RESUMO
Como parte do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, os Consultórios na Rua e suas equipes foram criados tendo como função prioritária o desenvolvimento de cuidados primários e a garantia de acesso às ações e serviços de saúde para populações em situação de rua no próprio ambiente da rua, criando vínculos dessa população com outros serviços que não sejam somente de urgência e emergência. Seu escopo de atividades envolve, além da atenção, a proteção contra os riscos a que essa população está exposta, combinada com a busca da garantia de seus direitos. Nesse sentido, os Consultórios na Rua buscam efetivar a equidade e o acesso a ações e serviços de saúde para uma população sem domicílio fixo dentro de um sistema baseado essencialmente na adscrição territorial da população. Assim, a criação do Consultório na Rua inaugura novos modos de cuidar em saúde e, consequentemente, novos modos de fazer a gestão do processo de trabalho. A partir dessa articulação entre cuidado e gestão, o presente artigo discute três planos de intervenção onde se dá a prática das equipes de Consultório na Rua – a própria rua, a sede/unidade de referência e as redes institucionais –,sua relação com os demais serviços de atenção primária à saúde (APS) e a sua contribuição para reconciliar a APS com os seus atributos fundamentais, para além da adscrição do território geográfico.
Este artigo pretende evidenciar uma linha de conexão entre as seguintes práticas: do apoio, das equipes de Atenção Básica e do cuidado com a população em situação de rua no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A partir do que entendemos ser o objeto de cada uma dessas práticas, os territórios de vida, faremos uso do conceito de “território existencial” de Felix Guattari, buscando afirmar certa lógica de relação com esse objeto. Essa lógica permeia tanto a prática do apoiador quanto o trabalho dos serviços de Atenção Básica. Para evidenciar essa linha de conexão, tomamos como analisador algumas questões colocadas no cuidado em saúde com a população em situação de rua.
Este texto tem função de expressar, apresentar e discorrer acerca da experiência do projeto “Saúde em Movimento nas Ruas”, também conhecido como ESF POP RUA. Este serviço serviu de modelo para as Equipes de Consultório na Rua do Ministério da Saúde. No ano de 2010, ano de sua implementação, se configurava como um serviço híbrido e inédito, serviço que reunia Atenção Básica em saúde, Saúde Mental e Redução de Danos. Desde sua implementação o serviço vem se constituindo como uma referência em saúde pública para população em situação de rua nas redes de políticas públicas na cidade do Rio de Janeiro. A experiência é contada a partir da ótica do gerente técnico da equipe, em seu primeiro ano de implementação.
Neste texto ensejamos pensar implicações que estão em jogo na clínica operada no âmbito das equipes de “Consultório na Rua”. Este novo dispositivo da Atenção Básica coloca novos desafios ao SUS no sentido da intensificação de suas diretrizes e da ampliação e qualificação de seus olhares. Para pensar o que está implicado no cuidado de uma modalidade de serviço muito nova vamos nos utilizar da experiência de implementação de um serviço muito similar ao modelo do Consultório na Rua, e que serviu como base para a idealização do mesmo: o ESF POP RUA, implementado em 2010, no município do Rio de Janeiro em dialogo com uma experiência do Consultório na Rua do município de Campinas-SP.
ResumoEste artigo é resultado de uma pesquisa acerca do tema do cuidado em um dispositivo da política de assistência social para crianças e adolescentes em situação de rua na cidade de Porto Alegre, no ano de 2007, que resultou em uma dissertação de mestrado em psicologia. A partir da experiência prática de um dos autores como psicólogo do dispositivo Ação Rua, analisamos os modos de relação que se estabelecem entre aquele que intervém e o território existencial alvo da intervenção. O trabalho distingue diferentes modos de relação que caracterizam práticas de cuidado ou de controle. Os modos de relação no dispositivo são abordados a partir da análise de cenas do diário de campo, entendendo que isso que está sendo denominado por modos de relação é uma dimensão decisiva na produção das práticas no dispositivo em questão.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.