A pesquisa busca contribuir para uma melhor compreensão do pensamento administrativo por meio da análise da utilização da perspectiva histórica em administração. Embora a aproximação entre administração e história não seja recente, ainda não avançou substancialmente de forma a viabilizar seu potencial ontológico, epistemológico e metodológico. De forma a aprofundar essa discussão, classificamos três abordagens do pensar administrativo relacionando-as com a discussão paradigmá-tica da história, quais sejam: a história dos negócios (business history); a história da gestão (management history); e a história organizacional (organizational history). Tal enquadramento permitiu identificar que a perspectiva histórica da nova história inserida numa posição reorientacionista possibilita: a) refletir sobre a práxis social do pesquisador; b) considerar novos objetos, problemas e abordagens de pesquisa; e c) perceber que novas perguntas podem deslocar o foco de análise do exógeno para o local, o que contribui para o desenvolvimento de análises mais críticas sobre ideologias administrativas.palavras-chave Pesquisa em administração, perspectiva histórica, história dos negócios, história da gestão, história organizacional. ABSTRACT This article attempts to contribute to a better understanding of administrative ideas through the analysis of the use of historical perspective in management studies. Although this relationship is not recent, it has not progressed substantially in order to promote all their ontological, epistemological and methodological potential. In order to deepen this discussion, we classify three management approaches relating them to the paradigmatic discussion of history: business history, management history and organizational history. This framework allows us to consider that the reorientationist position of the historical perspective enable us to: a) reflect on the social praxis of researchers, b) consider new objects, new problems and new research approaches, and c) realize that new questions displaces the focus of analysis of the exogenous to the local, which may contribute to the development of more critical analysis of current administrative ideologies.
Este ensaio teórico busca identificar e discutir diferentes apropriações da ideia de empreendedorismo ao longo da história por meio dos discursos acerca do empreendedor e de seu papel na sociedade capitalista ocidental. Os contextos selecionados para reflexão são: (a) o período clássico de formação do capitalismo; (b) o advento do capitalismo monopolista; e (c) o capitalismo em sua atual configuração. Como os discursos não são neutros, a identificação de tais descontinuidades permite desvelar argumentos ideológicos que muitas vezes naturalizam os fenômenos históricos que permeiam os discursos e corroboram o atual resgate de um modelo específico de empreendedor, elegendo a empresa capitalista contemporânea como centro do processo socioeconômico de geração de riqueza, de renda e de trabalho. Como resultado da pesquisa, sugere-se que a (re)produção de discursos sob a lógica do sistema de mercado permite que, nos dias de hoje, a ideia de empreendedorismo desempenhe papel primordial na sociedade: assegurar que cada indivíduo assuma, como suas, as metas de reprodução do sistema capitalista. Por essa mesma razão, tal processo se distancia da busca pela emancipação e, ao contrário, promove modelos opressivos de comportamentos individuais destinados, em conjunto, a trabalhar ideologicamente para o alcance dos objetivos do capital.
Utilizando-se da perspectiva da teoria social do discurso de Norman Fairclough (2001), tem-se por objetivo identificar e discutir possíveis implicações nas relações de trabalho contemporâneas da criação e disseminação do conceito de "empreendedorismo" pelas revistas de negócios. A suposição que norteia este estudo é a de que o discurso utilizado vincula - de forma acrítica e sem questionamentos - o tema "empreendedorismo" a crescimento, desenvolvimento e enriquecimento das organizações e dos indivíduos que nelas trabalham, elegendo e naturalizando o capitalismo de mercado como único modelo possível de desenvolvimento socioeconômico. Para alcançar o objetivo proposto, este estudo baseia-se no método da análise crítica do discurso (ACD) e concentra seu foco no material publicado nas revistas de negócios brasileiras Você S/A Exame, Carta Capital e HSM Management, no período de março de 2004 a abril de 2009, totalizando 112 reportagens e 400 páginas. Os resultados da pesquisa permitiram a identificação e a seleção de três objetos discursivos (capitalismo empreendedor, ascensão econômica no livre mercado e herói global) vinculados ao tema "empreendedorismo". Em conjunto, os três objetos discursivos identificados permitem que se explorem algumas possíveis implicações nas relações de trabalho contemporâneas em relação: (1) ao discurso da mídia, que estabelece uma convergência entre os interesses das organizações e os interesses dos indivíduos; (2) às novas configurações da esfera do trabalho em um modelo de capitalismo empreendedor; (3) à busca do sucesso profissional como organizador do comportamento humano no mundo do trabalho.
O estudo das emoções no comportamento de compra e consumo dos indivíduos ganhou relevância nas últimas duas décadas, nndusive, no Brasil. A maior parte dos estudos, no entanto, parece oferecer uma única perspectiva para o estudo do fenômeno: aquela advinda da psicologia cognitiva. Apesar da reconhecida importância dessa visão, acreditamos que a adoção de novas perspectivas no estudo das emoções no consumo pode contribuir positivamente para a maior compreensão do tema. Além de oferecer contribuições para a prática do marketing, o estudo das emoções relacionadas ao consumo deve também apontar direções para a ampiação das bases filosóficas da discipiina, bem como, novas possibilidades à pesquisa gerencial de mercado. Neste estudo, observamos o estudo das emoções na pesquisa acadêmica de marketing recente, especialmente, no Brasil, discutindo as diferentes perspectivas existentes. A sugestão de uma abordagem complementar, baseada nos pressupostos da sociologia das emoções, e as impiicações metodológicas dessa proposição encerram o artigo.
Eduardo andré Teixeira ayrosaEbape/FGV-RJ Em virtude da restrita produção acadêmica sobre comportamento do eleitor e marketing político na administração pública, acreditamos que a sistematização do conhecimento produzido na área possa ser capaz de mostrar um amplo campo de possibilidades para futuros estudos críticos, teóricos e empíricos. Observamos que a maior parte das pesquisas acompanha a orientação tradicional, dominante no mar keting gerencial. Esses estudos partem do pressuposto de que o marketing político é uma ferramenta utilizada para influenciar o eleitor e que a escolha política é uma decisão eminentemente racional. Assim, o marketing político é normalmente tratado como uma subárea do marketing e, acompanhando a visão dominante dessa disciplina, é visto como essencialmente utilitário. Desta forma, se o candidato é encarado como um produto, seria possível mudar seu "composto de marketing" para "reposicionálo". Entendemos que esses pressupostos não só diminuem a importância política do processo e subesti mam as capacidades tanto do eleitor quanto do político, como também superestimam a importância da propaganda política. Uma alternativa a essa visão passa pela compreensão da incapacidade de separar razão e emoção durante o processo de formação de preferências do indivíduo. Este artigo tem por objetivo realizar uma breve revisão teórica dos estudos do comportamento do eleitor, apontando outras perspectivas possíveis para o desenvolvimento da pesquisa na área.Pa l av r a s -c h av e : comportamento do eleitor; marketing político; voto; marketing eleitoral; adminis tração pública.Representing the voter: reviewing the literature and proposing a new theoretical approach Due the restricted academic production on voter behavior and political marketing in the public admi nistration area, we believe that the systematization of knowledge produced can show a wide variety of Artigo recebido em mar. 2011 e aceito em jul. 2011.
Resumo A pesquisa sobre o consumidor não se ocupa comumente dos problemas causados e/ou agravados pelas atividades de mercado. Entretanto, problemas econômicos, sociais, ambientais e de saúde pública podem ser atribuídos a determinadas práticas de mercado, nocivas a distintos agentes que nele atuam. Assim, este artigo tem o objetivo de examinar como o conceito de vulnerabilidade do consumidor vem sendo discutido na literatura de marketing e de consumo, por meio de uma revisão da literatura dos últimos 25 anos na produção nacional e internacional de congressos científicos e periódicos. Procura-se identificar as diferentes perspectivas e definições nas principais fontes em que a temática é discutida, com o objetivo de sugerir uma definição abrangente para a vulnerabilidade na área de marketing e que leva em conta a vulnerabilidade de outros agentes. Identificamos que a vulnerabilidade é um tema que vem adquirindo importância, apesar da predominância de uma perspectiva gerencialista, que prioriza a geração de conhecimento benéfico às empresas. Parece-nos urgente que Marketing e Estudos de Consumo interessem-se por conhecimento que proteja e beneficie o consumidor e a sociedade em geral. Acreditamos que o estudo da vulnerabilidade também deve suscitar o desenvolvimento de políticas públicas adequadas e a discussão sobre as atividades reguladoras, para além do consumidor. Assim, com base nos resultados, sugerimos que a vulnerabilidade pode ser definida como um estado de fragilidade de indivíduos frente às práticas de mercado e que pode manifestar-se em diferentes etapas no processo de produção, comercialização e consumo.
O objetivo desta pesquisa é investigar sobre quão plural é o ensino de marketing em cursos de graduação em Administração, considerando três escolas de pensamento em Marketing: a gerencial, a de macromarketing e a de marketing crítico. Para atingir tal objetivo, foram entrevistados professores de marketing em diferentes cursos de graduação em Administração no Rio de Janeiro. Os resultados apresentados nas três categorias analíticas produzidas apontam para: a) O reconhecimento de que o conteúdo programático baseado no marketing gerencial é insuficiente para atender aos desafios que cercam a prática de marketing; b) A preocupação em referenciar as práticas de marketing às demandas do mercado e; c) A importância de estabelecer discussões éticas, sociais e críticas que envolvam não somente a relação entre empresas e consumidores, mas que reconheçam o papel do Estado e as pressões da sociedade civil organizada. Os autores concluem que as abordagens de macromarketing e de marketing crítico podem contribuir para que as discussões abordadas possam ser conduzidas pelos professores, de maneira mais plural e sistematizada, para que o ensino de marketing transborde dos domínios da sala de aula para projetos de pesquisa e de extensão.
Purpose – This paper seeks to explore corporate social responsibility (CSR) in Brazil through the “evolution” of the sustainability concept in one of the country's leading specialist business publications – the Exame Magazine. The idea is to understand how Exame portrays sustainable development and corporate sustainability in its Sustainable Corporation Guide. Design/methodology/approach – The authors collected material covering five years of the Exame Sustainable Corporation Guide, from 2005 to 2009. The data were analyzed using discourse analysis. Findings – The authors consider that the “evolution” promoted in this particular business media discourse on CSR and sustainability assumes, and stands for the economically dominant paradigm. In this sense, it cannot be viewed as an alternative that can realistically protect local environments. Despite the idea of a neutral journalistic approach, the concerns depicted in the publication still rely on profits and the chase for business opportunities. The authors also discuss to what extent this particular publication supports a specific hegemonic discourse. The different sustainability indexes adopted only reproduce practices that are desired and that align with the realities of the so-called developed nations. Research limitations/implications – The paper focuses on what kind of sustainability discourse is propagated by the business media, and more specifically, by a well-known Guide published by a popular Brazilian business magazine. Through this method of diffusion, a specific kind of CSR and sustainability are drawn up that support the capitalist business model. This analysis can raise issues, such as the existence of a “dark side” of sustainability. Further investigation of the diffusion of the CSR and sustainability relationship in business media discourse, as well as of the uncritical adoption of western CSR models, might invigorate the discussion and provide valuable insights. Originality/value – There is a distinct lack of studies on sustainability and CSR in emergent economies. Such initiatives can be developed in different ways because emergent countries' contexts may differ. Since Brazil is currently an important player in the economic and political arenas, understanding how the notion of sustainability is being discussed in the Brazilian business media can lead to important implications for corporate practices and organizational relationships with stakeholders, both internally as well as externally.
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