Nos casos do México e do Peru assistiu-se a uma polarização ainda mais clara, comparativamente aos demais países, de posicionamento entre distintos setores políticos e de grupos de interesse em torno do tema dos tratados comerciais.Embora seja precoce afirmar, sem o respaldo de pesquisas empíricas sistemáticas, que a políti-ca externa -seja política comercial no sentido mais amplo ou política de integração regional de modo mais específico -tenha se tornado determinante do voto, é válido dizer que a centralidade que esses temas ganharam no debate não tem precedente histórico. No marco desta sensibilização política, difunde-se, nos meios acadêmicos, diplomáticos e jornalísticos, a tese de que a convergência de governos de esquerda na América do Sul ampliaria significativamente as perspectivas da integração regional.
Public opinion plays a growing role in foreign policy formation in democratic societies. In this study, we use survey data from The Americas and the World project to establish whether Latin Americans share a common regional identity, and regard Brazil as a regional leader. Our results indicate that the majority of Brazilians do not identify themselves as Latin Americans. Moreover, while they believe their country is the most suitable candidate for regional leadership, they are unwilling to bear the costs of assuming such a role. Our study also explores perceptions of regional identity and Brazilian leadership in other Latin American countries, based on their own respective power aspirations. It shows that less powerful Latin American nations recognise Brazil as a regional leader, but citizens in middle powers, like Argentina and Mexico, still believe their countries should play a prominent regional role.
Este artigo busca analisar as razões motivadoras da parceria no jogo das negociações comerciais multilaterais. O objetivo é contribuir para a compreensão mais ampla sobre as bases (doméstica e internacional) do processo de constituição de coalizões internacionais, ou parcerias, de tipo Sul-Sul no novo contexto da agenda multilateral. Tal processo tem ocupado papel central na dinâmica das negociações multilaterais e regionais de comércio, particularmente no que tange às perspectivas do reequilíbrio de forças centro-periferia do sistema internacional. A reabertura de uma nova rodada de negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), com foco justamente nos novos desafios temáticos sobre comércio internacional e caminhos para o desenvolvimento, reintroduz a centralidade do papel das coalizões e alianças de tipo Sul-Sul. Este artigo analisa a convergência e divergência de interesses comerciais entre Brasil, Índia e África do Sul, dentro do quadro de interesses político-estratégicos mais amplos, mostrando que os aspectos meramente comerciais não dão conta de explicar os tipos de alinhamentos produzidos no interior da arena multilateral de comércio.
Civil society plays an increasingly important role in the formulation of foreign policy in emerging countries. This article investigates whether public opinion is sensitive to framing effects regarding foreign policy. Data from a survey experiment with a sample of 1,530 students at the Universidad de Buenos Aires and the Universidad Nacional de Avellaneda, we find that participants are sensitive to framing effects on foreign affairs. The interviewees changed their preferences when stimulated by information regarding Brazilian economic growth and military expenditure in comparison with Argentina. In turn, this effect was more pronounced among a) people who tend to stay less informed regarding foreign affairs and b) individuals who are more nationalistic.
IntroduçãoEste artigo analisa os índices de unidade partidária nas votações nominais de temas de política externa de seis países latino-americanos: Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai e Peru. O objetivo central é comparar os índices de unidade partidária nas votações de política externa e doméstica, testando a hipótese da especificidade da política externa no que tange ao comportamento legislativo na América Latina.O comportamento legislativo representa um fenômeno de grande interesse para a compreensão do funcionamento das democracias representativas. No caso das democracias latino-americanas, uma grande proliferação de estudos empíricos buscou compreender as implicações e determinantes do comportamento legislativo na formulação das políticas pú-blicas em geral. Um aspecto relevante, porém ainda pouco explorado, é o estudo do comportamento do legislador latino-americano desagregado pelo tema da política. Alguns temas são mais importantes do que outros para os partidos, estes se comprometem com aqueles mais relevantes para seus eleitores (Traber, Sciarini e Hug, 2010). Dentre as diversas áreas temáticas tramitadas nos Legislativos nacionais, a política externa apresenta uma característica única que suscita distintas interpretações acerca do comportamento legislativo na temática. A diferença central entre as políticas doméstica e internacional 1 reside no paradigma clássico das relações internacionais: enquanto na primeira há a existência de um Estado nacional capaz de legislar e garantir a ordem em suas fronteiras, na segunda há a ausência de uma entidade supranacional, caracterizando o sistema internacional como anárquico (Aron, 1985).Essa distinção pode produzir incentivos específicos aos legisladores, influenciando as estratégias
IntroduçãoO impacto do regionalismo comercial nos processos de conformação de arranjos regionais e globais na área de segurança é um tema que, pela relevância para as relações internacionais, tanto em termos teóricos quanto conjunturais, merece ser melhor aprofundado. O objetivo deste artigo é analisar a evolução de um regime hemisférico de segurança tendo em vista duas questões fundamentais. A primeira diz respeito ao impacto do Mercosul no equilíbrio geopolítico continental. A segunda, derivada desta primeira, diz respeito ao papel do Brasil como atorchave na conformação deste arranjo hemisférico de segurança. O pressuposto básico do trabalho é que, em função da sua posição relativa no sistema hemisférico, como liderança inconteste do Mercosul e em menor medida -mas ainda assim significativa -da América do Sul, a conformação de um arranjo continental de segurança depende da atuação do Brasil na região.Se levarmos em conta o peso que o regionalismo adquiriu no reordenamento do poder mundial e as mudanças qualitativas no conceito de segurança internacional no pós-Guerra Fria, os países com recursos de poder para liderança regional ganham novo destaque. Com a despolarização hegemônica, tanto os conflitos passaram a ocorrer, de forma prevalecente, no âmbito regional, quanto as perspectivas de cooperação ampliaram-se a partir do avanço dos processos de integração subregional. É como se fosse consubstanciado o cenário de "multipolaridade com integração cooperativa ou seletiva", conforme definido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (do Brasil) 1 : "cenário [que] se funda na prevalência do livre mercado, bem como de regimes democráticos, pelo menos entre a maioria dos 'países-pivôs' de uma ordem poliárquica. (...), o ator hegemônico militar unipolar se retrai gradualmente, restringindo-se a compor um sistema internacional protagonizado por grandes blocos regionais ou temáticos de países que atuam de forma eclusionária, Rev. Bras. Polít. Int. 43 (2): 108-129 [2000]
RESUMOA perspectiva dos poderes emergentes em influenciar a ordem internacional depende, em grande medida, da capacidade de ação coletiva. É necessário que esses países sejam capazes de gerar coesão de posições no âmbito dos regimes e organizações internacionais. Caso não consigam forjar coordenação, é improvável que consigam ampliar o poder de barganha para além do que já detêm individualmente. Este artigo tem por objetivo analisar o peso das coalizões regional e globais como elemento indutor da coesão de comportamento em arenas multilaterais. O Brasil é tomado como país de referência. Analisa-se a evolução do grau de convergência do posicionamento do Brasil na Assembleia Geral da ONU (AGNU) com três grupos de países: Mercosul, BRICS 1 e potências nucleares. A análise cobre o período de 1946 e 2008. Procura-se entender o peso específico das coalizões como elemento indutor de maior convergência de posicionamento na AGNU. A mensuração da afinidade entre Brasil e potências nucleares serve como grupo controle, tendo em vista o fato de que tanto Mercosul -no plano subregional-quanto BRICS -no plano global-são coalizões motivadas em contrabalancear o peso hegemônico norte-americano na ordem internacional.
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