As Festas da Batata, da Água, de Iraxao, da Princesa Turca, do Vulcão Popocatépetl, das Folias de Reis, de Santo Antonio, de São Jorge e de Nossa Senhora do Livramento dão o tom da primeira parte do Dossiê Arte em Festas na PROA 8.2. Com o grande número de contribuições recebidas na chamada, optamos por dividir os trabalhos aprovados em dois volumes distintos, sendo que nessa primeira seleção os artigos e ensaios visuais encontram na festa um local etnográfico privilegiado para pensar as corporalidades, as danças e as técnicas enquanto manifestações artísticas. É nesta toada que a capa traz desenhos de autoria de Anderson Pereira, um dos autores do dossiê, que ilustra os movimentos corporais da dança.
A revista PROA, em seu primeiro número do décimo volume, traz principalmente a música enquanto objeto e problema das reflexões de artistas e antropólogos. Nesse momento que os seres humanos parecem indiferenciáveis diante do contagioso e recentemente conhecido Sars-CoV-2, tudo parece muito resumido a questões epidemiológicas. No entanto, com e a partir da música, os autores do dossiê “Música enquanto prática decolonial” problematizam a configuração da modernidade expondo a colonialidade que a engendra, o que implica questionar poderes criadores do mundo globalizado. Um dos efeitos mais notáveis e atuais do processo é o espraiamento da rede de contágio do vírus desacompanhado da paralela equalização das condições de combate à doença. Isto é, se um mundo pandêmico nos obriga a refletir sobre desigualdades, logo sobre poderes, a música faz nada menos e, ademais, favorece introduzir uma perspectiva de ruptura aos desaparecimentos a que são condenados conhecimentos, práticas, pessoas ou tudo aquilo que não é hegemônico.
É com satisfação que disponibilizamos ao público a edição PROA 8.1. Na seção de fluxo contínuo, o artigo de Ana Paula Campos analisa como as festas de Exu, em terreiros cariocas, são campos privilegiados para análise da incorporação enquanto fenômeno artístico. As pesquisadoras chilenas Carla Pinochet e Margarita Gomez exploram as reverberações entre arte e antropologia no artigo “Investigación en arte y antropología: una experiencia de colaboración interdisciplinaria”, a partir de uma etnografia de um programa educacional com crianças em Santiago. A obra do artista cearense Leonilson Bezerra Dias é abordada no artigo “Tramas narrativas, um mergulho com o artista Leonilson”, de Karlene Andrade e Juliana Chagas, pelo viés da sua trajetória e das relações que estabeleceu em vida. O artigo “Performances culturais nas telenovelas” recupera as avaliações críticas sistematizadas dos constituintes que fazem da telenovela brasileira uma performance cultural, por meio de elementos associados, principalmente, ao seu contexto social, histórico e cultural. E por último, Luciane Coccaro analisa o espetáculo A Sagração da Primavera de Igor Stravinsky a partir dos conceitos de arquivo, repertório e roteiro. Na seção de Ensaios Visuais, Denise Pimenta traz um experimento fotográfico e metodológico desenvolvido na Serra Leoa, através do uso da câmera Polaroid com um grupo de onze interlocutores de sua pesquisa de doutorado.
Carlos Rodrigues Brandão é antropólogo, mas também psicólogo. Com ampla trajetória acadêmica, a lista de universidades do Brasil e do exterior às quais esteve e está vinculado é vasta o suficiente para inibir nossa tentativa de reproduzi-la. Mas, aparentemente, foi na Universidade Estadual de Campinas que construiu a maior parte de sua trajetória, ainda inacabada, afinal, continua produzindo. Referência obrigatória para os estudiosos, principalmente do mundo rural e da Educação, Brandão escreveu livros que enveredam para além da Antropologia, versam sobre temas ligados à Arte, ao Meio Ambiente e à Literatura, inclusive a infantil. O Humano com toda sua potência de vida múltipla é matéria de pensamento do autor, como fica evidente no curso livre e aberto que, atualmente, coordena em seu sítio em Caldas, no Sul Mineiro. Nas palavras dele, um curso que é um “encontro entre pessoas sobre o mistério da pessoa”.
Este dossiê é um desdobramento do debate que coordenamos nas Jornadas de Antropologia John Monteiro de 2018. Mas nem o dossiê, nem o debate seriam possíveis sem os exercícios antropológicos que nos precederam e nos inspiram na reflexão cruzada aqui empreendida. O que denominamos como reflexão cruzada é o experimento ensaístico que propomos a partir de estudos realizados junto a distintas coletividades e que são compreendidas em diferentes campos da Antropologia, mas que, a despeito desse fato, são analiticamente aproximáveis em razão das dinâmicas que protagonizam.
O dossiê "Desenvolvimento e populações indígenas" procura oferecer novas possibilidades interpretativas sobre a noção de “desenvolvimento” a partir de sugestões advindas de experiências e pontos de vista ameríndios.
A PROA está fazendo aniversário! Com o primeiro número publicado em 2009, a revista chega ao volume 9.1 e sentimos um imenso prazer em dividir com os leitores deste periódico o resultado de uma década de trabalho. Assim como muitos outros rituais de passagem, o aniversário de 10 anos da PROA exprime a confluência de diversas trajetórias intelectuais e, inevitavelmente, nos faz pensar no difícil percurso das revistas acadêmicas organizadas por estudantes de pós graduação de universidades públicas brasileiras. No momento em que cortes de recursos destinados ao ensino superior convivem, paradoxalmente, com um aumento acima da média da produção científica nas ciências humanas e sociais, nos parece de extrema importância refletir sobre o papel dos pesquisadores e das universidades neste tipo de trabalho.
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