Este trabalho propõe-se a descrever a trajetória da implantação das ações de controle da deficiência de vitamina A no Brasil.
MétodosTrata-se de estudo baseado em dados secundários, obtidos nos registros, documentos técnicos e relatórios oficiais do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, autarquia do Ministério da Saúde extinta em 1997, da Coordenação Geral da Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, e informações obtidas com informantes-chaves, empregando a abordagem multidimensional alicerçada na tríade: estrutura-processo-resultado.
ResultadosO Brasil foi pioneiro na iniciativa de introduzir a distribuição de vitamina A nas campanhas nacionais de imunização, estratégia posteriormente preconizada pela Organização Mundial da Saúde e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância. Desde 1983, o Ministério da Saúde utiliza megadoses de vitamina A, como uma das ações para combater a deficiência deste micronutriente. O percentual de cobertura da população alvo (crianças de 6 a 59 meses) tem aumentado, alcançando 72% e 68%, nos anos de 2002 e 2003, respectivamente. Essas coberturas são semelhantes às registradas nos 40 países que adotam esta estratégia. Desde 2001 o programa foi ampliado para beneficiar puérperas, no pós-parto imediato.
ConclusãoForam modestos os avanços obtidos até o ano de 1992, fato que pode ser explicado pela falta de regularidade na distribuição das cápsulas de vitamina A. A partir de 1994, o programa manteve certa constância, porém
A distribuição de vitamina A em Dias Nacionais de Vacinação ocorre desde 1983; o Brasil foi pioneiro nesse tipo de intervenção. O estudo avaliou o programa no período de 1995-2002 na perspectiva de estrutura-processo-resultado. A metodologia envolveu pesquisa documental, entrevistas com gestores e estudo de caso em 44 municípios da Bahia, resultando em 1.344 questionários domiciliares. Em relação à estrutura, o programa operou sem instrumento normativo a partir de 1998, decorrente da extinção do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição. Melhorias nos processos de aquisição e distribuição do suplemento impactaram positivamente na sua cobertura; em 2002, foram distribuídas 3,5 milhões de cápsulas (cobertura 72%). Nas 2.546 crianças estudadas na Bahia, não houve regularidade na distribuição e a cobertura anual variou de 8% a 26%. As limitações de tempo e recursos humanos, informadas pelos gestores, corroboram a hipótese de que essa estratégia não contribui para esclarecer a população sobre a importância da vitamina. Os achados mostram ser necessária a articulação sistemática entre esferas de governo para que o programa seja executado e monitorado em sua plenitude.
A survey of 754 preschool children was undertaken in the urban areas of seven small towns of the semi-arid region of Bahia, Northeastern Brazil, to determine the prevalence of vitamin A deficiency, as well as its association with variables such as a age, family income, mother's schooling and dietary adequacy in vitamin A. Protein energy malnutrition and anemia were also studied and are reported separately. The clinical ophthalmological examination did not reveal any signs or symptoms of xerophthalmia amongst these children. In 563 children serum retinol was determined and the average value found was 20.3 micrograms/dl (SD = 10.8 micrograms/dl); the prevalence of deficient serum retinol (below 10.0 micrograms/dl) was of 15.3%. In all 7 localities studied, the prevalence of deficient retinol levels was above 5.0%, the criterion recommended by WHO for considering it a Public Health Problem. The distribution of serum retinol was similar between the sexes, but there was an age trend: the prevalence of deficient and low levels decreased with age. There was no association between deficient serum retinol and family income per capita or mother's education. Results from the 24 h food consumption survey revealed that only 8% of children had an adequate intake of vitamin A through the diet; 66% received less than 1/2 and 35% less than 1/4 of the recommended daily intake of vitamin A. Vitamin A deficiency should be considered a Public Health Problem in the region due to the high prevalence of deficient levels of serum retinol as well as the large dietary inadequacy.
The objective of this survey was to determine the prevalence of anemia and potential determinants thereof in 754 children from urban areas of seven small towns in the semi-arid region of Bahia. Hemoglobin was measured in 745 children 1 to 72 months of age. For the 6-to-72 month-old group, hemoglobin < 11.0 g/dl was considered anemia (following WHO recommendations) whereas <9.5 g/dl was considered severe anemia. The same cutoffs were used for children under 6 months, which are the same ones used in clinical-hematology. A mean hemoglobin of 12.1 g/dl was found, distributed differently according to age groups (p=0.001). The study found prevalences of 22.2 % for anemia and 5.8% for severe anemia, respectively. Occurrence of anemia varied significantly with age (p=0.001); the highest prevalence was 50.0% in children 12 to 23 months of age, followed by 29.9% in children below 12 months. The association of anemia with mother's education (controlled for age) and per capita family income was not statistically significant.
O estudo avaliou o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) entre 1995 e 2002, sob a ótica da estrutura-processo-resultado. A metodologia consistiu em pesquisa documental e estudo de caso em 45 municípios na Bahia, resultando em 2.389 questionários domiciliares. Em termos de estrutura analisou-se a evolução normativa do programa até 2002. Quanto ao atendimento das necessidades nutricionais dos trabalhadores, o programa passou de uma insuficiente adequação calórica nos anos 80 para uma associação positiva entre sobrepeso e trabalho em empresa com PAT. Na Bahia a cobertura foi insuficiente entre os 5.120 adultos maiores de 20 anos investigados. Houve diferença significativa no acesso a benefícios alimentares entre trabalhadores do interior (26,1%) e da capital (6,1%). Contudo, a focalização foi adequada: todos os beneficiados no interior e 92,4% na capital tinham renda menor que cinco salários mínimos. Faz-se necessária uma maior divulgação do PAT junto à população alvo, de forma a conscientizar os trabalhadores sobre os seus direitos e as ações desenvolvidas pelo Programa.
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