A partir dos processos de reforma gerencial colocados em prática em âmbito mundial, desencadearam-se propostas de reformas seguindo esta mesma lógica, também em nível estadual. O programa Choque de Gestão, implementado no Estado de Minas Gerais, é um exemplo deste tipo de proposta e merece destaque por ser avaliado de maneira bastante positiva na literatura especializada. Neste sentido, o objetivo do presente trabalho é analisar em que medida o programa Choque de Gestão, do Governo do Estado de Minas Gerais, compreende as diferentes dimensões de desempenho. Para tal, propõe-se um modelo teórico que relacione os conceitos de racionalidade instrumental e racionalidade substantiva, conforme analisadas por Ramos (1989), com o paradigma multidimensional proposto por Sander (1995). Para este último, a noção de desempenho deve ser pensada de forma mais ampla, tendo como base os critérios de eficiência, eficácia, efetividade e relevância. Aos conceitos de eficiência e eficácia relaciona-se o de racionalidade instrumental, baseada no cálculo utilitário das conseqüências, e aos de efetividade e relevância, o de racionalidade substantiva, fundamentada em valores. A relação entre os conceitos representa o quadro referencial de análise da pesquisa. Optou-se pela pesquisa qualitativa e os dados foram coletados por meio de pesquisa documental e analisados por meio do método de análise argumentativa. Para a realização da análise, foram utilizadas as categorias de substantividade e instrumentalidade, e foram criados indicadores, com base no referencial teórico, de acordo com as categorias trabalhadas. Por meio destes indicadores, analisou-se o documento Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), que consiste no planejamento de longo prazo do programa Choque de Gestão. A partir da análise realizada, pode-se observar que o conceito de desenvolvimento orientador do PMDI está impregnado de elementos substantivos, como a preocupação com a qualidade de vida ou com o atendimento das demandas sociais e, por isso, guia-se por uma visão de futuro que representa um Estado em que estão presentes as duas categorias aqui trabalhadas. Entretanto, o conceito de desempenho em que está pautado, engloba aspectos predominantemente instrumentais, já que se acredita que para que a administração pública mineira melhore seu desempenho basta que ela adote medidas como a redução de custos ou o foco em resultados. Portanto, conclui-se que o conceito de desempenho em que se pauta o programa Choque de Gestão não compreende as diferentes dimensões de desempenho de forma equilibrada, apesar de se guiar por um conceito de desenvolvimento que envolve elementos substantivos e instrumentais.
No Brasil, o tema "cultura" vem despertando um crescente interesse, tanto no meio acadêmico quanto nas organizações públicas públicas e privadas. Na maioria das vezes, as discussões em torno do tema têm, genericamente, dois focos principais. O primeiro diz respeito ao debate sobre quem seria o responsável pela cultura, se o Estado ou o mercado. O segundo trata do desenvolvimento de uma indústria da cultura, e suas implicações preocupações estratégicas e mercadológicas. Apesar da atual retomada das discussões a respeito da importância da cultura como elemento fundamental para o desenvolvimento, parece haver ainda algumas dificuldades para se compreender que papel teria o Estado diante dessa perspectiva. Este artigo tem por objetivo analisar a relação entre cultura e desenvolvimento num contexto centro/periferia.
Dentro do contexto das mudanças tecnológicas que afetaram a indústria fonográfica, o objetivo deste estudo é contribuir para a melhor compreensão a respeito de como consumidores de música digital percebem e entendem o “consumo ilegal” de música por meio da “pirataria virtual”. A partir de uma abordagem qualitativa, baseada no referencial de resistência do consumidor, foram identificadas quatro formas de resistência: 1) força de oposição ao mercado; 2) agência do consumidor; 3) “saída”; e 4) divergência diante da prática do mercado.
Abraçar a profissão de professor e de pesquisador não é, sabemos, a melhor opção para aqueles que consideram apenas os fins instrumentais do seu trabalho. Pertencer à "vida acadêmica" é mais do que escolher uma profissão; constitui-se em adotar um modo de vida diferente, e aquele que nele adentra passa a olhar para o mundo, na maior parte das vezes, com o olhar de estranheza do cientista, do estudante eterno. Seu gesto e forma de atuar passam naturalmente a ser aqueles do educador. No entanto, sabemos que, geralmente, algumas pessoas que optam por tal profissão não realizam efetivamente essa escolha com plena consciência das consequências que tal ofício acarreta, formando um enorme contingente de estudantes, futuros professores e pesquisadores que saem de suas cadeiras sem que possam refletir criticamente sobre o mundo do qual fazem parte e sobre sua própria área de atuação. Não obstante, nesse mesmo universo, alguns outros professores certamente se destacam por abraçar a vida acadêmica por inteiro, tornando-se, de fato, professores no sentido mais pleno da palavra, como era o caso do Professor Marcelo Milano Falcão Vieira.É com o objetivo de prestar uma homenagem ao nosso querido Professor Marcelo, conforme o propósito desta edição especial do Cadernos EBAPE.BR, mas, também, com o intuito de registrar algumas das diversas experiências pelas quais passamos e aprendizagens do nosso convívio com ele, que nos motivamos a escrever as páginas que virão a seguir. Além disso, acreditamos que, ao fazê-lo, estamos deixando um registro para os que não tiveram o privilégio de estar tão próximos a ele, ainda que com as limitações inerentes a alguns relatos de poucas linhas, de alguns momentos que marcaram nosso convívio com o Professor Marcelo, bem como alguns dos ensinamentos que dele recebemos.No mais, queremos dizer que para nós é um prazer reviver esses momentos guardados em nossa memória, e que o sentimento da saudade, por mais que pese e doa muitas vezes, também é bom e conforta quando aquele amigo que se foi nos deixa um legado tão rico e um exemplo de vida tão admirável. Como os leitoresTexto submetido em 09 de fevereiro de 2012 e aceito para publicação em 09 de março de 2012.
O registro que se segue é uma homenagem à memória do professor Marcelo Milano Falcão Vieira, falecido recentemente, e uma forma de reiterar a admiração e a amizade que a ele devotamos ao longo do tempo em que juntos convivemos na Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro. Sem dúvida, discorrer sobre a rica contribuição de Marcelo Milano para a área da Administração não é tarefa fácil, tendo em vista a qualidade e a quantidade de trabalhos que ele produziu em sua trajetória acadêmica, quer durante o período em que foi professor na Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas, como também ao longo de seu percurso como docente na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Assim, registraremos a seguir, em breves notas, a contribuição dada pelo saudoso homenageado à difusão da ideia de construção da disciplina Administração Brasileira; sua preocupação com a hegemonia das teorias estrangeiras no pensamento sobre Administração; a importância que via na utilização dos autores brasileiros que pensaram o contexto nacional na análise das nossas organizações; e, por fim, sua incansável defesa do pensamento crítico nos estudos organizacionais. Para isso, abordaremos o seu pensamento e a sua relação com os grupos de pesquisa: Programa de Estudos de Administração Brasileira (ABRAS) e Observatório da Realidade Organizacional. Diferentemente de outras disciplinas sociais, a Administração, tendo por base seus primeiros tratados (FAYOL, 1950 [1ª ed.1916] e TAYLOR, 1970 [1ª ed.1911]), vem construindo o seu corpus teórico com foco Artigo submetido em 07 de fevereiro de 2012 e aceito para publicação em 07 de março de 2012.
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