<p><span> O artigo apresenta as primeiras elaborações de nossas observações e reflexões a partir das experiências provenientes do início da pesquisa “Etnografando Cuidados e Pensando Políticas de Saúde e Gestão de Serviços para Mulheres e Seus Filhos com Distúrbios Neurológicos Relacionados com Zika em Pernambuco, Brasil", que visa delinear diálogos que ocorrem entre pessoas inseridas, de um lado, em contextos de vida cotidiana dos/das cuidadores e cuidadoras de crianças com transtornos decorrentes do ZIKA e, de outro, em contextos de projetos e programas elaborados e executados por agentes do Estado e as políticas públicas que regem e articulam sistemas de atendimento, onde haja ações dirigidas a estes bebes e cuidadores. O que focamos no texto são as linhas tensoras que aparecem na mediação entre estes dois contextos a partir de duas associações de mães, nas quais estes temas subjazem o diálogo e se tornam visíveis em certos pontos de contato entre eles. Independente do grau de conflito ou de convergência entre os contextos dos programas e das famílias cuidadoras, as linhas tensoras não se desfazem, perdurando na convivência entre a vida cotidiana e a vida nas malhas de sistemas de atendimento.</span></p>
Com pesquisa de campo etnográfico, seguimos itinerários terapêuticos de cuidadoras de filhos com Síndrome Congênita do Zika para compreender como diferentes contextos (descoberta, casa, unidades de saúde, assistência social, associações) contribuem para formar noções sobre maternidade e infância. O conceito de “conjunturas vitais” em ritos de passagem geracionais singulariza experiências que levam a estabilizações e/ou caminhos invertidos na passagem entre etapas. A construção prática e simbólica de maternidade e infância oscila entre uma multiplicidade de significados marcados pela obrigatoriedade de mulheres se empenharem na tarefa de cuidar, vivendo sofrimento e sacralização do cuidado, numa realidade cotidiana que amarra suas vidas a buscas de explicações causais e respostas terapêuticas diversas sem mudanças geracionais marcadas. Quem trilha esses itinerários terapêuticos constrói uma imagem multifacetada de si mesma em relação, direta ou indiretamente, à maternidade, à infância e à filiação biológica e social.
ResumoAs mulheres pobres do programa Bolsa Família são acusadas de ter mais filhos para ingressar ou permanecer no programa. Em pesquisa etnográfi-ca (2012Em pesquisa etnográfi-ca ( /2014 Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado.
O nascimento de crianças com Síndrome Congênita do Zika vírus (SCZ), especialmente na região Nordeste, fez com que Pernambuco, o Brasil e a OMS decretassem emergência em saúde pública. Este artigo aborda sobre algumas das continuidades e descontinuidades percebidas em relação à assistência durante o estado de emergência em saúde pública e após a sua finalização, apreciando como a Secretaria Estadual de Saúde (SES) respondeu ao fim da epidemia e o peso social da doença para as mães, no processo de descoberta e tratamento da SCZ das crianças, comparando depoimentos e observações de profissionais e mães de crianças com SCZ, em Pernambuco, epicentro da epidemia. Integra a pesquisa antropológica ‘Etnografando cuidados’, iniciada em 2016. O primeiro e segundo itens refletem sobre as ações institucionais, principalmente da SES. O terceiro item enfatiza como as mães das crianças com SCZ percebem o que lhes chega pelos serviços públicos de assistência.
ResumoTrata-se de uma pesquisa antropológica sobre titulares do Programa Bolsa Família (PBF), refletindo sobre a ampliação de direitos humanos das mulheres, um tema menos priorizado apesar de a titularidade feminina ser preferencial para o programa. Analisamos repercussões dessa titularidade nas trajetórias produtivas de 12 mulheres, residentes no Coque. Descrevemos aspectos importantes das trajetórias produtivas, marcadas por trabalhos informais, vexatórios e degradantes. Depois, relacionamos passagens dessas trajetórias ligadas a momentos anteriores e posteriores ao ingresso no PBF, bem como exemplos de agência e autonomia realizados por elas, refletindo sobre processos de empoderamento. Finalmente, argumentamos que poderia existir maior potencialidade para o processo de autonomia na esfera produtiva e consequente saída do programa, se fosse efetivada a integração com políticas de trabalho e renda que contemplem seus projetos de vida. Concluímos que a inserção no PBF não acomoda as mulheres na busca por trabalho, desmistificando o discurso do efeito preguiça.
AbstractThis is an anthropological research about the Bolsa Família Program (PBF) recipients, reflecting on the increase of women's human rights, a less prioritized subject despite the fact that women are the preferred recipients. We analyze repercussions of receiving BF in the productive trajectories of 12 women living in Coque. We describe their productive trajectories, marked by informal, vexatious and degrading jobs. Then, we relate passages of these trajectories linked to moments before and after joining the PBF, as well as examples of agency and autonomy performed by them, reflecting on empowerment processes. Finally, we argue that there could be greater potential for the process of autonomy in the productive sphere and consequent exit from the program, if integration with labor and income policies that address their life projects were effected. We conclude that the inclusion in the PBF does not make women drop or slow doen their search for work, demystifying the lazyness effect discourse.
Resumo: Este artigo discute experiências sexuais e reprodutivas de mulheres jovens em busca de indicadores sobre dinâmicas de gênero, sexualidade e reprodução, a partir de resultados de três pesquisas. A idade de iniciação sexual localiza-se por volta dos 13 anos e o controle sobre as jovens enfraquece o poder de negociação para prevenção e contracepção. O fenômeno da "gravidez na adolescência" ocorreu em diferentes gerações de mulheres. A gravidez é valorizada como passagem para a "adultez".
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.