O artigo trata das relações atuais entre cultura, medicina, e as chamadas medicinas alternativas, de uma perspectiva analítica macrossociológica. Algumas hipóteses interpretativas são levantadas para explicar a grande profusão de novas terapias e sistemas terapêuticos na sociedade contemporânea, entre as quais a da existência de uma dupla crise - sanitária e médica - que afeta as relações tradicionais existentes entre cultura e medicina. Além disso, uma hipótese subsidiária interpreta essa eclosão de terapias e sistemas como fruto da própria racionalidade médica hegemônica na cultura ocidental, que centraliza a doença como elemento estruturante de seu paradigma e institui a ciência (das patologias) como base da racionalidade médica ocidental, praticamente excluindo a milenar questão da arte de curar como foco central da prática e do saber médico.
ResumoEste artigo trata da crescente complexidade do campo conhecido como Saúde Coletiva, em termos paradigmáticos, que é expressa na convivência atual de três paradigmas (multidisciplinaridade, interdisciplinaridade, transdiciplinaridade), construídos, em termos de saberes e práticas, ao longo de um período histórico de cerca de dois séculos (primeira metade do século XIX ao século XX). Essa complexidade se traduz também na profusão de disciplinas que compõem o campo, oriundas tanto das biociências, quanto de ciências da área de humanas e ambientais. A complexidade do campo evidencia-se também no seu hibridismo epistemológico, no qual coexistem normas epistemológicas de produção do conhecimento com o paradigma pragmático da eficácia e da ética, comum às medicinas preventiva e social e às políticas de saúde. Este artigo tenta também evidenciar que a evolução do campo da Saúde Coletiva no último século aponta na irreversível direção da complexidade, tanto em termos de produção do conhecimento como de intervenção de estilos de expressão das diferentes disciplinas incluídas no campo. Reduzir essa enorme complexidade a um paradigma único, seja em termos de modelos disciplinares, seja em termos de formas de expressão de sua produção, significa reduzir o campo a uma única dimensão, diminuindo-o e empobrecendo-o nos níveis analisados no trabalho.
The theoretical discussion on disability is dichotomized IntroduçãoA transição epidemiológica brasileira, segundo alguns pesquisadores, teve início com a queda da taxa de mortalidade na década de 1940, passando pelas doenças infectocontagiosas até chegar às patologias de início insidioso e longa duração, cuja evolução é marcada por redução progressiva da capacidade do indivíduo de realizar as atividades do cotidiano e por dificuldades para desempenhar papéis socialmente esperados 1,2 . Em decorrência desses fatos, ao longo dos últimos anos, o foco na construção de indicadores de saúde se deslocou da mortalidade para a morbidade e, mais recentemente para as conseqüências das doenças crônicas 1 . Somada a isso, a evolução tecnológica nos cuidados em saúde tem possibilitado maior sobrevida às pessoas com deficiências congênitas, que nos últimos anos têm se organizado mundialmente para lutar por uma sociedade mais inclusiva. Em que pese a importância quantitativa e qualitativa do problema, demonstrada pelo número de estudos e o envolvimento de pesquisadores de diferentes áreas, no Brasil as discussões ainda são incipientes. A análise e os debates sobre as teorias existentes para explicar a funcionalidade e a incapacidade humana podem ajudar na concepção de indicadores de saúde mais específicos, direcionados para as conseqüências das doenças, bem como na elaboração de políticas públicas mais efetivas.REVISÃO REVIEW
a tendência à concentração do poder e à exclusão das classes-populares dos circuitos de decisão econôrnica, política e cultural do país. 2 Esse papel continuado das políticas e instituições de saúde pode ser percebido e analisado ao longo dos períodos que marcam as principais conjunturas de nossa história, desde a Proclamação da República, em novembro de 1889, até a restau ração dos direitos políticos e civis cassados no pós-64, a partir de 1982, passando pela conjuntura de transição democrática da Nova República, encerrada em março de 1990, um século após a Proclamação.Nas notas que se seguem, tentaremos esclarecer temas e tendências dominan tes nas políticas de saúde no Brasil da década de 1980, bem como analisar o papel que pode desempenhar tal política na constituição, na década de 1990, de uma nova ordem institucional, economicamente mais justa, social e politicamente mais democrática, como os discursos eleitorais e governamentais não cessam de elevar à condição de "prioridade máxima" nos últimos cinco anos. Antes, tentaremos fazer uma breve comparação, referenciada nas políticas de saúde, entre a conjuntura dos anos 80 e as que a precederam, desde a Primeira República , aos dias atuais, passando pelos períodos populista, desenvolvimentista e do Estado mili tarista. Não temos intenção de fazer uma análise substantiva ou aprofundada desses períodos, pois tratamos deles em trabalhos anteriores. 3
Insulta agora daqui os deuses, ó Prometeu! Rouba-lhes as honras divinas, para dá-las a seres que não viverão mais que um dia! Poderão por acaso os mortais minorar teu suplício? Em vão te deram os deuses o nome de Prometeu ("o previdente, o que prevê")! Tu sim! -precisas de umPrometeu que te liberte! (Prometeu Acorrentado. Tragédia de Ésquilo). RESUMOO artigo propõe-se a analisar certas relações, presentes na sociedade contemporânea, entre regime de produção intelectual, pesquisa e a categoria "produtividade", vista como manifestação privilegiada do conhecimento científico. Tal categoria é importada de estrutura econômica e aplicada ao trabalho intelectual. Procura-se evidenciar como a lógica da produtividade das máqui-nas ou de setores específicos da produção de conhecimento, sem provocar dano à saúde dos pesquisadores, e mesmo à própria produtividade científica, desconsidera objetivos, ritmos, formas de produzir e divulgar o trabalho científico, em suas múltiplas versões disciplinares.
O artigo é um relato analítico da trajetória de 20 anos da categoria racionalidade médica, que emergiu no Campo da Saúde Coletiva, área das Ciências Sociais e Humanas em Saúde, no início da década de 1990, com o objetivo de estudar sistemas médicos complexos e terapêuticas tradicionais, complementares e alternativas. Com base em revisão crítica da literatura, apresentam-se aspectos do contexto cultural, político-institucional e social de seu surgimento, como também suas principais contribuições e desdobramentos nos planos teórico e das políticas e práticas sociais em saúde. Utiliza-se o conceito de epistemologia do sul de Boaventura de Sousa Santos, para a reflexão sobre a contribuição da categoria racionalidade médica à crítica da racionalidade científica pós-moderna e à construção de uma nova epistemologia em saúde.
Este artigo discute o tema da centralização versus descentralização das políticas de saúde do Estado brasileiro no século XX. Desenvolve como hipótese central a idéia de que a questão centralização/descentralização de serviços e funções nas políticas públicas, incluindo a de saúde, exprime no Estado a concentração do poder social na sociedade brasileira. A dicotomia centralização/descentralização seria a transposição institucional da concentração/desconcentração do poder social e sua tradução na ordem política. A centralização no Estado materializa a estrutura de concentração do poder institucional, que as políticas públicas exprimem, durante quase todo o século XX, apesar das interferências de vários movimentos da sociedade civil. Analisando as políticas de saúde em diversas conjunturas, e destacando a progressiva diversificação de atores políticos que nelas intervêm, o artigo conclui pela existência de um processo de efetiva descentralização nas políticas na década de 1990, embora sem uma verdadeira desconcentração do poder político.
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