A medicamentalização do mal-estar é uma realidade efetiva, atual e crescente, que se expande, inclusive, para campos diversos do médico-científico. Ao oferecerem produtos que prometem alívio ou melhoramento de estilo ou condição de vida, diversos meios de comunicação, tais como a literatura e os programas de televisão, funcionam como verdadeiros manuais de autoajuda, atendendo a uma crescente demanda de cuidado para cada sofrimento ao qual podemos estar submetidos. Devido à complexidade do fenômeno em questão, buscaremos estabelecer algumas interseções entre droga, medicina e sociedade que participam do processo de medicamentalização do mal-estar psíquico.
São selecionados alguns conceitos relevantes para o entendimento da importância da biologia contemporânea para a psicologia com o objetivo de analisar as possibilidades de aproximação entre os dois campos. Para isso, primeiramente são apresentadas algumas questões teóricas, metodológicas e epistemológicas envolvidas na aproximação entre psicologia e biologia, que com frequência são negligenciadas. A seguir, faz-se um breve histórico dos desenvolvimentos da biologia e de algumas de suas apropriações de outros campos teóricos no decorrer do século XX. Após breve apresentação das aproximações teóricas já realizadas entre os dois campos de saber em questão, sugere-se que esse seria um primeiro passo para uma interlocução informada e interessada entre ambos os campos.
RESUMOApresenta-se primeiramente a concepção de Freud do que seria a Ciência e em que constituiria a atividade cientifi ca, utilizando-se textos freudianos nos quais ele trabalha esse tema. Considera-se as noções de Naturwissenchaft e Geistwissenchaft para contextualizar a discussão sobre a cientifi cidade da Psicanálise à época de Freud. Confronta-se então a Ciência, como entendida por Freud, com as concepções de Popper e Bachelard, oriundos da Epistemologia. Posteriormente, apresentamos diferentes posições de psicanalistas, como Lacan e Kernberg, quanto ao mesmo tema, para mostrar como a compreensão do que seja a Ciência determina os posicionamentos quanto à relação entre esta e a Psicanálise.Palavras-chave: psicanálise; ciência; epistemologia; pesquisa científi ca -psicanálise.
Este artigo trata de uma questão que surge sempre que a problemática do corpo na teoria freudiana é desdobrada. Seria Freud monista, dualista ou pluralista? Nosso primeiro esforço é definir estes termos do léxico filosófico, atentando para a sua generalidade. Em seguida, debruçamo-nos sobre a obra freudiana para mostrar que sua teoria não se encaixa nestas categorias, ou antes, ela aglomera os três termos já que trabalha simultaneamente com monismos, dualismos e pluralismos. Analisamos os conceitos de inconsciente, pulsão, equação etiológica e séries complementares para sustentar esta posição.
This article seeks to raise some central questions about the presence of the body in psychoanalytic clinical practice and contemporary culture. For such, it examines how this problem appears in the social transformations witnessed in the last decades. The biology body and the psychoanalysis body are then compared to emphasize the specificity of the latter. This problem refers to the psychoanalytic notion of the drive body, to the limits of psychic representation in psychoanalysis, and to the assertion that there is, in this field, a basic indiscernibility between the context of the drive and that of representation. In addition to these two aspects, the article highlights the importance of including the biological body as one of the dimensions of the metapsychological body in Freud.
RESUMO. Este artigo pretende apresentar um mapa panorâmico dos debates em torno da relação e da possível articulação entre a psicanálise e as neurociências. No campo psicanalítico são identificados três grupos principais, definidos a partir de seus pressupostos: (1) hibridação, (2) isolamento e (3) interlocução. O primeiro grupo entende ser necessária a construção de um campo híbrido, já que as neurociências poderiam fornecer à psicanálise fundamentos e instrumentos metodológicos e conceituais mais sólidos sobre o funcionamento psíquico. Esta proposta vem sendo desenvolvida com a fundação da neuropsicanálise. Já o segundo grupo, marcado fortemente pelo discurso lacaniano, é refratário a qualquer forma de articulação, por considerá-las todas epistemologicamente inviáveis, resultando necessariamente em uma submissão da psicanálise aos ditames cientificistas atuais. Por fim, o terceiro grupo entende ser a interlocução, sem a hierarquização dos modelos em jogo, fonte fértil para a formulação de novas hipóteses teóricas e para a revisão do edifício conceitual da psicanálise.
Tema de interesse para a clínica, a investigação das psicopatologias somáticas exige reelaborações metapsicológicas que contemplem os lugares do corpo e do afeto. Com a ênfase da psicanálise no recalque, a problemática do afeto teria ficado em segundo plano, causando uma lacuna comprometedora dos rumos dos atos clínicos. Resgatar as elaborações freudianas sobre o afeto, especialmente sua supressão, pode abrir espaço para a escuta da dor dos corpos enfermos. Neste ensaio, investigamos inicialmente a metapsicologia freudiana do afeto para, em seguida, propor elaborações a respeito dos destinos do corpo nas formações psicossomáticas.
Este ensaio investiga a presença, na obra de Freud, da idéia de uma filogenia anímica paralela, concomitante e dependente da filogenia somática descrita pelos teóricos da evolução. Objetivamos mostrar como se forma esta vizinhança da psicanálise com a biologia evolutiva, sublinhando que na filogenia esboçada por Freud, formas psíquicas típicas se sucedem na história da espécie humana, sendo repetidas por cada indivíduo em sua ontogenia singular. Tal como ocorre no plano somático, tempo e forma se associam intimamente na espécie e nos indivíduos. A presença desta idéia no pensamento freudiano abriu um debate sobre sua filiação lamarckista ou darwinista.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.