A Medicina permanece majoritariamente branca e elitizada, apesar das cotas universitárias. Esta revisão apresenta e discute a produção científica sobre o racismo vivenciado por estudantes de Medicina negros no Brasil. Foram consultadas as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde, US National Library of Medicine, Scientific Electronic Library Online, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, Educational Resources Information Centre, Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e Google Acadêmico. Os 11 estudos incluídos são qualitativos e das Ciências Sociais e Humanas. A negação de racismo explícito – apesar dos relatos de discriminação, piadas sobre o cabelo, sensação de não pertencimento, exclusão e baixa representatividade no corpo docente e discente – evidencia a especificidade da construção do racismo no Brasil, que é pouco identificado, mesmo por parte daqueles que o vivenciam cotidianamente nos cursos de Medicina.
Resumo O Brasil sofre os efeitos do racismo científico, do mito da democracia racial e da política de embranquecimento. Em 2019, 28% dos/as estudantes egressos/as de cursos de Medicina no Brasil eram negros/as. Com os objetivos de desvelar as formas de manifestação do racismo na graduação de Medicina e compreender como estudantes negros/as enfrentam o racismo, conduzimos uma pesquisa exploratória e qualitativa, segundo o método de Minayo, por meio de entrevistas semiestruturadas on line e auxílio do software ATLAS.ti9®. Com um referencial teórico-crítico, percebemos que as dimensões do racismo internalizado, interpessoal e institucional se sobrepõem, evidenciando seu caráter estrutural, atrelado ao desenvolvimento histórico-econômico de nosso país. A crença de inferioridade dos/as estudantes negros/as é reforçada em nível interpessoal nos olhares, piadas ou comentários sobre o cabelo. Em nível institucional, nega-se a necessidade do estudo da saúde da população negra, enquanto a baixa representatividade no corpo docente e discente não é percebida como expressão do racismo. A identificação racial, a organização em coletivos e a existência de amparos legais são fundamentais, mas o efetivo enfrentamento do racismo na escola médica requer a crítica ao sistema econômico que sistematicamente privilegia pessoas brancas.
Objetivou-se apreender sobre a percepção das crianças e adolescentes no que se refere ao impacto que a pandemia causou na comunidade escolar, por meio dos relatos de suas vivências. A ação “Qualidade de vida no contexto da pandemia” foi realizada em junho de 2021 de forma remota, pelo Google Meet, devido ao período pandêmico em relação à Covid-19. Por meio de roda de conversa foi introduzido o tema com o desenvolvimento de dinâmica, vídeo interativo e utilização de um aplicativo com feedback em tempo real. No momento seguinte foi realizada uma apresentação teórica interativa sobre a temática e término das atividades. Os 120 participantes tiveram oportunidade de se expressar e compartilhar suas ideias, emoções e percepções do período de isolamento social, com reflexões individuais e do grupo. Evidenciou-se que a roda de conversa, mesmo que aplicada remotamente, oportunizou a possibilidade de perceber as vivências dos participantes em relação ao cenário pandêmico.
Introdução: A população em situação de rua é vulnerabilizada por diversos fatores que determinam ou condicionam sua saúde e ocasionam aumento dos índices de comorbidades clínicas, entre elas as doenças mentais, crônicas e infectocontagiosas. A marginalização dos indivíduos que se encontram em situação de rua abre uma lacuna na assistência em saúde que, por vezes, é suprida por organizações sem fins lucrativos que exercem um papel social elementar. Objetivo: Mapear o perfil clínico da população em situação de rua de Curitiba (PR) atendida por iniciativa voluntária no período de um ano. Métodos: Trata-se de um estudo observacional descritivo de base documental realizado com fichas clínicas dos 509 pacientes maiores de 18 anos e que tiveram seu primeiro atendimento médico realizado pela Associação Médicos do Mundo, filial Curitiba (PR), no ano de 2019. Resultados: Indivíduos do sexo masculino, de etnia branca, faixa etária entre 36 e 45 anos, que cursaram o ensino fundamental e que se encontravam havia menos de um ano em situação de rua foram as condições sociodemográficas predominantes. As principais queixas motivadoras da procura pelo atendimento foram dor (45,19%), lesões cutâneas (15,71%) e queixas oftalmológicas (6,68%). Parte dos indivíduos mostrou acometimento crônico por hipertensão arterial sistêmica (9,03%), HIV/AIDS (3,53%) e diabetes mellitus (3,53%). Também foi identificada quantidade significativa de relatos de histórico de traumas físicos (59%). Encontrou-se correlação estatística entre hipertensão e medicamentos de uso contínuo (p=0,001). Menos que 10% dos indivíduos procuraram atendimento médico por queixas de saúde mental. Das mulheres que fizerem parte do estudo, 70% relataram fazer uso de substâncias e aproximadamente metade delas, uso regular de medicamentos. Já o uso de anticoncepcionais foi relatado por uma minoria delas (18,57%). Conclusões: As queixas de dor, as lesões cutâneas e as demandas oftalmológicas foram os principais motivadores da procura por ajuda médica pela população em situação de rua, além da prevalência de hipertensão arterial sistêmica como doença crônica. Os achados podem auxiliar e direcionar ações em saúde voltadas para essa população marginalizada.
Este artigo tem por objetivo apreender os elementos presentes nas representações sociais de docentes sobre o processo de desenvolvimento docente (DD) no ensino superior da área de saúde. Entende-se DD como um conjunto de ferramentas institucionais que viabilizam ao docente uma multiplicidade de ações para suporte a sua prática pedagógica. Pesquisa de representação social com abordagem qualitativa, realizou-se em três instituições de ensino superior no sul do Brasil, tendo como participantes docentes dos cursos de graduação em Enfermagem (10) e Medicina (11), totalizando 21. A produção de dados deu-se por entrevista semiestruturada presencial e online (Pandemia COVID-19). A técnica de análise seguiu os passos metodológicos de Moscovici, por meio de dois processos de formação das Representações Sociais: objetivação e ancoragem. Conclui-se que o processo de DD se mostra legítimo no que tange ao crescimento pessoal e profissional daqueles que se comprometem com o processo, proporcionando o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo.
Este artigo tem por objetivo apreender os elementos presentes nas representações sociais de docentes sobre o processo de desenvolvimento docente (DD) no ensino superior da área de saúde. Entende-se DD como um conjunto de ferramentas institucionais que viabilizam ao docente uma multiplicidade de ações para suporte a sua prática pedagógica. Pesquisa de representação social com abordagem qualitativa. Realizou-se em três instituições de ensino superior no sul do Brasil, tendo como participantes docentes dos cursos de graduação em Enfermagem (10) e Medicina (11), totalizando 21. A produção de dados deu-se por entrevista semiestruturada presencial e online (Pandemia COVID-19). A técnica de análise seguiu os passos metodológicos de Moscovici, por meio de dois processos de formação das Representações Sociais: objetivação e ancoragem. Conclui-se que o processo de DD se mostra legítimo no que tange ao crescimento pessoal e profissional daqueles que se comprometem com o processo, proporcionando o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo.
Estudo sobre a percepção de estudantes superdotados, que busca apreender as ansiedades e expectativas dos mesmos a partir do seu ingresso nas universidades, onde passam a vivenciar um universo diferente de aprendizagem. Objetivou-se apreender a experiência desses estudantes nas graduações em saúde e compreender como percebem o processo de ensino e aprendizagem neste contexto. Pesquisa exploratória e descritiva com abordagem qualitativa, por meio de entrevista semiestruturada com nove estudantes de cursos de graduação na área da saúde. As categorias encontradas foram: vivência na universidade, o desconhecimento sobre a superdotação, a interação social e sobre a autopercepção. Os resultados revelam que o ingresso dos superdotados na universidade suscitou sentimentos de angústia e surpresa. Evidenciou-se o desconhecimento de muitos docentes sobre a superdotação, o que indica que para eles, ser superdotado é ter a obrigação de saber todas as matérias e tirar ótimas notas. Notou-se que a percepção sobre a temática de superdotação se encontra na invisibilidade, e, embora a inclusão seja discutida, a superdotação nem sempre é incluída no debate. Isso ocorre porque o imaginário sobre a superdotação que advém do senso comum acaba corroborando com a ideia de gênio, o que interfere na construção de um olhar crítico sobre a questão. Conclui-se que são necessários mais estudos, com ofertas de formação para todos os colaboradores que compõem o quadro funcional das instituições de ensino, especialmente os docentes. A formação para atender as especificidades da superdotação requer o desenvolvimento de estratégias de ensino ativo que possam estimular suas habilidades.
ResumoOs estudos sobre o acesso e permanência de pessoas com deficiência física e/ou mobilidade reduzida têm apontado a necessidade de adequação arquitetônica quanto às barreiras de acessibilidade física e, também, o rompimento das barreiras atitudinais. A presente pesquisa teve como objetivo identificar as demandas da comunidade acadêmica no que diz respeito à inclusão de pessoas com deficiência, com destaque para deficiência física e/ou mobilidade reduzida no Ensino Superior. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório descritivo com abordagem quantitativa realizada com os docentes e discentes de uma Instituição de Ensino Superior (IES). Após tratamento e análise dos dados foi desenvolvido um fluxograma de acolhimento e acompanhamento didático pedagógico, no qual o Núcleo de Apoio Didático-Pedagógico Psicossocial, Inclusão e Acessibilidade da IES tem papel central e se comunica com todos os envolvidos. Considera-se que o estudo tornou possível saber que há pessoas com deficiência que não se identificam e, também, como age e pensa o corpo docente da IES pesquisada em relação às Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Sugere-se a capacitação de todos os profissionais envolvidos, para que possam participar ativamente no processo de educação inclusiva. Palavras-chave: Pessoas com Deficiência. Educação Superior. Inclusão Educacional. AbstractStudies on the access and permanence of people with physical disabilities and / or reduced mobility have pointed out the need for architectural adequacy regarding physical accessibility barriers in addition to breaking attitudinal barriers. The research aimed to identify the demands of the academic community regarding the inclusion of people with physical disabilities and / or reduced mobility in higher education. This is a descriptive exploratory study with a quantitative approach. After the data treatment and analysis, a flowchart of reception and didactic pedagogical follow-up was developed, in which the Nucleus of Didactic-Pedagogical Support Psychosocial, Inclusion and Accessibility has a central role and communicates with all involved. It is considered that the study made it possible to know that there are people with disabilities who do not identify themselves, and also how the researched HEI faculty acts and thinks in relation to Special Educational Needs. It is suggested to train all the professionals involved, so that they can actively participate in the inclusive education process. Keywords: Disabled Persons. Education Higher. Mainstreaming Education
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