No sudeste do Brasil, principalmente no Estado de Minas Gerais, são observados planaltos escalonados drenados por diferentes bacias hidrográficas, muitas vezes separadas entre si por nítidos degraus morfológicos resultantes da diferença no potencial erosivo de suas cabeceiras de drenagem, como resposta à tectônica distensiva cenozoica. Adicionalmente, capturas fluviais que condicionam a rede de drenagem a buscar um novo perfil de equilíbrio e alteram a morfologia dos canais envolvidos (captor, capturado, decaptado e afluentes diretos) são frequentes. Esse artigo apresenta o papel de três grandes capturas fluviais (Capturas de São Vicente de Paula, de Carandaí e de Vilas-Boas) na morfodinâmica de três bordas interplanálticas entre as quatro mais importantes bacias hidrográficas do sudeste do Brasil: são Francisco, Doce, Paraná e Paraíba do Sul. A análise inicial com base em material cartográfico (cartas topográficas, geológicas e geomorfológicas) e os trabalhos de campo, com descrição dos canais envolvidos mostraram que as três capturas analisadas apresentam características diferentes: 1) em Vilas-Boas a crista da escarpa se encontra na posição original e as alterações na paisagem se limitam aos vales, com incisão de 2,5m, até 1 km à montante do ponto de captura; 2) em Carandaí a crista da escarpa já se encontra recuada a cerca de 1,5 km do ponto de captura, que foi rebaixado em100 m, e as alterações atingem os 3 km de distância desse ponto; e 3) em São Vicente a crista da escarpa já se encontra recuada a cerca de 3,5 km do ponto de captura, que foi rebaixado em 250m (atingindo o planalto inferior) e as alterações atingem 8km de distância desse ponto. Estes resultados demonstram a influência das capturas fluviais na morfodinâmica das bordas interplanálticas do sudeste do Brasil. As capturas aceleram a morfodinâmica do processo de recuo das escarpas, onde as áreas capturadas são dissecadas e rebaixadas até serem integradas à drenagem capturante, contribuindo assim, para o recuo escarpa e, a consequente disputa de áreas entre as bacias hidrográficas.
O estudo das formações aluviais na reconstituição de eventos geomorfológicos é uma ferramenta metodológica importante para a compreensão dos processos de esculturação dos vales fl uviais, da confi guração espaço-temporal da rede hidrográfi ca e, consequentemente, da confi guração do modelado do relevo no Quaternário tardio. Este trabalho investiga hipóteses sobre os fatores condicionantes que levaram à confi guração de expressivos depósitos aluviais resultantes da colmatação de fundos de vale na bacia do Alto-Médio Rio Pomba, região leste de Minas Gerais. Os fundos de vale apresentam espessos depósitos de terraço nos quais as planícies, por vezes com grandes amplitudes, encontramse embutidas ou encaixadas. O quadro geológico e geomorfológico regional, as idades obtidas para os sedimentos via técnica de Luminescência Opticamente Estimulada (LOE) e a disposição de trechos de corredeira no médio Rio Pomba sugerem que a gênese dos depósitos fl uviais esteve condicionada por uma tectônica diferencial de blocos durante o Quaternário tardio. A morfologia das Informações sobre o Artigo
A Luminescência Opticamente Estimulada (LOE) é uma das técnicas de datação absoluta de sedimentos quaternários baseada em danos causados por radiação em materiais geológicos. A LOE se fundamenta no fato de que parte dessas mudanças não é reversível e aumenta linearmente com o tempo de exposição do mineral à radiação. Na Zona da Mata de Minas Gerais, a investigação de sedimentos fluviais permitiu o reconhecimento de capturas fluviais de afluentes do rio Doce por afluentes do rio Paraíba do Sul. Foi realizada a datação absoluta de sedimentos dos vales dos rios São Manuel e Bagres para subsidiar análises cronológicas dos processos de captura. Deste modo, pôde-se discutir as possibilidades e limitações da técnica quando aplicada em depósitos fluviais no Brasil. A LOE continua sendo uma das técnicas de datação absoluta de sedimentos mais utilizada no mundo, apresentando inegáveis contribuições aos trabalhos de reconstituição paleoambiental. Entretanto, a sua aplicação em sedimentos de ambientes tropicais úmidos e com relevo serrano deve ser realizada com cautela, já que sua eficiência pode ser comprometida por processos de coluvionamento e pedogênese.
A efetividade das medidas de valorização e de restauração ambiental de qualquer bacia hidrográfica depende, principalmente, da boa receptividade por parte da população local e do impacto das medidas em termos de transformações do comportamento e sensibilização ambiental. O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa que avaliou a apropriação social das intervenções físicas e paisagísticas efetuadas em duas das nove nascentes compreendidas na segunda etapa do projeto "Valorização de nascentes urbanas na bacia do ribeirão do Onça", o qual foi formulado e desenvolvido pelo Subcomitê da bacia hidrográfica do Onça (Região Metropolitana de Belo Horizonte-MG) com recursos advindos da cobrança pelo uso da água. Quatro ferramentas metodológicasa observação direta, as entrevistas semi-estruturadas, os questionários e as cartografias sociaispermitiram concluir que as medidas executadas conseguiram incrementar a visibilidade das nascentes, bem como promover uma percepção mais positiva sobre as áreas onde as mesmas encontram-se inseridas. No entanto, identificou-se que existe um vazio pedagógico no projeto, pois a valorização da área das nascentes por parte das comunidades não acarretou uma maior compreensão sobre a importância desses sistemas para a manutenção da qualidade ambiental das bacias hidrográficas. Palavras-chave: Nascentes urbanas. Restauração ambiental. Educação ambiental. Apropriação social. EVALUACIÓN DEL PROYECTO DE VALORIZACIÓN DE NACIMIENTOS URBANOS EN LA CUENCA HIDROGRÁFICA DEL RÍO ONÇA: EL IMPACTO EN LA PERCEPCIÓN SOCIAL DE DOS NACIMIENTOS RESUMENLa efectividad de las medidas de valorización y restauración ambiental de cualquier cuenca hidrográfica depende, principalmente, de la buena receptividad por parte de la población local, así como del impacto de éstas en términos de transformación del comportamiento y sensibilización ambiental. Este artículo presenta los resultados de una investigación cualitativa que evaluó la apropiación social de las intervenciones efectuadas en dos Avaliação do projeto de valorização de nascentes urbanas na bacia hidrográfica do ribeirão do onça: o impacto na percepção social de duas nascentes
Neste artigo, buscou-se reconstituir os eventos quaternários de entulhamento sedimentar e a consequente configuração morfogenética de fundos de vales na bacia do rio Paraopeba, Cráton do São Francisco, Minas Gerais. Foram investigados os processos morfogenéticos e o contexto geomorfológico relacionados à formação, arranjo espacial e evolução dos espessos depósitos de sedimentos fluviais presentes nos fundos dos vales fluviais de afluentes do Médio e Baixo rio Paraopeba, MG. Na maior parte dos vales analisados, foram encontrados até três níveis deposicionais fluviais: a planície de inundação, um terraço preservado e um nível deposicional alterado pelo coluvionamento (N1, N2 e N3, respectivamente). A partir da análise do arranjo espacial dos níveis deposicionais, da granulometria e da organização das fácies dos depósitos fluviais, propõe-se que ocorreram na região ao menos quatro eventos sedimentares regionais (ESR1, ESR2, ESR3 e ESR4), que podem ser associados ao controle litoestrutural e tectônico. O ESR1 corresponde ao evento mais antigo e é representado pelos depósitos de N3. Esses depósitos apresentam indícios de condições de deposição com maior energia. Os eventos ESR2 e ESR3 são representados pelos N2 dos médios cursos e dos N2 dos baixos cursos dos afluentes da margem direita, respectivamente. O ESR4 está associado à formação dos N1 nos baixos cursos dos vales investigados. Os eventos de sedimentação locais estão associados à formação dos N2 e N1 nos altos cursos dos ribeirões do Ouro e das Lajes e dos N1 nos médios cursos de todos os afluentes, que podem corresponder a eventos deposicionais cronologicamente diferentes. Considerando os níveis deposicionais escalonados, a organização da drenagem e os resultados da análise morfométrica, é possível inferir que o condicionamento tectônico foi responsável por soerguimentos e/ou basculamentos na região. O rico quadro estrutural foi herdado dos ciclos Transamazônico e Brasiliano. Ele é composto por falhas e zonas de cisalhamento que foram reativadas ao longo do tempo geológico e podem favorecer o controle tectônico regional. Por outro lado, o controle litológico tem papel importante na organização dos depósitos fluviais. Os diques básicos e os veios de quartzo exercem são responsáveis pelo estabelecimento de níveis de base locais em alguns trechos dos cursos fluviais e favorecem a preservação de depósitos de N2 em níveis altimétricos distintos. Os dados da datação por LOE sugerem que o ESR2 ocorreu entre 17.600 ± 2.780 e 15.800 ± 2.500 anos AP, o evento de sedimentação dos N2 nos trechos de Alto curso dos ribeirões do Ouro e das Lajes ocorreu 6.250 ± 1.100 e 2.850 ± 420 anos AP e o ESR3 ocorreu entre 2.750 ± 420 e 1.250 ± 190 anos AP.
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