isso, utilizamos um recorte no texto introdutório realizado pela Secretaria da Saúde do Riocampo da saúde da mulher, demarcando e articulando campos e posições de sujeito. Desse modo, temos o Sistema Único de Saúde (SUS), os/as usuários/as, os/as profissionais, os/as gestores/as, as instituições, as leis, as doenças, os prédios, os objetos, as práticas, as pesquisas, que são atravessados por essa palavra (integral/integralidade), por meio da qual tentamos acompanhar parte da tessitura de uma rede de relações na saúde pública, principalmente o que se diz da atenção integral à saúde da mulher.Assim, faz-se necessário situar um pouco essa palavra, na tentativa de descrever possibilidades de seu acontecimento, mostrando suas condições de emergência, apontando diferentes possibilidades de leitura e como objetiva a forma como compreendemos o sujeito-mulher no campo da saúde.Primeiramente, o termo "integral" faz parte dos títulos dos programas/políticas de saúde para mulheres, como o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher 4 e a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, 5 destacando que a atenção deve ser integral. Ao falar-se em políticas públicas de saúde a partir do SUS, o termo "atendimento integral/integralidade" está sempre presente e é central para toda e qualquer discussão. Nesse sentido, é necessário "estranhar" o que a princípio está dado, ou seja, como se lê/entende "integral". Para poder "rachar" o conceito, é preciso procurar os deslocamentos, as transformações, não pensando em progressos ou melhorias, mas no que pode ser dito em uma determinada época. Não se trata de interpretar o que se diz sobre integral/integralidade, pois, como sublinha Foucault, 6 nada há a interpretar, visto que tudo já é interpretação. Assim, trata-se de estabelecer uma relação com o conceito de integralidade não como uma evidência, mas como um campo de análise passível de desnaturalizações.Ao falar-se em políticas públicas de saúde a partir do SUS, o termo "atendimento integral/integralidade" está muito em voga. Começaremos localizando os termos dentre as doutrinas em que o Sistema está baseado: universalidade, equidade e integralidade. Segundo o material de Gestão Municipal em Saúde, 7 o primeiro indica que o acesso às ações e aos serviços de saúde deve ser garantido a todas as pessoas; a equidade tem como objetivo diminuir desigualdades, investir mais onde a carência é maior; e a integralidade visa considerar a pessoa e atender a todas as suas necessidades, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, como forma de assegura...
Este artigo aborda a especificidade do tratamento nas comunidades terapêuticas bem como seus efeitos na produção dos sujeitos usuários de substâncias psicoativas através da análise de projetos de tratamento de quatro comunidades terapêuticas, disponíveis na internet. A partir do Plano Integrado de Enfretamento ao Crack, publicado pelo governo federal em 2010, a política pública para drogas no Brasil incluiu o tratamento em comunidades terapêuticas, através de financiamento público, como uma estratégia de cuidado para os usuários de álcool e outras drogas. Assim, apresentamos a estrutura e o funcionamento dessas instituições bem como seu modelo de tratamento para os usuários de drogas, baseado na metodologia dos doze passos dos Alcoólicos Anônimos. Apontamos, dessa forma, as práticas de confissão no tratamento para usuários de drogas, como a articulação entre a moral religiosa e as tecnologias de disciplina e a biopolítica na conformação do modelo de atenção à saúde nesse contexto.
RESUMO: O presente texto aborda questões relativas à construção da psicologia social comunitária no Brasil e as interfaces deste processo histórico com a formação profissional. Para tanto, apóia-se em dados sobre o contexto histórico e social brasileiro no decorrer da efetivação das práticas psicológicas em comunidades. Finalmente, o estudo propõe reflexões quanto ao descompasso entre a formação e os fenômenos sociais contemporâneos.PALAVRAS-CHAVE: Preparação profissional; Psicologia Social Comunitária; práticas sociais. COMMUNITY SOCIAL PSYCHOLOGY AND PROFESSIONAL PREPARATIONABSTRACT: The following paper approaches issues related to the Community Social Psychology's construction in Brazil and the interactions of this historical process with the professional preparation. For this purpose, the Brazilian historical and social context is taken into consideration in order to reach effective psychological practices in communities. In addition, it associates Community Social Psychology's characteristics with the professional preparation and the Psychology's construction. Finally, this paper considers reflections about the professional preparation and contemporaries social phenomena.KEYWORDS: Professional preparation; Community Social Psychology; social practices. Demarcando Territórios: Registros dos Diferentes Caminhos da Instituição da Psicologia no BrasilA profissão de psicólogo foi regulamentada no Brasil em 1962. Pouco tempo antes do Golpe Militar que condenou o País a um longo período ditatorial. Na época, as práticas psicológicas se consolidaram sob a influência de ideologias desenvolvimentistas, pautadas pela repressão política e pelo patrulhamento ideológico, que caracterizaram o Brasil ao longo de quase três déca-das de ditadura explícita.A decorrência imediata desses fatos nas práticas psicológicas e, obviamente, na formação profissional foi o predomínio de abordagens individualistas, descontextualizadas e apoiadas em modelos abstratos de seres humanos. Tais modelos eram tomados como medidas para a realização e avaliação das ações o que engendrou processos de normatização e de controle das pessoas e contribuiu para a naturalização das expressões de violência e repressão. Assim, este cenário favorecia o uso da psicologia para a articulação de espaços de exclusão social e de adaptação dos "desviantes", transformando práticas em instrumentos de controle ideológico.Especialmente a classe média brasileira era atingida por esse processo, pois a ideologia desenvolvimentista causava na população brasileira "um profundo conformismo político", além da "produção de subjetividades consumistas" (Coimbra, 1995, p. 56). Nesta ótica era evidente a predominância de perspectivas individualistas também na produção do conhecimento e nas práticas psicológicas. Como afirmou Campos (1992), a psicologia contribuía, em algumas ocasiões, como ferramenta ideológica, com potencial de tornar os mecanismos sociais vigentes obscuros, através da legitimação da desigualdade, com argumentos "pretensamente universais e neutros" (p. 125).O co...
RESUMO: Neste artigo discutimos as possibilidades que a perspectiva dos Estudos Culturais abre para a pesquisa em Psicologia Social e, de forma mais específica, para a temática da paternidade. Questões relativas à construção das identidades e à importância da mídia neste processo são discutidas. A paternidade é aqui concebida como uma construção social que acompanha o caráter flexível das demais posições identitárias. A análise de um comercial de televisão é apresentada e mostra como diferentes aspectos da cultura contemporânea se atravessam e mesclam com a temática pai.PALAVRAS-CHAVES: identidades, paternidade, mídia, Estudos Culturais. THE MEANINGS OF FATHERHOOD IN THE MEDIA: A CULTURAL STUDIES PERSPECTIVEABSTRACT: In this article, we discuss the possibilities that the perspective of Cultural Studies open for the research in Social Psychology, more specifically, for the paternity´s thematic. Questions related to the identities construction and the media importance in this process are discussed. Paternity here is conceived as a social construction that follows the flexible character of other identity positions. The analysis of a television advertising is presented and shows how different aspects of the contemporary culture cross over and mix with the father´s thematic.
RESUMOEste texto tem como objetivo analisar o conceito de produção de saúde, no campo da Saúde Coletiva, como o nó de uma rede de cuidados. Nó porque a produção de saúde costura a noção de sujeito na saúde com os cuidados na saúde em um campo de estranhamento. Para fazer essa discussão, este texto partirá do trabalho na saúde como um conjunto de práticas de governamentalidade que encontram na produção de saúde a conformação de práticas de liberdade. as ferramentas conceituais utilizadas para essa discussão partem da proposição foucaultiana sobre uma ontologia do presente: subjetividade, poder e verdade. Esses operadores conceituais serão articulados às ideias de trabalho afetivo e potência de vida. Como exercícios do pensamento, tomam-se, então, as discussões no campo da Saúde Coletiva: integralidade, produção de saúde, cidadania e trabalho na saúde.Palavras-chave: produção de saúde; governamentalidade; práticas de liberdade; integralidade; saúde coletiva. ABSTRACTThis text aims at analyzing the concept of health production, in the field of Collective Health, as a knot in a care net. It is a knot because the production of health links the notion of subject in health to health care in a suspicion field. This text takes health work as a set of governmentality practices that find freedom practices in health production. the conceptual tools used in this discussion have departed from the Foucauldian proposition about ontology of present: subjectivity, power and truth. these conceptual operators have been articulated with ideas of affective work and life power. As exercises of thought, discussions in the field of Collective Health have been considered, such as: integrality, health production, citizenship, and health work.Keywords: health production; governmentality; freedom practices; integrality; collective health.Este texto tem como objetivo analisar o conceito de produção de saúde, no campo da Saúde Coletiva, como o nó de uma rede de cuidados. Nó porque é nesse território que as práticas em saúde se encontram com aquilo que não é da ordem das taxionomias, e sim da produção de vida. Nó porque a produção de saúde costura a noção de sujeito na saúde com os cuidados na saúde em um campo de estranhamento. Para fazer essa discussão, este texto partirá do trabalho na saúde como um conjunto de práticas de governamentalidade que encontram na produção de saúde a conformação de práticas de liberdade.as ferramentas conceituais utilizadas para essa discussão partem da proposição foucaultiana sobre uma ontologia do presente: subjetividade, poder e verdade. Esses operadores conceituais serão articulados às ideias de trabalho afetivo e potência de vida. Como exercícios do pensamento, tomam-se, então, as discussões no campo da Saúde Coletiva: integralidade, produção de saúde, cidadania e trabalho na saúde.Em um primeiro momento, será discutido o trabalho na saúde como uma arte de governamentalidade e estratégias biopolíticas para relacioná-lo ao trabalho afetivo. A partir disso, o texto volta-se para a reflexão
O presente estudo parte do crescente processo de judicialização do cuidado em saúde mental de jovens usuários de drogas e tem por objetivo problematizar a forma como, na relação entre os campos da Saúde Mental e da Justiça, vai se desenvolvendo uma biopolítica voltada para o governo da população de "adolescentes drogaditos". Para tanto, realizamos a análise de processos judiciais de internação compulsória de jovens por uso de drogas. Fundamentamo-nos nas ferramentas teóricas e metodológicas da Psicologia Social, dentro de uma perspectiva pós-estruturalista, especialmente no que se refere ao pensamento de Michel Foucault, na forma como o autor desenvolveu uma análise dos discursos e da emergência dos saberes na sua articulação com mecanismos e tecnologias de poder. A partir dessa perspectiva, evidenciamos a forma como essa biopolítica, embora aja em nome da garantia de direitos, opera produzindo vulnerabilidades.
Resumo O presente artigo apresenta reflexões acerca do Compromisso Social da Psicologia, partindo da sua presença nas referências técnicas publicadas pelo Sistema Conselhos para atuação dos psicólogos no Sistema Único de Assistência Social – SUAS e da análise dos cadernos de deliberações produzidos a partir dos Congressos Nacionais de Psicologia. Através dos marcadores Compromisso Social, Direitos Humanos e Políticas Públicas, buscamos evidenciar a complexidade que atravessa as práticas psicológicas no campo das políticas sociais públicas na medida em que a garantia de direitos passa a se configurar como objeto para a profissão. Pretendendo contribuir para as problematizações sobre o tema, propomos a institucionalização do discurso do Compromisso Social, os processos de judicialização da vida e a atualização de compromissos entre Psicologia e Estado como movimentos que tem efeitos significativos na atuação profissional de psicólogos no SUAS.
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