No contexto atual brasileiro, o crescimento econômico recente e a estabilidade política têm proporcionado uma retomada da noção de desenvolvimento ao centro do debate, via de regra mediante a transformação de "recursos naturais". Contudo, o protagonismo desta noção não traz consigo uma unanimidade a respeito de seu significado - inversamente, são vários os grupos sociais que questionam o tipo de desenvolvimento a ser estimulado, ou até mesmo a necessidade de se desenvolver, deslocando para o centro do debate a relação com a natureza nele implicada. A partir de pesquisa de campo sobre o conflito ambiental em torno da construção daquela que pretende ser a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, analisa-se as relações sociedade-natureza como chave na interpretação dos processos de desenvolvimento, especialmente no que diz respeito à definição de quem são os sujeitos habilitados a intervir nos rumos desses processos.
A problemática ambiental constitui, atualmente, um importante espaço catalisador e produtor de valores regulatórios da vida humana e não-humana na biosfera terrestre. Porém, o que faz com que esta temática adquira tamanha envergadura em relação à sua identificação como problema social importante? A hipótese lançada aqui é a de que por trás desta difusa sensibilidade ambiental encontra-se em processo a configuração de um campo ambiental relativamente estruturado, no qual se busca, cada vez mais, a legitimidade para tratar das discussões sobre tudo aquilo que diz respeito ao meio ambiente. Neste sentido, tal espaço de lutas simbólicas tende a concentrar confrontos em torno do reconhecimento de certas ações e modos de pensamento, sendo que o que está colocado em jogo, neste caso, são as próprias percepções acerca do que seja o meio ambiente e, em contrapartida, as relações ontológicas construídas entre seres humanos e natureza. Com isto, a paulatina estruturação de um campo ambiental - este último funcionando como um amplo, dinâmico, instável e heterogêneo espaço de debate e de ação - tende a fazer com que determinados conceitos e práticas possam naturalizar-se e, concomitantemente, serem reconhecidas como "ambientalmente corretas". Em suma, a constituição deste domínio prático/discursivo irá concentrar os agentes e suas disputas sobre que saberes, comportamentos e procedimentos deveriam ser instituídos como sendo os mais "adequados" do ponto de vista ambiental. Entretanto, nesta perspectiva, o que seria visto (e adotado) como ambientalmente "correto" ou "adequado" está, desde já, em disputa.
RESUMOEste é um ensaio que tenta "problematizar" a prática agroecológica, particularmente no que se refere ao seu potencial de transformar o social através de um movimento capaz de provocar alterações mais profundas nas formas de produção e de vida na agricultura e em sociedade. Além de apresentar e discutir seus limites, este trabalho também reflete sobre as potencialidades da agroecologia enquanto movimento social. Palavras-chave: Agroecologia, movimentos sociais rurais, agir conflitual.
ABSTRACTThis paper tries to render questions about the agroecological practice, particularly in what refers to its potential to transform the social through a movement capable of provoking deeper changes in production and life patterns in agriculture and in the society. Besides presenting and discussing its limitations, this paper also brings questions about the potentialities of agroecology as a social movement.
Este artigo tem por objetivo contextualizar a concepção de ambiente como domínio de análise sociológica, com vistas a situar os conflitos ambientais como um de seus importantes desdobramentos. Para tanto, será apresentada inicialmente uma revisão de autores e pesquisas em sociologia ambiental com seus distintos enfoques, acompanhada da consideração de outras áreas da sociologia que se debruçaram sobre a relação sociedade-natureza no cenário internacional. Em seguida, será discutido como no Brasil este debate vem sendo realizado e com quais particularidades, direcionando a centralidade do enfoque para o debate acadêmico em torno do conceito de conflitos ambientais.
Esta breve introdução aos Estudos Sociais em Ciência e Tecnologia (ESCT) propõe expor os temas mais correntes e as distintas abordagens teóricas que fazem parte deste campo ainda novo de pesquisa. Busca-se fornecer um painel das disputas no exterior do campo, entre sociólogos e epistemólogos, e, no interior do campo, entre as distintas perspectivas sobre ciência e tecnologia que hoje ocupam sociólogos, antropólogos e cientistas políticos na composição deste rico cenário de pesquisa social.
Este texto se propõe a refletir sobre as principais contradições e os limites da avaliação realizada nos programas de pós-graduação submetidos à Comissão de Avaliação Interdisciplinar (CAInter/Capes). Algumas das inquietações se relacionam à busca pela qualidade na produção de conhecimento nesses programas; por um lado, vinculandose à organização dos currículos, à composição do corpo docente e discente, à dinâmica dos grupos de pesquisa, às condições de elaboração de dissertações, teses e pesquisa em que a multi e a interdisciplinaridade se colocam como meta; pelo outro, ao Sistema de Avaliação a que os programas estão submetidos e têm na disciplinaridade sua gênese. As conclusões apontam principalmente para a necessidade de discutir alternativas à forma de avaliação disciplinar, sob pena de inviabilizar aspossibilidades de construção de conhecimentos que visam estabelecer diálogos entre distintas áreas científicas.
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