Foram estudados 754 pré-escolares de áreas urbanas de sete municípios do semi-árido da Bahia, Brasil. Os objetivos foram determinar a prevalência de déficit ponderal e estatural, indicativos de desnutrição atual e/ou pregressa e sua associação com a idade, sexo, renda em salário-mínimo (SM), escolaridade materna e adequação do consumo alimentar. Encontrou-se 22,9% de crianças com altura/idade abaixo de -2,0 DP (desnutrição pregressa), 19,1% com peso/idade e 3,6% com peso/altura abaixo de -2,0 DP (desnutrição atual). Em relação ao inquérito dietético somente 6,8% das crianças haviam consumido no dia anterior uma dieta que suprisse os requerimentos energéticos para sua faixa etária. Houve forte associação entre os indicadores A/l e P/l inadequados com renda familiar per capita (p=0,001 e p=0,000, respectivamente); crianças de famílias com renda per capita < 1/4 SM tinham duas vezes mais chance de estar desnutridas se comparadas com as do estrato de renda >1/2 SM. Em relação ao P/A como também P/l, os pré-escolares estudados no semi-árido apresentaram prevalências significativamente superiores às encontradas por pesquisa nacional realizada na mesma época (p=0,047 e p=0,000, respectivamente). Esses achados surpreendem, já que nas últimas décadas tem sido demonstrada no Brasil uma melhoria signifivativa na desnutrição e mortalidade infantil e parecem indicar que as crianças do semi-árido não lograram ainda alcançar os mesmos benefícios que o restante da população infantil brasileira.
Anemia, epidemiologia. Hemoglobinas, análise. *Financiado através do Projeto HOPE, Fortaleza, com recursos da USAID (projeto 98-06-G-SS-7003-00).Separatas/Reprints: Leonor M.P.
IntroduçãoA Bahia é o maior Estado do Nordeste e um dos que apresentam maior diversidade tanto ecológica como social e econômica entre as suas unidades naturais; contudo, em que pese a importância desse Estado, inexistem dados de base populacional sobre a situação alimentar e nutricional de sua população. Estado ímpar no Brasil tanto pela composição étnica como pela riqueza cultural de sua gente, a Bahia é marcada pelas injustas diferenças da sociedade brasileira: em um extremo encontra-se a tecnologia de ponta empregada em seu moderno Pólo Petroquímico e na prospecção e exploração do petróleo; no outro a mais retrógrada estrutura fundiária e a mais atrasada tecnologia agrícola utilizada em grande parte do semi-árido, responsáveis pelos desastres sociais previsíveis que acompanham as secas periódicas. Apesar das condições climáticas adversas e mesmo considerando a acentuada migração em direção aos grandes centros urbanos existem, de