RESUMO Este estudo busca desenvolver uma análise a respeito de legislações do Ministério da Saúde, tendo como foco o acolhimento ao trabalhador-usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente relativo à saúde mental. Metodologicamente, desenvolveu-se uma análise documental, com leitura, discussão e comparação de objetivos e ações envolvendo as portarias relativas à assistência em saúde mental e à Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e ainda sobre a Lei nº 10.216. Foi possível perceber que a articulação de tais documentos acontece de um modo bastante tênue, dificultando o acolhimento integral aos usuários em sofrimento psíquico ocasionado pelo trabalho.
Este artigo busca contextualizar as questões relativas à saúde mental no contexto universitário, apresentando algumas práticas já desenvolvidas, além de citar desafios futuros. Discute tanto o sofrimento de estudantes quanto de professores no meio acadêmico. Foi produzido a partir de reflexões, bem como referências já publicadas a respeito da temática. Também cita brevemente os artigos que são apresentados neste dossiê, com o intuito de encontrar pontos em comum. Pode-se dizer que os estudos que envolvem o sofrimento psíquico no ambiente universitário são recentes e que esta problemática vem afetando tanto instituições públicas quanto privadas. Busca-se propor alternativas à esse sofrimento com o intuito de facilitar o processo acadêmico de universitários e as vivências de professores no âmbito do trabalho nas instituições de ensino superior.
Este artigo trata de uma intervenção em saúde e trabalho realizada com um grupo de bancários, de um setor interno de um banco, localizado na cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul. A demanda surgiu do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região em decorrência de um suicídio ocorrido no ambiente de trabalho no ano de 2012. Com o objetivo inicial de auxiliar os trabalhadores do setor na elaboração do trauma e do sofrimento provocado pela morte, buscando evitar sequelas psíquicas prolongadas e ao mesmo tempo de se aproximar das causas que levaram o trabalhador ao suicídio, foram realizadas entrevistas coletivas que forneceram subsídios para que fosse possível acessar a organização do trabalho dos bancários deste setor. Para a execução do trabalho foi estudada as questões que envolveram o suicídio no trabalho, observando fatores significativos do campo da atividade bancária, sendo este um dos setores que mais sofreu com as mudanças da reestruturação produtiva, nas últimas duas décadas. As entrevistas coletivas, realizadas no formato de grupo, foram coordenadas por integrantes do Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho (LPdT/UFRGS) e composto pelos bancários dispostos a participarem voluntariamente dos encontros. Além disso, foi disponibilizado para todos os trabalhadores do setor a aplicação do Self Report Questionary (SRQ-20). Este estudo evidenciou a necessidade de se propor uma forma de atenção as situações de adoecimento no trabalho bancário, bem como um trabalho efetivo nos processos de delimitações funcionais que muitas vezes não são bem trabalhadas e podem gerar outras formas de sofrimento/adoecimento muitas vezes invisibilizadas pelos novos modos de gestão. É importante também evidenciar a necessidade de se propor estratégias que visem prevenir o adoecimento no trabalho, resultado de indiscriminadas mudanças no setor bancário.
Este estudo teve como intuito compreender como o reconhecimento do trabalho docente na educação infantil interfere na saúde das professoras. Para isso, buscou entender as modificações no contexto da educação infantil e os fatores produtores de prazer e sofrimento no ambiente laboral. A pesquisa foi realizada em um município do interior do Rio Grande do Sul, com oito docentes da primeira etapa da educação da rede pública, por meio de entrevistas semiestruturadas. A metodologia utilizada foi uma adaptação da psicodinâmica do trabalho strictu sensu. O trabalho docente na educação infantil tem passado por modificações, inclusive em sua organização. Algumas professoras precisaram assumir a responsabilidade pedagógica de mais de uma turma, o que acarretou o aumento da carga de trabalho. Além disso, possuem pouco tempo com as crianças e a principal atividade se refere a atribuições de tarefas. Nesse sentido, a dinâmica da contribuição e do reconhecimento das profissionais é afetada. O reconhecimento é fundamental para que o trabalho tenha sentido para o sujeito. Para as professoras pesquisadas ele provém das crianças com as quais trabalham e é manifestado por meio do afeto.Palavras-chave: Reconhecimento do trabalho, Trabalho docente, Educação infantil, Saúde do trabalhador, Psicodinâmica do trabalho."Then who am I?": the teaching work in childhood education and the impacts of the work organization in the dynamic of recognition This study had as a general objective to understand how the recognition of the teaching work in the childhood education interferes with the health of the teachers. For this purpose, it sought to understand the changes in the context of childhood education and the factors that produce pleasure and suffering due to the work environment. The research was carried out in a municipality in the countryside of Rio Grande do Sul, with eight teachers from the first stage of public education, through semi-structured interviews. The methodology used was an adaptation of the Psychodynamics of Work Stricto Sensu. Teaching work in childhood education has undergone changes, its organization included. Some teachers had to assume the pedagogical responsibility of more than one class, which has led to an increase in the workload. In addition, they have little time with the children and the main activity refers to tasks distribution. In this sense, the dynamic of contribution and recognition of the professionals is affected. The acknowledgment is essential so that the work has a meaning for the subject. For the researched teachers, it comes from the children with whom they work, manifested through affection.
A Análise Institucional tem como intuito principal provocar os indivíduos nas instituições a estabelecer um processo de autoanálise e autogestão. Assim, este trabalho consiste no relato de uma análise institucional realizada no Corpo de Bombeiros Militar de um município do Rio Grande do Sul, como tarefa obrigatória para a conclusão de Estágio Básico do Curso de Psicologia. Foram realizadas visitas ao Corpo de Bombeiros, nas quais pode-se observar o funcionamento da instituição. Posteriormente, foram propostas rodas de conversas, nas quais foi lançada como pergunta disparadora de diálogo: “o que significa ser bombeiro para você?”. Isso posto, emergiu enquanto demanda a busca de identidade própria dos bombeiros e a necessidade de uma atenção mais sensível às questões institucionais. Destaca-se o anseio dos trabalhadores sobre a necessidade de um profissional da psicologia inserido no cotidiano do quartel militar, disponível para intervenções individuais e coletivos nas unidades de trabalho.
Este estudo possui o objetivo de analisar a organização, as condições, as vivências e os processos laborais de trabalhadores de saúde durante a pandemia por COVID-19 no Brasil. Trata-se de uma pesquisa de métodos mistos, que um questionário com questões abertas e fechadas, aplicado entre maio de 2020 e junho de 2021. Os dados foram analisados através de estatística simples e análise temática. Participaram da pesquisa 126 trabalhadores de saúde e os resultados apontaram que estes(as) estão trabalhando mais, realizando mais horas extras, fazendo mais atividades domésticas e cumprindo os mesmos prazos e metas que antes. Diante das vivências impostas pela pandemia foram identificados sintomas relacionados à depressão, ansiedade, medo e sobrecarga de trabalho. Concluiu-se que trabalhadores de saúde no Brasil têm vivido um contexto de exaustão e precarização das condições de trabalho, demandando urgentes políticas públicas e organizacionais de suporte à saúde e proteção social.
O trabalho, por ser central na vida dos sujeitos, tem o potencial de atravessar e constituir a subjetividade dos trabalhadores. O trabalho na safra nas indústrias de fumo constitui-se como um importante meio de subsistência para uma considerável parcela de mulheres de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Desse modo, este artigo se propõe a discutir a relação entre trabalho e tempo nos processos de subjetivação das trabalhadoras safristas das industrias do fumo de Santa Cruz do Sul. Esse estudo ancorou-se nos pressupostos teóricos e metodológicos da Psicodinâmica do Trabalho, no qual foram realizados três encontros de grupos com quatro trabalhadoras safristas no Sindicato dos Trabalhadores do Fumo e da Alimentação (STIFA) e quatro entrevistas individuais. A análise dos materiais evidenciou que as participantes se subjetivam nesse trabalho temporário que se configura como um modo de trabalhar em que há uma interrupção e, ao mesmo tempo, continuidade ao longo dos anos. Foi constatado que o trabalho na safra se constitui como um trabalho essencialmente feminino, dado o elevado número de trabalhadoras mulheres nesse ramo produtivo. Essas questões denotam, portanto, o modo como as trabalhadoras se estruturam e se organizam neste contexto de trabalho, se subjetivando nesta temporalidade sazonal, seja pela falta de opções de emprego ou pela repetição durante vários anos na safra, mesmo que contrarie o desejo de um emprego efetivo.
A pandemia COVID19 impôs aos serviços e trabalhadores da Saúde uma realidade inesperada. Desinformação sobre o vírus causador e o desenvolvimento da doença, o risco da exposição direta e o medo daí consequente, trouxeram aos profissionais novos desafios em suas jornadas e novas fontes de sofrimento e adoecimento mental. Inserem-se neste contexto os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde e os residentes. Assim, este estudo, objetivou identificar os impactos da pandemia na saúde mental dos residentes multiprofissionais em saúde. Para o seu desenvolvimento, realizou-se uma pesquisa com os Residentes Multiprofissionais de um hospital de ensino do interior do Rio Grande do Sul, coletando-se dados (maio e junho de 2020) em um questionário semiestruturado. Obteve-se a participação consentida de 20 residentes. Os resultados evidenciam níveis elevados de estresse impactando no autocuidado. Diante disto, momentos de escuta psicológica (para relatarem seus medos, inseguranças e emoções) e o apoio psicossocial no ambiente de trabalho foram estratégias sinalizadas pelos residentes como importantes para enfrentamento do contexto pandêmico.
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