ResumoPARRY SCOTT, FERNANDA SARDELICH NASCIMENTO, ROSINEIDE CORDEIRO E GISELLE NANES sociodemográficas e produções científicas acerca da temática, o que contribui para a manutenção de um 'silêncio', que, certamente, encobre as realidades repletas de violência que essas mulheres vivem no âmbito da família e do trabalho rural. Há urgência de estudos e intervenções que revertam em vozes as marcas da violência no corpo, na subjetividade e na circulação das mulheres do campo e da floresta (Vanderléia DARON, 2009;BRASIL, 2011aBRASIL, , 2011b Assim, neste artigo, buscamos identificar e analisar a rede institucional (formada por instituições de segurança pública, justiça, saúde etc.) e a rede de interconhecimento (que, prioritariamente, mas não unicamente, engloba os enlaces de parentesco e vizinhança), 4 acionadas pelas mulheres rurais para enfrentar as situações de violência. Especificamente, focados na realidade dos contextos rurais, refletimos sobre as configurações dessas redes e seus pontos de conexões.Priorizamos, na análise, três conjuntos de dados produzidos na região do Sertão Central de Pernambuco: 1) relatos dos grupos de discussão do 13.º Encontro do MMTR/ Sertão Central e 16.º Encontro Municipal do MMTR de São José do Belmonte, ambos realizados em 2009; 2) entrevistas com profissionais (justiça, saúde, segurança pública, assistência social e conselhos) que integram a rede institucional de São José do Belmonte (PE); e 3) entrevistas com mulheres que viveram situações de violência.A rede institucional estudada é a do município de São José do Belmonte, 5 que, entre 2009 e início de 2010, período da pesquisa de campo, não apresentava uma rede articulada de enfrentamento à violência contra as mulheres. Às múltiplas dimensões que marcam a violência contra as mulheres -como geração, raça, etnia, classe -acrescentase, no contexto rural, a importância das lógicas da "localidade" (Arturo ESCOBAR, 2008) como uma dimensão prioritária, que coloca na pauta de discussão negociações sobre controle de territórios (BRASIL, 2011a(BRASIL, , 2011b.Por localidade consideramos desde aspectos de infraestrutura (acesso aos locais de moradia, deslocamentos para centros de comércio e serviços da região, meios de comunicação) até configurações culturais associadas a parentesco, trabalho e organizações políticas e sociais.Os territórios rurais apresentam características singulares, que demarcam a pluralidade e complexidade dos modos de vida: relação característica com o campo, a natureza e o ser humano, que trabalha diretamente com a terra; e relações sociais diferenciadas, marcadas pela dimensão e complexidade das coletividades rurais, constituindo sociedades de interconhecimento. Além dessas características, não se pode negligenciar o fato de que as áreas rurais correspondem às "zonas mais fragilizadas dos territórios nacionais" em relação ao acesso da população aos bens e serviços materiais, sociais e culturais (Maria de Nazareth Baudel WANDERLEY, 2009, p. 229). Nesse sentido, ratificamos que a dimensão de gênero entrecruza tais ...
ResumoTrata-se de uma pesquisa antropológica sobre titulares do Programa Bolsa Família (PBF), refletindo sobre a ampliação de direitos humanos das mulheres, um tema menos priorizado apesar de a titularidade feminina ser preferencial para o programa. Analisamos repercussões dessa titularidade nas trajetórias produtivas de 12 mulheres, residentes no Coque. Descrevemos aspectos importantes das trajetórias produtivas, marcadas por trabalhos informais, vexatórios e degradantes. Depois, relacionamos passagens dessas trajetórias ligadas a momentos anteriores e posteriores ao ingresso no PBF, bem como exemplos de agência e autonomia realizados por elas, refletindo sobre processos de empoderamento. Finalmente, argumentamos que poderia existir maior potencialidade para o processo de autonomia na esfera produtiva e consequente saída do programa, se fosse efetivada a integração com políticas de trabalho e renda que contemplem seus projetos de vida. Concluímos que a inserção no PBF não acomoda as mulheres na busca por trabalho, desmistificando o discurso do efeito preguiça. AbstractThis is an anthropological research about the Bolsa Família Program (PBF) recipients, reflecting on the increase of women's human rights, a less prioritized subject despite the fact that women are the preferred recipients. We analyze repercussions of receiving BF in the productive trajectories of 12 women living in Coque. We describe their productive trajectories, marked by informal, vexatious and degrading jobs. Then, we relate passages of these trajectories linked to moments before and after joining the PBF, as well as examples of agency and autonomy performed by them, reflecting on empowerment processes. Finally, we argue that there could be greater potential for the process of autonomy in the productive sphere and consequent exit from the program, if integration with labor and income policies that address their life projects were effected. We conclude that the inclusion in the PBF does not make women drop or slow doen their search for work, demystifying the lazyness effect discourse.
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