Resumo O presente trabalho tem como objetivo analisar perfis sociais e padrões de carreira do corpo diplomático brasileiro, tendo como parâmetro de comparação e referência o artigo de Zairo B. Cheibub (1989). Em relação aos perfis, notam-se o aumento médio da idade de ingresso, mudança dos nascidos no Rio de Janeiro para São Paulo, sutil alteração em gênero e raça, crescente entrada de formados pela Universidade de São Paulo e a Universidade de Brasília, e a liderança relativa dos bacharéis em direito. Para os padrões na carreira se comparam os tempos de promoção médios à elite diplomática (segundos ministros e embaixadores) entre as categorias sociais e demais variáveis institucionais. Apenas as últimas se destacam e o tempo médio de promoção aumenta, em ambas as hierarquias, para aqueles que possuem mais de uma passagem por postos diplomáticos de classes B e C. Já os segundos ministros que foram nomeados para cargos de confiança (DAS) sugerem ter seus tempos de promoção à elite, em média, diminuídos. Ambas as parcelas do trabalho apontam que as manutenções do perfil e dos padrões de carreira superam as mudanças no MRE.
Este artigo busca analisar as razões motivadoras da parceria no jogo das negociações comerciais multilaterais. O objetivo é contribuir para a compreensão mais ampla sobre as bases (doméstica e internacional) do processo de constituição de coalizões internacionais, ou parcerias, de tipo Sul-Sul no novo contexto da agenda multilateral. Tal processo tem ocupado papel central na dinâmica das negociações multilaterais e regionais de comércio, particularmente no que tange às perspectivas do reequilíbrio de forças centro-periferia do sistema internacional. A reabertura de uma nova rodada de negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), com foco justamente nos novos desafios temáticos sobre comércio internacional e caminhos para o desenvolvimento, reintroduz a centralidade do papel das coalizões e alianças de tipo Sul-Sul. Este artigo analisa a convergência e divergência de interesses comerciais entre Brasil, Índia e África do Sul, dentro do quadro de interesses político-estratégicos mais amplos, mostrando que os aspectos meramente comerciais não dão conta de explicar os tipos de alinhamentos produzidos no interior da arena multilateral de comércio.
In recent years, China has expanded its presence in Latin America leading to increased trade flows, foreign direct investment, and bilateral cooperation agreements. At the same time, Brazil has attempted to emerge as a global player from its belief in itself as a regional leader. While both countries are part of the emerging South, they are also competing for influence in the South American area. We hypothesize that for MERCOSUR members, deepening commercial ties with China would be a viable option to counterbalance Brazil’s regional leadership, using Uruguayan legislators preferences as a tool for our study. Using logistic models, we conclude that that the probability of supporting a hypothetical free trade agreement with China is larger when politicians viewed MERCOSUR as an obstacle to the interests of his or her country and when he or she had doubts about Brazilian
The objective of this article is to contribute to the further comprehension of the basis of the formation of international coalitions, or partnerships, of the South-South-type in the new context of the multilateral agenda, taking as an indication of the preferences of such countries the adopted positions in key international arenas. As can be observed the first arrangements of the new round of WTO negotiations, the Doha Round, the coalitions are going to have a central role. In those, the leadership of the regional powers from the South or of intermediate countries will be fundamental. The cooperative efforts of this nature have already consubstantiated with the formation of a series of coalitions, primarily the G-20 or G-3 (IBSA, India-Brazil-South Africa coalition). The convergence of international trade interests at the IBSA is clearly counterintuitive in the efforts of building international coalitions. Indeed, the rationale of the formation of the India-Brazil partnership demands an explanation that centers simultaneously on a deeper and systematic comprehension of the economic interests of both countries and on other interests that go beyond those trade questions.
A percepção de que a política externa deve ser analisada desde a perspectiva dos tomadores de decisão no âmbito doméstico ganhou força no cenário acadêmico 1 . Os fatores internacionais, notadamente a estrutura do sistema internacional, não são capazes de explicar toda a complexidade envolvida na interação entre os Estados, tampouco apontar as variáveis determinantes na adoção de determinada política externa. Nem mesmo a formulação da política de segurança nacional, tradicionalmente analisada desde a perspectiva teórica estruturalista 2 , pode ser plenamente compreendida enquanto um resultado advindo de uma unidade de decisão concentrada (Estado Nacional) que não gera incoerências na definição de seus interesses.O estudo de Fordham (1998) é um excelente exemplo entre aqueles que conferem peso específico à dimensão doméstica do processo decisório em política externa. O autor argumenta que interesses econômicos conflitantes, mediados por partidos políticos, ajudaram a moldar a política de segurança nacional norte-americana no início da Guerra Fria. Assim, senadores cujos estados predominavam investidores no Terceiro Mundo, bancos atuantes na Ásia e indústrias que competiam com produtos similares importados tendiam a se opor à custosa e ambiciosa política de segurança nacional da administração Truman. Em con-
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