Resumo Este artigo trata da produção científica relativa ao campo Saúde do Trabalhador, mais especificamente, sobre como a Revista Ciência & Saúde Coletiva, tem contribuído para a consolidação deste. Trata-se de um estudo qualitativo-descritivo com base em uma revisão do acervo da revista, no período de 1996 a 2019. Efetivou-se a seleção de artigos, resultando na amostra de 156 textos, organizada por grupos temáticos. O tema foi se desenhando com a predominância de estudos Epidemiológicos e de Políticas Públicas, e de caráter Teórico-metodológicos e relacionados às Transformações no Mundo do Trabalho. Cerca de 60% das publicações estão concentradas entre os anos de 2009 e 2015. Há diminuição relevante do número de publicações a partir de 2016. Os artigos abordam o campo Saúde do Trabalhador de maneira abrangente e diversificada. Há maior ênfase em investigações sobre trabalho e ambiente, agravos à saúde, formulação e implementação de políticas e programas. A revista cumpre expressiva contribuição ao campo Saúde do Trabalhador no cenário nacional. Fortalecer a produção acadêmica neste campo, especialmente diante da derrocada de direitos, é um desafio que se mantém.
A pesquisa teve como objetivo analisar os impactos causados pela pandemia covid-19 na saúde mental dos trabalhadores em teletrabalho. Foi uma pesquisa mista, cuja metodologia contou com uma combinação de técnicas e procedimentos qualitativos e quantitativos. Participaram do estudo 197 trabalhadores, com idade média de 38,47 anos. A coleta de dados ocorreu através de um questionário autoaplicável online, cadastrado na plataforma google forms. A disponibilização do link da pesquisa ocorreu por meio de redes sociais e da busca por parceiros como sindicatos, associações empresariais e setores de recursos humanos para a distribuição aos potenciais participantes. Os dados foram submetidos à análise temática, gerando quatro categorias. Os resultados evidenciaram sofrimento e danos psicossociais, bem como impactos negativos nas relações socioprofissionais. Além disso, os dados apurados demonstraram carência de apoio especializado de escuta e suporte, assim como falta de auxílio financeiro para as tecnologias necessárias ao adequado desempenho laboral. Alguns pontos positivos puderam ser percebidos, como se sentir protegido e em segurança, com mais tempo livre e oportunidade de novos aprendizados. Apesar disso, concluiu-se que os danos à saúde mental se sobressaíram, demandando políticas públicas e fortalecimento da legislação trabalhista.
Objetivou-se caracterizar os transtornos mentais relacionados ao trabalho notificados pelas unidades de saúde no território do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, Registro, São Paulo, Brasil, entre 2008 e 2022. Trata-se de um estudo epidemiológico e descritivo de corte transversal realizado com dados secundários, de transtornos mentais relacionados ao trabalho do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Avaliou-se a prevalência e associação de variáveis sociodemográficas e ocupacionais, identificando-se o nexo epidemiológico entre a atividade ocupacional e o tipo de transtorno mental diagnosticado. Utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson considerando dados categóricos para avaliar as variáveis sociodemográficas associadas a CID-10. Foram notificados 149 casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho com maior notificação entre mulheres, com escolaridade superior e ensino médio completo, entre 31 a 49 anos. As ocupações na grande maioria são servidores estatutários e empregados com carteira assinada. Os agravos mais prevalentes foram: Transtorno mental não especificado em outra parte; Episódios depressivos; Reações ao "stress" grave e transtornos de adaptação; Outros transtornos ansiosos; e ansiedade generalizada, onde a maioria apresentaram incapacidade temporária. O CEREST ainda é o principal responsável pelas notificações compulsórias em TMRT, evidenciando-se a necessidade de qualificação das equipes de saúde no estabelecimento do nexo causal - trabalho e adoecimento mental.
O presente artigo busca por meio da análise de laudos periciais judiciais na seara trabalhista, no que concerne a matéria de saúde no trabalho, elucidar quais elementos têm conformado um laudo pericial em trabalho-saúde no campo do real. Buscou-se por meio da análise documental, verificar e analisar laudos periciais, o contexto de seus referidos processos, as sentenças e votos oriundos de recursos ordinários em 2ª instância, produzidos em decorrência das esferas judiciárias reunidos por geolocalidade. Em posse dos documentos necessários para a pesquisa, na etapa subsequente, procedeu-se na leitura, análise e formulação das categorias que foram formuladas a posteriori e não a priori. Após o estudo dos laudos selecionados, foram formuladas categorias visando elucidar os elementos dispostos nos documentos apresentados em juízo buscando uma padronização. Percebeu-se que justamente há a falta de uma estrutura e padronização pré-estabelecidas e que esses pouco, ou nada satisfazem as questões capitais demandadas pelo judiciário trabalhista, tais como, por exemplo, evidenciar (ou não) nexo (con)causal entre a patologia apresentada e a atividade laboral desenvolvida.
Este estudo possui o objetivo de analisar a organização, as condições, as vivências e os processos laborais de trabalhadores de saúde durante a pandemia por COVID-19 no Brasil. Trata-se de uma pesquisa de métodos mistos, que um questionário com questões abertas e fechadas, aplicado entre maio de 2020 e junho de 2021. Os dados foram analisados através de estatística simples e análise temática. Participaram da pesquisa 126 trabalhadores de saúde e os resultados apontaram que estes(as) estão trabalhando mais, realizando mais horas extras, fazendo mais atividades domésticas e cumprindo os mesmos prazos e metas que antes. Diante das vivências impostas pela pandemia foram identificados sintomas relacionados à depressão, ansiedade, medo e sobrecarga de trabalho. Concluiu-se que trabalhadores de saúde no Brasil têm vivido um contexto de exaustão e precarização das condições de trabalho, demandando urgentes políticas públicas e organizacionais de suporte à saúde e proteção social.
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