O artigo pretende oferecer uma contribuição teórico-metodológica para o debate sobre o neoliberalismo autoritário, a partir da perspectiva das margens, mais especificamente, do movimento pentecostal. Ao traçar uma genealogia da expansão do pentecostalismo durante as três décadas da Nova República, o texto argumenta que algumas dimensões presentes na virada autoritária brasileira foram gestadas nas agências pentecostais, como o diagrama da guerra, a recusa da humilhação, o dispositivo anti-autoridade e a gramática do empreendedorismo. Toma-se como tese central que o pentecostalismo e o bolsonarismo podem ser descritos como uma revolta dos “bastardos”. Das margens ao Estado, pretende-se analisar como uma contestação dos indivíduos periféricos que ocupam posições “ambíguas” dentro do campo religioso tem uma conexão com uma insurreição conservadora, que visa alcançar posições institucionais nos poderes legislativo, executivoe judiciário, a partir de sujeitos que ocupavam posições heterodoxas em vários campos de atuação, como o jurídico, o político, o militar, o acadêmico.
O mercadO pentecOstal de pregações e testemunhOs: fOrmas de gestãO dO sOfrimentO Mariana Côrtes Universidade Federal de Uberlândia -UberlândiaMinas Gerais -Brasil IntroduçãoUm novo campo de possibilidade se abre para sujeitos em condições de vulnerabilidade social, a grande maioria deles habitantes das periferias das grandes cidades brasileiras. Trata-se da possibilidade de se inserir em um mercado emergente: o mercado pentecostal de pregações e testemunhos. Convertidos às igrejas evangélicas, principalmente em suas variantes pentecostais e neopentecostais, esses sujeitos, marcados em suas trajetórias biográficas pela precariedade social, veem como perspectiva o engajamento na carreira de "pregadores-itinerantes", cuja principal prerrogativa é "dar o testemunho" em igrejas e eventos, narrando episódios dramáticos de sua trajetória biográfica, como experiências com a criminalidade violenta, mendicância, prostituição, homossexualidade, doenças, deficiências. A despeito de sua adesão ao pentecostalismo implicar em uma ruptura com a identidade anterior e na aquisição de uma nova identidade religiosa, há, nas narrativas de conversão desses "pregadores", o apelo constante para a
<p>Este artigo pretende problematizar algumas questões desenvolvidas na obra de H, Arendt - (ais como necessidade, violência e liberdade - e recolocá- las no contexto histórico da contemporaneidade, tratando mais especificamente da conversão religiosa e "aceitação de Jesus Cristo" de sujeitos sociais que tiveram suas histórias de vida marcadas pelas práticas e sociabilidade da criminalidade violenta.</p>
Revault d"Allones, Pierre Manent, pelas disciplinas oferecidas, por terem contribuído com a minha formação e muitas das inspirações desta tese. Aos professores Elisa Cintra e Oswaldo Giacóia Júnior, pelas importantes contribuições no exame de qualificação. Aos funcionários da Secretaria e da Biblioteca da École des Hautes Études en Sciences Sociales e do Programa de Doutorado em Ciências Sociais, especialmente Maria Rita Gandara, pela rara leveza com que nos ajuda a atravessar a burocracia universitária. Aos funcionários da Maison du Brésil, em Paris, pela acolhida gentil. À professora Amnéris Maroni, pela orientação, pela amizade, pelos ensinamentos, pelos olhares, pelas pausas, pela presença, pela sabedoria, por essa maneira de ensinar e partilhar tão própria, que faz do pensamento uma arte dos sentidos. À professora Claudine Haroche, pela recepção calorosa em Paris, pelas muitas discussões regadas a café, por não me deixar esquecer que o conhecimento é uma aventura coletiva, e por ter me ensinado o valor do reconhecimento. Às professoras Cibele Risek, Elisa Cintra, Jacy Alves de Seixas e Suely Koffes, por terem aceitado com tanta generosidade o convite de participação na banca de defesa desta tese. À Neli dos Santos e à Branca Puntel, pela revisão cuidadosa do português.Aos amigos de infância e longa data, Bernardo Gondim, Caroline Magalhães, Daniela
Resumo: O artigo oferece uma perspectiva analítica para pensar o neoliberalismo brasileiro por meio da concepção foucaultiana de governamentalidades híbridas. O neoliberalismo é caracterizado pela construção política da sociedade conforme o modelo do mercado. As técnicas neoliberais foram adotadas de maneira seletiva em diferentes contextos, compondo-se com e reorganizando as constelações políticas e sociais existentes. O reconhecimento da heterogeneidade de racionalidades políticas que se compõem de maneira dinâmica e variada na construção do Estado e das instituições ou nas formas de governo constituídas "de baixo para cima" pelos governados permite explicar as variações das formas da existência em torno da norma de vida neoliberal, constituindo processos de neoliberalização singulares.Palavras-chave: neoliberalismo híbrido; governamentalidades híbridas; processo de neoliberalização brasileiro; norma de vida; forma social da existência.
O presente texto estabelece um diálogo com o artigo “Fazendo política em outros Congressos: tramas religiosas, práticas midiáticas e a estética da política nas periferias urbanas do Rio de Janeiro” de Carly Machado. As práticas missionárias realizadas pelo Ministério Flordelis implodiram as fronteiras da “igreja”, pois as dinâmicas pentecostais da região metropolitana do Rio de janeiro operadas em torno das categorias “ministérios” e “congressos” ultrapassam o lócus doutrinal e institucional da denominação. Este texto apresenta a hipótese de que o uso das noções de “ministério” e “congresso” não representa uma apropriação do político pelo religioso, mas indica exatamente o oposto. Eles são termos da esfera política que revelam uma “assinatura”, conceitos que se apresentam de forma “secularizada”, mas que carregam o segredo do seu pertencimento à esfera teológica, na forma de uma oikonomia cristã.
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