De Diagnósticos E Prognósticos: Laudos Na Configuração De Muitas Experiências De Escolarização

Abstract

Resumo Este artigo analisa o tema dos laudos médicos na configuração de experiências de escolarização. Trata-se de um tema muito presente desde o início do século XXI, associado à produção de diagnósticos individuais, como a indicação da dislexia ou do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade para explicar o fracasso escolar. Com base em pesquisas realizadas nos últimos anos, o presente estudo analisa criticamente como o tema da patologização da vida escolar é mais abrangente. Essa maior abrangência diz respeito à presença histórica dos laudos em experiências de segregação escolar. E não é somente questão histórica. No atual cenário, a escolarização de crianças com deficiência ou cronicamente enfermas é marcada pela subordinação dos argumentos pedagógicos à lógica estigmatizante dos laudos.

Educação Inclusiva: Diferenças Entre Acesso, Acessibilidade E Inclusão

“…Com base em várias etnografias realizadas em escolas públicas nos últimos anos (Freitas, 2021;Freitas & Garcia, 2019), foi possível registrar inúmeras situações em que protagonistas do cotidiano escolar descreviam a "inclusão de fato" enumerando recursos de acessibilidade ou recorrendo aos números de matrícula do AEE. E, para demonstrar a inconsistência dessa sinonímia, que tenta confirmar a inclusão com inventários de recursos de acessibilidade e comprovar acessibilidade com números de acesso ao AEE, é oportuno revisitar a proposta de design universal tal como tem sido ressignificada em alguns debates.…”

“…Decrescimento é um denso argumento que demonstra que nossa noção de eficiência (Malghan, 2021, p. 142) contém uma dinâmica "deficientizadora" (Freitas, 2022) e um modus operandi que esgota todos os modos de viver, humanos e não humanos.…”

“…Permanece atual a perspectiva desse autor, e pode-se acrescentar um dado que pude observar e analisar em situações distintas (Freitas, 2022). A palavra inclusão tem sido utilizada como se fosse autoexplicativa, como se a simples menção ou o uso de sua forma adjetivada, como inclusiva para educação inclusiva, por exemplo, fosse suficiente para expressar seu conteúdo.…”

Crianças diagnosticadas com TEA na escola pública: novos desafios, velhas dicotomias

“…Perguntamos, após inúmeras etnografias realizadas em escolas públicas, em instâncias de governança educacional e em espaços de intersecção com profissionais da saúde (FREITAS; GARCIA, 2019;FREITAS;PRADO, 2017;GONÇALVES, 2019), se cotidianamente o modo de evocar direitos que nos últimos trinta anos configuraram o chamado público-alvo da educação especial 4 não estaria, neste momento, engendrando uma contradição expressiva. Qual contradição?…”