Este artigo discute e analisa a violência no namoro de jovens de grupos populares e camadas médias, moradores de Recife. O argumento defendido é o de que a violência não é do namorado ou da namorada, mas sim da relação, para a qual apresenta significados. Foram realizadas vinte e duas entrevistas semiestruturadas, com jovens entre 18 e 29 anos, que consideravam namoro seus relacionamentos, divididos em jovens de grupos populares e jovens de camadas médias. Os(as) jovens entrevistados(as) compreendem a violência como sendo mais do que física, entretanto, não reconhecem como violência proibições, controle e cerceamento da liberdade do outro, bem como a troca de xingamentos e tapas, que muitas vezes são encarados como brincadeiras.
Every year thousands of workers from the Brazilian Northeastern states move to the sugarcane plantations in the state of São Paulo to work in sugarcane mills. Most of them are young with little schooling and come from peasant families. Among other things, researchers call attention to the risks to which these workers are submitted, related to transportation conditions, housing and work environment. The organization of work is always focused on increasing the surplus value, which has resulted in the deterioration of the labor force, expressed by several diseases and countless deaths of migrant workers. In the scope of this article, it is our intention to define "risk" concept and relate it to the processes of subjectivities and to understand the meanings that migrant workers attribute to the risks to which they are exposed during the trip and also in workplaces (sugarcane plantations). Regarding methodology, we used a qualitative approach. Data were collected through semi-structured interviews conducted with a sample of 12 migrant workers from the city of Santa Cruz da Baixa Verde (Pernambuco), in the Pajeú microregion, and also of cities located in the microregion of Serra do Teixeira (Paraíba), especially the surrounding areas of Princesa Isabel (state of Paraíba). The data allow us to assert the existence of an intrinsic relationship between the risks they run and the affirmation of the gender identity of the subjects investigated. Keywords: Agribusiness; Migrant Worker; Risk. ResumoTodos os anos milhares de trabalhadores dos estados nordestinos se deslocam para os canaviais do estado de São Paulo para trabalhar nas usinas de cana-de-açúcar. Os que migram são jovens, com pouca escolaridade e oriundos de famílias camponesas. Dentre outras coisas, pesquisadores chamam atenção para os riscos a que tais trabalhadores estão sujeitos, riscos estes presentes nas condições de transporte, moradia e no ambiente de trabalho. A organização do trabalho está sempre focada no aumento da extração de mais valia, que tem resultado na degradação da força de trabalho, expressa nas várias formas de adoecimento e nas inúmeras mortes de trabalhadores-migrantes. Tencionando a noção de "risco" e relacionando-a aos processos de subjetivação, é nossa intenção, no espaço deste artigo, compreender os sentidos que os trabalhadores-migrantes atribuem aos riscos a que estão expostos durante a viagem e também nos locais de trabalho (os canaviais paulistas). Metodologicamente, lançamos mão de uma abordagem qualitativa. Os dados foram colhidos mediante entrevistas semiestruturadas realizadas com uma amostra de 12 trabalhadores-migrantes oriundos do município de Santa Cruz da Baixa Verde (PE), na microrregião do Pajeú, e também de municípios localizados na microrregião da Serra do Teixeira (PB), especialmente os circunvizinhos à cidade de Princesa Isabel (PB). Os dados permitem-nos afirmar a existência de uma relação intrínseca entre os riscos que se corre e a afirmação da identidade de gênero dos sujeitos investigados. Palavras-chave: ...
A crescente quantidade e diversidade de abordagens temáticas, teóricas e metodológicas sobre mulheres e relações de gênero em áreas rurais nas regiões Norte e Nordeste tem alcançado pouca visibilidade fora dessas regiões. Mas é evidente que as contribuições desses trabalhos, de fato, ampliam o debate sobre o rural na sociedade brasileira e enriquecem a análise das relações de gênero com a inclusão de outras vozes, questões e temáticas.Animados/as com o desafio de reunir alguns dos numerosos trabalhos do Norte e do Nordeste tendo como eixo articulador reflexões sobre as mulheres e as relações de gênero em contextos rurais, convidamos alguns pesquisadores e pesquisadoras cujas produções acadêmicas são referências importantes para o debate sobre gênero.A idéia de um dossiê sobre essa temática surgiu nos encontros do Núcleo de Pesquisa em Gênero, Família e Sexualidade (FAGES) da Universidade Federal de Pernambuco. Desde a sua formação, nos anos de 1980, há um investimento em pesquisas e formação de pesquisadores/as que atuam em contextos rurais e adotam perspectivas de gênero nos seus trabalhos. Alguns resultados dessas pesquisas foram reunidos em uma coletânea de trabalhos sobre Agricultura Familiar e Gênero 1 que foi realizada em convênio com o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) e o Programa de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia (PPIGRE), ambos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Estes anos de atividades têm resultado na criação de uma rede de contatos com pesquisadores/as de diversas formações que têm por objeto assuntos congêneres. Essa rede abrange, entre outras entidades, além do atual NEAD, a antiga Associação
Resumo: Neste artigo objetivamos analisar como a classe e a raça constituem diferentes itinerários abortivos para mulheres jovens de uma região metropolitana do Brasil. Foram entrevistadas oito jovens com idades entre 19 e 28 anos, sendo quatro de classes populares e cinco de classes médias, três brancas e cinco negras. Como resultados, encontramos diferenças de classe e raça nos itinerários. As jovens brancas e de classes médias apresentam percursos mais curtos, conseguem dispor de uma rede de informações um pouco mais consistente e relatam um processo decisório mais conflitivo. As jovens negras e de classes populares narram itinerários mais longos, dispõem de uma rede de apoio mais precária e seus processos decisórios são mais imediatos.
Resumo O objetivo deste artigo é discutir narrativas sobre a morte em duas pandemias, a Gripe Espanhola (1918-1920) e a Covid-19 (2020), no contexto brasileiro. O desenho teórico-metodológico está assentado na revisão narrativa de bibliografia selecionada do Portal de Periódicos Capes e da coleção SciELO e em narrativas audiovisuais em plataformas digitais sobre Covid-19. As duas pandemias desvelam as desigualdades sociais na morte, a negligência sanitária do Governo Federal, subnotificação dos casos, fragilidade dos serviços de saúde, suspensão dos ritos fúnebres e desestruturação do cotidiano. A gripe espanhola foi mais letal para a população jovem e os jornais eram o espaço privilegiados de informação. Os idosos são os que mais morrem por Covid-19. As plataformas digitais são simultaneamente espaços que propagam notícias falsas, análises de especialistas e narrativas que apostam na resistência, solidariedade e sensibilidade diante da vida e da morte.
ResumoPARRY SCOTT, FERNANDA SARDELICH NASCIMENTO, ROSINEIDE CORDEIRO E GISELLE NANES sociodemográficas e produções científicas acerca da temática, o que contribui para a manutenção de um 'silêncio', que, certamente, encobre as realidades repletas de violência que essas mulheres vivem no âmbito da família e do trabalho rural. Há urgência de estudos e intervenções que revertam em vozes as marcas da violência no corpo, na subjetividade e na circulação das mulheres do campo e da floresta (Vanderléia DARON, 2009;BRASIL, 2011aBRASIL, , 2011b Assim, neste artigo, buscamos identificar e analisar a rede institucional (formada por instituições de segurança pública, justiça, saúde etc.) e a rede de interconhecimento (que, prioritariamente, mas não unicamente, engloba os enlaces de parentesco e vizinhança), 4 acionadas pelas mulheres rurais para enfrentar as situações de violência. Especificamente, focados na realidade dos contextos rurais, refletimos sobre as configurações dessas redes e seus pontos de conexões.Priorizamos, na análise, três conjuntos de dados produzidos na região do Sertão Central de Pernambuco: 1) relatos dos grupos de discussão do 13.º Encontro do MMTR/ Sertão Central e 16.º Encontro Municipal do MMTR de São José do Belmonte, ambos realizados em 2009; 2) entrevistas com profissionais (justiça, saúde, segurança pública, assistência social e conselhos) que integram a rede institucional de São José do Belmonte (PE); e 3) entrevistas com mulheres que viveram situações de violência.A rede institucional estudada é a do município de São José do Belmonte, 5 que, entre 2009 e início de 2010, período da pesquisa de campo, não apresentava uma rede articulada de enfrentamento à violência contra as mulheres. Às múltiplas dimensões que marcam a violência contra as mulheres -como geração, raça, etnia, classe -acrescentase, no contexto rural, a importância das lógicas da "localidade" (Arturo ESCOBAR, 2008) como uma dimensão prioritária, que coloca na pauta de discussão negociações sobre controle de territórios (BRASIL, 2011a(BRASIL, , 2011b.Por localidade consideramos desde aspectos de infraestrutura (acesso aos locais de moradia, deslocamentos para centros de comércio e serviços da região, meios de comunicação) até configurações culturais associadas a parentesco, trabalho e organizações políticas e sociais.Os territórios rurais apresentam características singulares, que demarcam a pluralidade e complexidade dos modos de vida: relação característica com o campo, a natureza e o ser humano, que trabalha diretamente com a terra; e relações sociais diferenciadas, marcadas pela dimensão e complexidade das coletividades rurais, constituindo sociedades de interconhecimento. Além dessas características, não se pode negligenciar o fato de que as áreas rurais correspondem às "zonas mais fragilizadas dos territórios nacionais" em relação ao acesso da população aos bens e serviços materiais, sociais e culturais (Maria de Nazareth Baudel WANDERLEY, 2009, p. 229). Nesse sentido, ratificamos que a dimensão de gênero entrecruza tais ...
Este artigo apresenta uma experiência de extensão universitária que objetivou promover um espaço socioeducativo com adolescentes do sexo feminino no universo dos direitos sexuais e sociais. O projeto foi desenvolvido por duas estudantes de Psicologia e dois de Serviço Social, sob orientação docente, com dez garotas de idade entre 12 e 14 anos, majoritariamente afro-descendentes, moradoras da periferia da cidade do Recife, Pernambuco. O artigo enfoca o uso do termo menina de moral pelas adolescentes que, dentre outros significados e implicações, envolve uso de força física, ameaças verbais e drogas lícitas e ilícitas como elementos que conferem ou mantêm status e respeito entre pares. As ações da menina de moral sinalizam uma série de estratégias elaboradas pelas adolescentes ante as singularidades do contexto social em que estão inseridas e revelam que os condicionantes de geração são entremeados por fatores como gênero, classe social, raça e etnia.
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