Este artigo analisa a contribuição de Álvaro Vieira Pinto para os estudos de economia e educação. Seu conceito de trabalho tecnologicamente elaborado pode ser reconhecido como resultado de uma profunda investigação sobre as relações humanas que encontramos na "cultura da economia". Seu caminho teórico até os escritos de Marx aponta uma capacidade erudita de relacionar educação e emancipação política com a história da tecnologia.
Este artigo analisa como o Centro Regional de Pesquisas Educacionais de São Paulo (CRPE-SP) abordou os temas desempenho e adaptação da criança pobre à escola. O foco incide sobre os anos 1956-1963 e dedica especial atenção às manifestações de Dante Moreira Leite e de Luiz Pereira a respeito do assunto. O argumento central é o de que a transformação da cidade de São Paulo em grande metrópole tornou-se o tema articulador com o qual ambos os autores pesquisaram o desempenho e a adaptação de crianças em idade escolar, especialmente aquelas identificadas como suburbanas. Uma nova cultura urbana desafiava a estrutura da escola e, com base no legado de Antonio Candido e de Florestan Fernandes, tais questões foram investigadas com um novo padrão de pesquisa, que se tornou marca do CRPE-SP naquele momento. Esse novo padrão de pesquisa abriu espaço para que novos recursos analíticos fossem mobilizados para o estudo da inteligência da criança em situação escolar. Foram demonstradas as insuficiências dos parâmetros biológicos para a compreensão do fenômeno da reprovação, que tinha números expressivos. Para além de uma nova compreensão antropológica a respeito da interação entre a cultura escolar e os modos de viver das periferias urbanas, o padrão de pesquisa estabelecido enriqueceu o repertório de análises sociológicas sobre a expansão do número de vagas escolares na cidade de São Paulo. Para aquela sociologia da educação que então se renovava, o caráter fortemente excludente da reprovação escolar foi demonstrado de forma magistral.
RESUMO O artigo aborda a apropriação que a filantropia empresarial educativa fez de documentos estratégicos da educação brasileira para propor uma lógica de mercado à educação pública. A circulação das palavras-chave eficiência e resultado naturaliza a narrativa empresarial sobre o valor da alta performance e esvazia a escola pública de possibilidades inclusivas, especialmente no que diz respeito à escolarização de crianças com deficiências.
O texto apresenta uma proposta de debate num campo de confluência en¬tre a sociologia, a antropologia e a etnografia: a pesquisa de campo. Como conseqüência, o artigo propõe a utilização de conceitos sociológicos e antro¬pológicos de William Corsaro, Jesús Martín-Barbero, Norbert Elias e Erving Goffman para a elaboração de uma plataforma de pesquisa sobre a experiência da infância e da juventude vivendo em situação de pobreza.
Resumo Este artigo analisa o tema dos laudos médicos na configuração de experiências de escolarização. Trata-se de um tema muito presente desde o início do século XXI, associado à produção de diagnósticos individuais, como a indicação da dislexia ou do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade para explicar o fracasso escolar. Com base em pesquisas realizadas nos últimos anos, o presente estudo analisa criticamente como o tema da patologização da vida escolar é mais abrangente. Essa maior abrangência diz respeito à presença histórica dos laudos em experiências de segregação escolar. E não é somente questão histórica. No atual cenário, a escolarização de crianças com deficiência ou cronicamente enfermas é marcada pela subordinação dos argumentos pedagógicos à lógica estigmatizante dos laudos.
Este artigo analisou experiências recentes de escolarização de crianças bolivianas, especificamente na cidade de São Paulo. Com registros etnográficos feitos nas pesquisas de campo, que proporcionaram participar de cenas cotidianas em três escolas públicas municipais e nos seus entornos, foi possível perceber contínuos processos de estigmatização, com ações que têm reiterado que crianças bolivianas têm propensão ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). As categorias de análise utilizadas foram medicalização e deficientização. Com essas categorias, os excertos de fala apresentados demonstram como crianças bolivianas têm sido constantemente estigmatizadas e encaminhadas para serviços clínicos de avaliação psicológica e neurológica, desconsiderando particularidades culturais.
PALAVRAS-CHAVE: Bolivianos. Medicalização. Deficientização. Transtorno do Espectro Autista.
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