Este artigo objetiva discutir, a partir das formas pelas quais se constituiu a categoria infância no Brasil, a atual configuração das políticas públicas voltadas para essa área, especialmente no que se refere às práticas da Psicologia. Entendemos a infância como uma construção social, isto é, como uma noção datada geográfica e historicamente. Apontamos como a Psicologia se faz presente em temáticas, tais como o estabelecimento de padrões de normalidade e anormalidade, circunscrevendo etapas evolutivas em relação à infância. Como exemplo, citamos o Juizado de Menores, o Serviço de Assistência do Menor (SAM) e as Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor (FEBEMs), bem como as atuais entidades de abrigos, já reordenadas a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para finalizar, problematizamos a inserção da Psicologia no debate sobre as políticas públicas, especificamente na área da infância denominada vulnerável.
RESUMO: No presente artigo, buscamos compreender a noção de risco, articulando-a com a denominada infância em situação de risco. Para isto, discutimos como este conceito passa a ser utilizado no âmbito das políticas públicas de atenção à infância, a partir do deslocamento do foco de uma gestão da vida, tal como proposto por uma sociedade disciplinar, para uma gestão do risco, nas quais as novas modalidades de biopoderes se tornam as principais estratégias de gestão. Na contemporaneidade, a questão do risco é operada a partir dos mecanismos de poder, tornando-se um instrumento privilegiado da sociedade de controle. A partir disto, problematizamos como emerge a noção de risco no âmbito das políticas públicas de atenção à infância, culminando na equação: infância + pobreza = vulnerabilidade = risco = perigo. Para finalizar, sugerimos embaralhar a equação, pensar no tempo que vem não como futuro, mas como porvir.PALAVRAS-CHAVE: Risco; vulnerabilidade; políticas públicas; governamentabilidade. RISK, VULNERABILITY AND INFANCY: SOME APPROACHESABSTRACT: In the present article, we aimed to understand the way in which the notion of infancy in risk situation is constituted, articulating it as a governability strategy. For this, we discussed how this concept is used in the extent of public policies of attention to the infancy. It was started from the displacement of the focus on life administration, exactly as it was proposed by a disciplinary society, for an administration of the risk, in which the new biopower modalities become the main administration strategies. Nowadays, the risk matter is operated starting from the power mechanisms, becoming a privileged instrument of the control society. From this point of view, we discussed how the risk notion emerges in the extent of public policies of attention to the infancy, culminating in the equation: infancy + poverty = vulnerability = risk = danger. To conclude, we suggested to shuffle the equation, to think about the coming time not as a future, but as a time to come. KEYWORDS: Risk; vulnerability; public policies, governamentality. Da Sociedade Disciplinar para a Sociedade do RiscoNo presente artigo, buscamos compreender a noção de risco, articulando-a com a denominada infância em situação de risco. Para isto, discutimos como este conceito -risco -passa a ser utilizado no âmbito das políticas públicas de atenção à infância, a partir do deslocamento do foco de uma gestão da vida, tal como proposto por uma sociedade disciplinar, para uma gestão do risco, nas quais as novas modalidades de biopoderes se tornam as principais estratégias de gestão (cf. Spink, 2001).Diferentemente do poder disciplinar, que se dirige ao corpo, o biopoder se aplica à vida dos homens, ou melhor, "não ao homem-corpo, mas ao homem vivo, ao homem ser vivo; no limite... ao homem-espécie" (Foucault, 1999, p. 289). Esta nova tecnologia de poder, a qual se instala durante a segunda metade do século XVIII, não exclui a disciplina, mas utiliza-se desta e a modifica parcialmente, dirigindo-se à multiplicidade ...
RESUMOEste trabalho tem como objetivo apresentar reflexões acerca das políticas públicas de inclusão escolar, as quais regulamentam o atendimento dos sujeitos com necessidades educativas especiais na rede regular de ensino em nosso país. Inicialmente, são apresentadas as políticas públicas de inclusão escolar que tratam de uma inclusão específica, produzida nas malhas de discursos legais e colocada a serviço do Estado-Nação para a produção de sujeitos de determinado tipo. Em um segundo momento, se discute a complexidade e os impasses de um intricado jogo de inclusões e exclusões, a partir do qual se busca pensar quem são os sujeitos da inclusão escolar. E, por fim, em uma tentativa de lidar com a complexidade desse jogo, sustentamos que as práticas discursivas postas por tais políticas de inclusão escolar são estratégias de governamento da diferença, ou seja, o Estado passa a atuar por meio de políticas públicas de domesticação.Palavras-chave: políticas públicas; inclusão escolar; governamento; produção de sujeitos. RESUMENEste trabajo tiene como objetivo presentar reflexiones acerca de las políticas públicas de inclusión escolar, las cuales reglamentan la atención de los sujetos con necesidades educativas especiales en la red regular de enseñanza en nuestro país. Inicialmente, se presentadas las políticas públicas de inclusión escolar que tratan de una inclusión específica, producida en las redes de discursos legales y a servicio del Estado-Nación para la producción de sujetos de determinados tipos. En un segundo momento, se discute la complejidad y los impasses de un intrincado juego de inclusiones y exclusiones, a partir del cual se busca pensar quiénes son los sujetos de inclusión escolar. Y, por fin, en una tentativa de trabajar con la complejidad de ese juego, sustentamos que las prácticas discursivas puestas por tales políticas de inclusión escolar son estrategias de gobierno de la diferencia, es decir, el Estado pasa a actuar por medio de políticas pública de domesticación.Palabras clave: políticas públicas; inclusión escolar; gobierno; producción de sujetos. ABSTRACTThis paper aims to present reflections on the public politics of school inclusion, which regulate the care of individuals with special needs in regular education in our country. Initially, we present the politics of inclusion in school dealing a specific inclusion, produced in the meshes of legal discourse and place in the service of nation-state for the production of individuals of particular type. In a second step, we discuss the complexity and dilemmas of an intricate game of inclusions and exclusions, from which one seeks to think who are the subjects of school inclusion. And finally, in an attempt to deal with the complexity of this game, we hold that the discursive practices posed by such politics of inclusion in school government strategies is the difference, in other words, the state will act through public politics of domestication .
RESUMO:Este artigo tem por objetivo analisar algumas das pedagogias culturais relacionadas ao controle do tabagismo. Entende-se que, por meio das paisagens urbanas, as campanhas de combate ao fumo instituem saberes e pautam comportamentos considerados mais adequados quando avaliados pelos preceitos da saúde, operando sobre a população em espaços não formais. Nesta direção, as paisagens urbanas podem ser pensadas como pedagogias culturais já que funcionam como tecnologias biopolíticas que produzem sujeitos engajados no que se refere ao controle e à manutenção de seus corpos e saúde. Nesta direção, a beleza e a potência física estão diretamente associadas à saúde. Palavras-chave: Saúde -Pedagogias Culturais -Biopolítica BIOPOLITICAL LANDSCAPES: THE PRODUCTION OF HEALTH, BEAUTY AND BODY POTENCY OF SMOKERS AND NO SMOKERS SUBJECTSABSTRACT: This article analyze some of the cultural pedagogies related to tobacco control. It is understood that, through urban landscapes, campaigns to combat smoking are instituting knowledge and guiding behaviors considered more appropriate when evaluated by health precepts, operating over the population in non-formal spaces. In this direction, urban landscapes can be thought of as cultural pedagogies since they function as biopolitical technologies that produce subjects engaged in the control and maintenance of their bodies and health. In this direction, beauty and physical potency are directly associated with health.
RESUMO: Este artigo propõe discutir, a partir do conto O rio das quatro luzes, de Mia Couto, as conexões entre infância e educação. Para isso, utilizando-se de dois personagens conceituais, o Pai e o Avô, colocam-se algumas questões relativas ao tempo e seu enlaçamento com a infância. A seguir, foca-se a educação e sua relação com a infância, buscando novas composições que façam pensar a educação através de práticas que não busquem somente a decifração dos códigos, mas, a partir da criação de agenciamentos, provoquem o pensamento, dizendo sim à vida e multiplicando as formas de existência.Palavras-chave: Infância. Tempo. Educação.An education yet to come: childhood and potency ABSTRACT: This paper discusses the connections between childhood and education, having the short story called O rio das quatro luzes, by Mia Couto, as its starting point. By considering two conceptual characters, the Father and the Grandfather, some issues related to time and its link to childhood have been presented. Education and its relationship with childhood have also been focused, in search of new compositions that lead us to think about Education through practices that don't merely seek code deciphering, but also instigate thinking, based on the creation of agencies, by not only saying 'yes' to life but also by multiplying the forms of existence.
O presente artigo discute como se articulam as noções de território e vinculação ao campo da saúde no Brasil, tendo em vista as relações que se estabelecem entre as equipes de saúde e determinados grupos sociais que têm no movimento uma lógica de vida, sobrevivência e resistência: os nômades. O conceito de território é um importante organizador das políticas públicas brasileiras, estando estreitamente relacionado à inclusão. Os dados foram obtidos mediante observações participantes do cotidiano de trabalho de duas equipes de Estratégias de Saúde da Família, em um município de médio porte, localizado no interior do Estado do Rio Grande do Sul. Para esses serviços, o nomadismo é visto como um incômodo. Por outro lado, incluir adquire não apenas um sentido de fixação e controle da população, mas da delimitação de territórios de pertencimento, a partir do investimento da relação dos usuários com os serviços de saúde. Palavras-chave Inclusão social Políticas públicas Territorialidade Abstract Keywords Social Inclusion Public Policies TerritorialityThis article discusses how territory and linking notions articulate with the health field in Brazil, in view of the relations that are established between health staf and certain social groups who see in the movement a logic of life, survival and resistance: the nomads. The concept of territory is an important organizer of Brazilian's public policies, and is closely related to inclusion. The data were collected through participant observation of the daily work of two teams of Family Health Strategy, in a medium-sized city located in the state of Rio Grande do Sul. For these services, nomadism is seen as a nuisance. On the other hand, include not only acquires a sense of attachment and population control, but the demarcation of belonging territories, from the investment of the relation of users with health services.Hillesheim, Betina & Couto, Caroline (2017). Saúde e nomadismo: território e pertencimento. Athenea Digital, 17(3), 115-129. https://doi.org/10.5565/rev/athenea.1846 Introdução Cena ocorrida em um serviço de saúde, no qual funciona uma Estratégia de Saúde da Família:Campanha de vacinação para a gripe. A sala de espera do serviço está lotada. Um ex-morador do bairro conversa com a recepcionista: -Coisa boa voltar no posto! Aqui éramos bem tratados! Trouxe o meu guri 1 ; ele pode fazer a vacina, não é? -Pode, sim. Fazia tempo que o senhor não aparecia. Que pena que se mudou, pois a doutora chegou a comentar que iria dar um jeito naqueles seus proble-
O presente texto sistematiza a discussão em três momentos. Primeiro, discute-se a objetivação dos discursos sobre a promoção de saúde como um regime de verdades no campo das políticas de saúde e da Psicologia. Após, mediante a análise dos dados provenientes dos periódicos científicos e documentos supracitados, buscase compreender a aclimatação da promoção da saúde pelas práticas psicológicas, problematizando-se as formas de saber possíveis e as políticas de subjetivação que se produzem a partir das mesmas. Para finalizar, mediante as noções de testemunho e aprendizagem como tecnologias de si e do outro, argumenta-se como as práticas psicológicas configuram, na atenção básica, um campo de experiência grupal. Regimes de verdade e a Política de Promoção da SaúdeA promoção de saúde aparece no campo da saúde a partir da década de 1970, quando um conjunto heterogêneo de práticas sociais nacionais e internacionais passa a colocar em análise indicadores de saúde, condições de vida e tecnologias sociossanitárias (BUSS, 2003). Isso faz com que a promoção de saúde apresente uma problemática para o campo da saúde, na medida em que articula uma nova racionalidade, na qual a saúde passa a ser disposta ao lado de condições de vida, renda, trabalho, lazer e educação, e não exclusivamente da doença e do organismo. Conforme descreve Buss (2003, p. 16)
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