A conquista do direito à saúde, legitimada na Constituição Federal de 1988, inaugurou no país uma nova forma de organização da oferta dos serviços de saúde à população. Na perspectiva da saúde como um direito universal, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi implantado no país, adotando a Atenção Primária à Saúde (APS) como estratégia principal de ampliação do acesso aos serviços ofertados. No entanto, não podemos deixar de reconhecer os diversos desafios que ela sempre enfrentou e vem enfrentando cronicamente, para se consolidar enquanto modelo assistencial que objetiva não só, ampliar o acesso ao sistema de saúde, mas também, tentar reverter o enfoque curativo, individual e hospitalar, tradicionalmente instituído nos sistemas de saúde nacionais, em um modelo preventivo, coletivo, territorializado e democrático1 . Nos últimos anos no Brasil, vivenciamos um cenário acentuado de desmonte da APS e das políticas públicas como um todo, ameaçando diversos direitos sociais legalmente constituídos e dificultando ainda mais, a manutenção de uma APS forte, em uma perspectiva abrangente e integral. Com a pandemia de COVID-19, este cenário só se acentuou, lançando foco aos diversos problemas estruturais que sempre estiveram presentes ao longo desses anos. Diante disso, eu, em parceria com o pesquisador Caio Ramon Queiroz e a pesquisadora Silvana Carloto Andres, aceitamos o desafio de organizar essa obra intitulada “Atenção Primária à Saúde no Brasil: desafios e possibilidades no cenário contemporâneo”, que objetivou englobar estudos que discutissem a temática relacionada aos desafios da APS no cenário atual brasileiro, com foco tanto em estudos teórico-conceituais, quanto em relatos de experiências e pesquisas desenvolvidas nas diversas regiões do país. Sendo assim, esta coletânea é composta por 28 capítulos, que contribuem significativamente para essa reflexão tão importante e necessária no contexto pandêmico atual, tendo em vista que a APS constitui-se enquanto a principal porta de 1 FAUSTO, M. C. R.; MATTA, G.C. Atenção Primária à Saúde: histórico e perspectivas. In: MOROSINI, M. V. G.C. Modelos de atenção e a saúde da família/Organizado por Márcia Valéria G. C. Morosini e Anamaria D’Andrea Corbo. Rio de Janeiro: EPSJV/FIOCRUZ, 2007. entrada do sistema público de saúde brasileiro, com potencial para resolver grande parte das demandas de saúde da população. Dessa forma, os capítulos foram organizados de modo a proporcionar um encadeamento temático das leituras, a fim de despertar o interesse do leitor a aprofundar as reflexões oportunizadas pelos mesmos, iniciando com os capítulos que abordam diretamente a temática relacionada à APS no enfrentamento à pandemia de COVID-19, prosseguindo para os estudos que versam sobre as estratégias de fortalecimento da APS e por fim, para os estudos que abordam os diversos desafios cotidianamente enfrentados pelas equipes inseridas no sistema público de saúde do país. Por fim, deixo meus sinceros agradecimentos a todos (as) que aceitaram fazer parte de mais esse desafio coletivo, desde os (as) pesquisadores (as) autores (as) dos capítulos aqui publicados, até a equipe da Editora Amplla, por ter viabilizado as condições para que essa construção compartilhada de conhecimento se tornasse realidade e estive disponível para consulta de forma ampla a todos e todas. Considerando que este e-book constitui-se enquanto um mecanismo de luta e resistência coletiva em defesa do SUS e da garantia da saúde enquanto direito universal, fica aqui o convite à leitura e às reflexões propostas.
O presente estudo foi desenvolvido a partir de uma revisão bibliográfica, tendo como objetivo principal realizar uma discussão acerca da etimologia da palavra “cultura”, levando em conta a evolução histórica de sua concepção ao longo dos anos e seus aspectos polissêmicos e sociais. Considerando que é praticamente impossível rever a trajetória completa da palavra cultura, em virtude de suas diversas aplicações ainda existentes, faz-se imprescindível que se reconstitua a gênese social e a genealogia do conceito de cultura, se quisermos compreender o seu sentido atual e seu uso nas ciências sociais, estabelecendo os laços existentes entre a história da palavra “cultura” e a história das ideias. Dessa forma, o estudo foi organizado em duas partes, com a primeira abordando a evolução histórica do termo cultura, e a segunda, construída com o intuito de acrescentarmos algumas discussões acerca dos seus aspectos polissêmicos e sociais na contemporaneidade. Considerando as discussões apresentadas, fica evidente o quanto a concepção de cultura foi se modificando ao longo da história, sendo diretamente influenciada pelo modo de produção e de organização da sociedade, seus valores e crenças de cada época.
A dismenorreia primária é a queixa ginecológica mais comum entre mulheres, constituindo-se em um grave problema de saúde pública. Diante disso, este artigo tem como objetivo verificar a influência da dismenorreia primária na vida acadêmica de universitárias. Participaram desse estudo 111 universitárias, com idade entre 18 e 33 anos que responderam a um questionário on-line desenvolvido para esse estudo, contendo dados sociodemográficos, ginecológicos e obstétricos, queixas de dismenorreia, sintomas associados e a influência destes em seu cotidiano. As universitárias tinham idade média de 21,76 (±2,64) anos, sendo que 36 (32%) apresentavam dor menstrual moderada e 72 (65%) grave. De acordo com 90 (81%) participantes a dismenorreia primária interfere na sua produtividade acadêmica e/ou nas atividades propostas, sendo que 49 (44%) participantes relataram inclusive, já terem interrompido alguma atividade acadêmica devido à cólica menstrual. Diante do exposto, conclui-se que a dismenorreia primária influencia negativamente na vida dessas universitárias as quais, referiram redução do rendimento acadêmico e dificuldade de concentração nos estudos e, até mesmo, ausência nas aulas devido à dor, o que contribui para o aumento do absenteísmo discente.
Introdução: A incontinência urinária (IU) pode ser definida como qualquer perda involuntária de urina. Embora comum entre os senescentes, muitas vezes associada como parte natural do processo de envelhecimento, ela pode acometer homens e mulheres de qualquer faixa etária, e pelos mais variados motivos. Objetivo: Traçar o perfil sociodemográfico da população atendida na Unidade de Reabilitação das Disfunções do Assoalho Pélvico (UREDAPE), por queixa de IU, relacionando os principais fatores desencadeantes. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal e retrospectiva, realizada a partir da análise de 23 prontuários dos pacientes com queixa de IU, atendidos na UREDAPE-CE, no período de janeiro de 2015 a junho de 2016. Resultados: Após a análise dos prontuários, foi possível identificar que o perfil da população atendida é caracterizado, em grande parte, por idosas, com idade entre 60 a 79 anos (65,2%), multíparas, que já passaram por alguma intervenção cirúrgica que envolvesse a musculatura do assoalho pélvico. Apesar disso, foi possível identificar também, o atendimento fisioterapêutico a pacientes adultos jovens e de meia idade, de ambos os gêneros, com fatores desencadeantes associados ou não. Considerações Finais: Diante disso, faz-se necessário o desenvolvimento de novos estudos, de amplo espectro, a fim de traçar um perfil mais detalhado dos pacientes acometidos pela IU e investigar melhor os principais fatores desencadeantes, para que seja possível o planejamento de estratégias efetivas de prevenção e tratamento desses pacientes.
INTRODUÇÃO: No contexto universitário, o aluno assume atividades de elevado desempenho, exigindo dele concentração e esforço contínuo. A rotina de estudos é crescente e a cada semestre, torna-se mais constante e complexa, podendo constituir-se como um fator potencialmente estressor. OBJETIVO: Avaliar o nível de estresse de acadêmicos dos cursos da área da saúde, comparando esse nível entre os alunos dos cursos de Fisioterapia, Enfermagem, Nutrição, Educação Física e Psicologia e, relacionando-os com os fatores desencadeantes do estresse. MÉTODO: Estudo de caráter descritivo, transversal e quantitativo, realizado em um Centro Universitário situado no município de Fortaleza-CE, por meio da aplicação de um questionário sociodemográfico e do Questionário de Saúde Geral (QSG), instrumento com validação de acordo com Coeficiente alfa de Cronbach (?=0,840) para os 13 itens relacionados ao estresse psíquico. RESULTADOS: Participaram do estudo 73 alunos dos cursos de Fisioterapia, Educação Física, Enfermagem, Psicologia e Nutrição, sendo analisadas as variáveis relacionadas aos dados sociodemográficos e ao QSG. De acordo com os resultados obtidos, o nível de estresse dos universitários participantes não representava risco para os mesmos, no momento da coleta de dados. CONCLUSÃO: A grande maioria das respostas obtidas no QSG apontaram para um nível de estresse dentro da média habitual. Além disso, nos resultados não foram deflagradas associações significantes entre os indicadores produzidos pelo QSG e o questionário sociodemográfico, não sendo possível, portanto, realizar associações entre os dados sociodemográficos, enquanto potenciais fatores desencadeantes de estresse no contexto analisado.
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Em uma conjuntura nacional de aprofundamento da crise política e econômica no país, em que diversas medidas de cunho neoliberal vêm sendo implementadas, uma nova organização do ensino médio é propostanão só, ignorando os diversos problemas reais enfrentados cotidianamente pelas escolas brasileiras, mas também, evidenciando a lógica mercantilista com que a educação vem sendo conduzida ao longo dos anos no Brasil. Ressalta-se ainda, o contexto marcado por um cenário imbricado de interesses em disputa em que ela foi sendo formulada. Neste sentido, a reforma do ensino médio, aprovada através da Lei nº 13.415/2017, preconiza uma série de mudanças no mínimo, controversas, tendo como palavra de ordem a sugestiva e questionável flexibilização. Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo central discutir acerca deste cenário de disputas em que a reforma do ensino médio se apresenta, destacando a importância da educação em uma perspectiva emancipatória para a formação do indivíduo. A partir das discussões apresentadas, fica evidente a perspectiva regressiva adotada na formulação do novo modelo de ensino médio, que ignora a importância do relevante papel que pode ser desempenhado por ele na transformação social e no desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo dos estudantes. Nesse contexto de retrocessos, faz-se imprescindível e urgente, portanto, que a sociedade como um todo se organize, assumindo o protagonismo na luta pela manutenção dos direitos conquistados e pelo controle dos rumos da educação dos jovens brasileiros, na busca constante por uma sociedade mais justa e menos desigual.
Embora os conselhos de saúde tenham sido instituídos formalmente, pelo menos em tese, como um mecanismo de participação e controle social da formulação e operacionalização das políticas de saúde no Brasil, tem sido comum nos depararmos no cotidiano de trabalho, enquanto profissionais de saúde, com o sentimento de descrédito, de não pertencimento ou mesmo, não representação por parte da maioria dos usuários dos serviços de saúde. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo discutir acerca do papel desenvolvido pelos conselhos de saúde, como mecanismos formalmente instituídos para a participação e o controle social das políticas públicas de saúde no Brasil contemporâneo. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, realizada a partir de consulta a obras que versassem acerca da temática abordada. Concluiu-se que embora os conselhos de saúde representem um grande avanço no que diz respeito ao marco regulatório da participação social, e da instituição da democracia no país, a forma com que ele foi sendo instituído na prática faz com que, em diversas situações, ele possa ser considerado como um mecanismo falacioso de participação da comunidade. Sobretudo no contexto atual, em que o governo em curso no país empreende uma série de ações que atentam às formas já tão fragilizadas de participação e controle social legalmente constituídas.
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