Resumo Nos últimos anos, transformações na divisão internacional do trabalho têm promovido repercussões na dinâmica das migrações internacionais, como a emergência das migrações Sul Sul. Neste sentido, a cidade de São Paulo tem se consolidado como destino para muitos novos imigrantes internacionais e solicitantes de refúgio. Este artigo tem por objetivo analisar a inserção social de imigrantes haitianos e bolivianos em São Paulo. A metodologia contempla revisão teórica sobre migrações contemporâneas e território, bem como trabalho de campo de natureza qualitativa nos espaços sociais da capital paulista com maior presença de trabalhadores imigrantes destas nacionalidades.
RESUMOA emigração haitiana não é um processo novo (CASTOR, 1978;COTINGUIBA, 2014): iniciada ainda no final do século XIX, quando se dirige especialmente a Cuba e República Dominicana, ela se orienta, já na segunda metade do século XX, a países como Estados Unidos, Canadá e França. Estes processos históricos de emigração internacional possuem particularidades, não apenas quanto às razões da migração como também no que se refere aos fluxos e suas principais características. No entanto, a emigração haitiana passa, atualmente, por uma transformação: a crise capitalista pós-2008 (MAGALHÃES e BAENINGER, 2014) repercutiu diretamente nos níveis de emprego, salário e poupança, em países constituídos como destinos tradicionais da emigração haitiana (França e Estados Unidos, especialmente), o que trouxe duas consequências importantes. A primeira, o fortalecimento do sentimento e da prática xenófobos, em razão das restrições no mercado de trabalho e a apropriação disto por setores conservadores, intensificando com isto a seletividade migratória nestes países (MAGALHÃES e BAENINGER, 2014). A segunda, também decorrente destas restrições no mercado de trabalho, foi a diminuição do nível de remessas de migrantes, o que provocou rápido contágio da crise em países dependentes de remessas, como o Haiti (CEPAL, 2009). Diante destas dificuldades (econômicas, políticas e sociais), a migração haitiana teve de reorientar-se, ou seja, encontrar novos países de destinos (FERNANDES, MILESI e FARIAS, 2011). Neste momento, o Brasil passava por um ciclo expansivo em sua economia, implementando medidas anticíclicas de promoção do consumo e de construção de obras públicas -inclusive para a realização de grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. De igual modo, o Brasil estava presente também no Haiti, seja militarmente, coordenando a Missão da ONU para Estabilização da Paz no país (LUCE, 2011; PATARRA, 2012), seja economicamente, através de um sem-número de empreiteiras operando inicialmente a construção de estradas e portos e, após o Terremoto de Janeiro de 2010, a reconstrução do país (SEGUY, 2014). Estes fatores inseriram o Brasil no rol dos destinos da emigração haitiana, ainda no final do ano de 2010 (MAGALHÃES e BAENINGER, 2014). O entendimento da presença haitiana no Brasil exige um conjunto de esforços teóricos e metodológicos. No que concerne aos esforços teóricos, há de se considerar que a emigração haitiana é um processo histórico de longa duração, que envolve desde o final do século XIX um conjunto de países, sob diversas condições sociais e políticas vigentes no Haiti (CASTOR, 1978). Explicações como a de uma migração originada por conta exclusiva do terremoto devem ser, portanto, questionadas (SEGUY, 2014;COTINGUIBA, 2014). De igual modo, a presença haitiana no Brasil requer, metodologicamente, utilização de outras fontes de dados (FERNANDES, 2014), visto que o último Censo Demográfico brasileiro deu-se antes da chegada massiva destes imigrantes. Registros como o do Mini...
Resumo A pandemia da Covid-19 tem evidenciado o efeito das múltiplas formas de desigualdades sobre as condições de vida da população. Seu padrão de disseminação demonstra que a metropolização, produto e produtora da mobilidade humana, constitui fator central da expansão do número de casos e de óbitos. O Brasil, país estruturalmente desigual, apresenta dificuldades importantes para entendermos a forma específica com que a Covid-19 afeta os imigrantes, pois a nacionalidade não é um quesito dos registros médico-hospitalares. Este artigo tem como objetivo analisar os impactos da Covid-19 entre imigrantes internacionais na Região Metropolitana de São Paulo, utilizando dados da pesquisa “Impactos da Pandemia de Covid nas Migrações Internacionais” (PUC-MG, UNICAMP, 2020). Abordaremos, especialmente, o perfil sócio-demográfico dos respondentes e os impactos da pandemia nas condições de trabalho e acesso a direitos. Parte de estudo mais amplo em andamento, este artigo visa ainda explicitar as relações entre epidemiologia e mobilidade humana.
1 9 8 4 -7 2 4 6 O Haiti é aqui: primeiros apontamentos sobre os imigrantes haitianos em Balneário Camboriú -Santa Catarina -Brasil Resumo O capitalismo global desenvolve-se com o desenvolvimento desigual de suas partes constituintes. Sua expansão pela América Latina engendrou, a partir da colocação na divisão internacional do trabalho pelas mãos do colonialismo, o fenômeno do capitalismo dependente, que vincula o desenvolvimento econômico e social de um país periférico às exigências e necessidades dos países centrais. Este processo histórico cria riquezas na periferia do sistema capitalista, as quais são apropriadas pelas empresas dos países centrais: é um desenvolvimento do subdesenvolvimento, fórmula central para se entender como o Haiti passou de colônia mais próspera do mundo no século XVIII a país mais pobre da América atualmente. Suas precárias condições de vida condicionam, historicamente, a formação de fluxos migratórios de saída do país. Este artigo objetiva analisar, à luz de um enfoque histórico sobre o país, as razões de estes fluxos estarem, atualmente, se direcionando para o Brasil. A hipótese é que a migração haitiana no Brasil tenha origens na própria presença, subimperialista, do Brasil no Haiti. A metodologia contempla uma abordagem teórica e qualitativa sobre a formação histórica dos fatores de expulsão do país e uma abordagem qualitativa sobre as principais características deste fluxo na cidade de Balneário Camboriú -SC, através de entrevistas e questionários semiestruturados com um grupo de 18 imigrantes haitianos residentes na cidade. Palavras-chave: Haiti; Migração Internacional; Balneário Camboriú -Santa Catarina.
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